Sabe... a edição que mais me deu raiva foi a 34. O fim da edição 30, “o
mundo Do Contra – parte 2”,
foi meio ridículo mesmo, mas foi esperado. Em momento algum eu tive esperança
de que a Mônica e o DC fossem ficar juntos, então nem esquentei a cabeça quando
ele deu o fora nela. Ridículo? Sim. Porém previsível.
Só que com a edição 34 foi diferente. Quando fizeram o anúncio, a bobona
aqui pensou que os dois fossem se entender de vez e ficar juntos, então eu não
esperava aquele final decepcionante. Eles fizeram o maior show pirotécnico em
volta dessa edição e o final foi aquela porcaria elevada a enésima potência.
Bem... não é exatamente disso que eu quero falar e sim de outra coisa. Eu já
vi, centenas de vezes, mulheres sofrendo por causa de homens indecisos, que
nunca tomam nenhuma atitude, enrolam por uma eternidade e elas não conseguem se
desligar deles. O cara é tipo um mosca de padaria: não come e nem sai de cima.
Ele nunca toma uma decisão, não assume o namoro e sempre deixa a mulher no
vácuo.
Quando ela decide seguir em frente e ser feliz com outra pessoa, eis que o
mosca de padaria aparece para confundir a cabeça dela de novo, fazendo-a
acreditar que ele quer sim algo sério e ficar com ela. Só que quando ela cai
nessa conversa, o sujeito se afasta de novo e o jogo de gato-e-rato recomeça.
De certa forma, é isso que eu estou observando no relacionamento entre a Mônica
e o Cebola. Ele não se decide e também não deixa que ela siga em frente com
outra pessoa. Ela deixou isso bem claro na edição 34, e quando Magali lhe
aconselhou a se libertar, ela falou que não estava forte o suficiente para
abrir mão do Cebola.
Normalmente eu acharia isso patético, digno das mulheres que freqüentam o
grupo do MADA, mas dessa vez eu dei um desconto porque ela só tem 15 anos, não
dá para esperar muita coisa mesmo. E, claro, se a Mônica desencanasse do Cebola
e seguisse em frente, as vendas da revista iriam despencar e a MSP jamais vai
querer isso.
O que eu quero dizer é o seguinte: nas revistas, tudo pode acontecer porque
é um mundo imaginário. Os personagens farão aquilo que os escritores quiserem
que eles façam. Porém, no mundo real as coisas funcionam de outra forma. Quando
um homem não se decide, não assume o namoro e não toma nenhuma atitude, é
porque ele não está afim. Fato.
Quem ama, quer ficar perto, ouvir a voz da pessoa amada, ter a presença,
sentir o cheiro, o toque... quem ama não quer ficar longe correndo o risco de
perder a pessoa. Quando uma pessoa (seja homem ou mulher) ama, está feliz e
curtindo o namoro, ela não termina por simples bobagens. Muitas vezes, não
terminam nem pelas grandes. Quem ama não desiste facilmente de um
relacionamento só por causa de um desentendimento. Foi o que o Cebola fez.
Quando descobriu o plano da Mônica, simplesmente achou mais fácil terminar
porque sua baixa auto-estima não suportou ser vencido por um plano dela. Ao
invés de lutar pelo namoro dos dois, de procurar uma forma de resolver aquilo,
ele apenas achou mais fácil fugir da luta com aquela desculpinha esfarrapada de
derrotá-la.
Na vida real isso não existe. Quem ama de verdade não abre mão de um
relacionamento que está bom por causa de bobagens como essa. Quando a pessoa ama,
ela luta, se esforça e tenta contornar os obstáculos e resolver os
desentendimentos.
Então, meninas, essa conversa do Cebola pode ser bonita nas histórias, mas
na vida real isso não existe. Nas histórias tudo pode ser feito de acordo com a
vontade dos criadores, então é claro que o Cebola a ama de verdade, porque é
assim que seus criadores querem.
Pode até ser bonita e romântica a atitude dele de querer estar à altura
dela, de ser bom o suficiente para merecê-la e por isso preferir só começar o
namoro quando estiver preparado. Claro que tudo isso é só coisa da cabeça dele,
já que a Mônica não faz nenhuma exigência desse tipo. E caso isso seja
realmente importante, ele pode se esforçar para merecê-la sendo um bom
namorado, presente, carinhoso, que incentiva e apóia. Ele poderia continuar
trabalhando nisso durante o namoro. Mas... nós sabemos que isso só uma história
e toda história tem que ter uma trama. Por que simplificar se podemos
complicar? É a complicação, os desencontros e o suspense que faz vender as
revistas.
Por outro lado, em uma situação real quem ama não termina, não quer ficar
longe e não desiste de um relacionamento que está bom por causa de bobagens
como aquela. Esse tipo de relacionamento pode até dar certo nas historias
fictícias, mas no mundo real o buraco é mais embaixo.
O relacionamento estava bom, ele estava curtindo aos montes e estava feliz,
só que preferiu acabar com tudo porque achou que a questão de derrotar a Mônica
era mais importante do que o namoro dos dois e seus sentimentos por ela.
Ele achou ruim por ela ter feito um plano? Se isso fosse razão para terminar
o namoro, então a Mônica não estaria sequer conversando com ele. Se ela fez um
plano contra ele, ele fez trocentos contra ela. Colocando tudo na balança, ele
ganha disparado.