Olha, vocês não sabem a força que eu tive que fazer para
conseguir ler essa história. Caramba, é impressão minha ou eles pegaram toda a
chatice do Cebola e juntaram tudo numa revista só? E ainda colocam uma história
de desafio? Outra vez?
Ultimamente as histórias dele tem andado meio repetitivas. A
maioria vem com qualquer coisa sobre jogo/desafio e aquele eterno mimimi entre
ele e a Mônica. Aff...
O foco da história, ao que parece, é o conflito de idéias
entre pais e filhos, coisa que todo mundo já conhece. Quem nunca se desentendeu
com os pais, achando que estava certo e eles caretas e errados? O mais
engraçado é que a gente sempre critica nossos pais por fazerem determinadas
coisas e no fim acabamos repetindo tudo praticamente do mesmo jeito. Aí
aprendemos a entender o lado deles e quanto sofriam com a gente. E chatice de
adolescente não é fácil não, viu? Se bem que eu sou childfree (não pretendo ter
filhos), então dessa eu estou livre.
Essa parte foi bem ilustrada na relação do Cebola com o pai
dele. Achei legal o Seu Cebola ter aparecido mais na história e mostrado sua
personalidade. E o Cebola se comportou como típico adolescente arrogante que se
acha o rei da cocada preta, mas quando a coisa fica feia corre para o colinho
do papai. É sempre assim...
O jovem acha que pode tudo, mas não é capaz de arcar com as
conseqüências dos seus atos e precisa correr para os pais. Com o Cebola também
não foi diferente e gostei de ver como ele quebrou a cara ao ver que não ia ter
condições de cumprir aquele desafio sem nenhum treino.
Aliás é até engraçado ver alguns adolescentes se achando tão
independentes, sabem de tudo, podem todo, não recebem ordens de ninguém e por
outro lado dependem do sustento dos pais para sobreviverem. Uma dica: querem
mandar nas suas vidas? Paguem suas contas. Quem vive de mesada pode ser tudo,
menos independente e livre.
Numa coisa o Toni estava certo: temos que reconhecer nossos
limites e o Cebola, que se acha tão inteligente, não foi capaz de reconhecer os
dele.
Também houve o conflito entre ele e a Mônica. Foi nessa
parte que eu parei porque fiquei com um nojo tão grande, tão grande, MAS TÃO
GRANDE que precisei parar antes que tomasse raiva de ler a revista. Mas até que
teve uma coisa boa aí.
Agora ninguém mais pode criticar a Mônica por fazer barraco
quando vê o Cebola com outra garota porque ele fez a mesma coisa e já veio
gritando e se achando o dono dela. E mesmo quando ela tentou explicar que só
queria pedir uma informação ao Toni, o Cebola não ouviu nada e ficou só
reclamando disso e daquilo. Bem, agora que ele fez a mesma coisa, perdeu a
moral pra falar dela.
Só que teve uma coisa que me chamou a atenção: foi quando o
Cebola disse “Pelo jeito, você só perdoa
os erros passados dos outros”. Oi? Até onde sei, o rancoroso da história é
ele, que por causa do que aconteceu na infância não consegue namorar com a
Mônica sem resolver aquela besteira de derrotá-la.
Eu não vejo a Mônica por aí de choradeira porque o Cebola a
chamava de gorducha, baixinha e dentuça. Para ela, isso nunca interferiu em
seus sentimentos a ponto de não querer namorar com ele. Muito pelo contrário,
ela sempre perdoou suas pisadas na bola e voltava a ficar numa boa com ele. E
agora o Cebola vem acusá-la de ser rancorosa? Oi?
Outra coisa que achei interessante foi o seu Cebola não
concordar que a Mônica tenha falado com o seu filho as mesmas coisas que ele
falou, porque ouvir do pai é uma coisa, da “namorada” é outra. Ué, então só por
ser “namorada” não pode falar nada? Quer dizer que quando o sujeito resolver
fazer alguma idiotice, ela tem que concordar e achar lindo?
Quando a Mônica tentou impedir o Cebola de aceitar o
desafio, ela estava tentando ajudá-lo. Não se trata de confiar ou não nele e
sim e bom senso. Ele pretendia acampar em uma montanha onde até caras mais
experientes se machucaram. Então por que ela deveria acreditar que o Cebola,
sem ter experiência nenhuma, ia conseguir alguma coisa? Se ele tivesse mais
tempo para treinar da forma correta e se exercitar aí seria outra história. Mas
não, ele pretendia fazer tudo praticamente sem preparo, usando só a
inteligência. Sem chances.
Não dá para aprender essas coisas em uma semana. Com um
prazo tão curto, só se fosse uma atividade mais leve, o que não era o caso
desse desafio. Então sim: foi uma idiotice. E ninguém é obrigado a concordar com
a idiotice dos outros.
Claro, muitos vão se lembrar da Ed. 25 “Desafio sobre
patins” onde a Mônica acabou aceitando o desafio da Luisa e do Felipe. Só que
tem uma diferença bem grande entre os dois desafios: não era algo que podia
colocar a vida dela em
perigo. Simples assim. Foi idiota e sem noção da parte dela
desafiar dois campeões mundiais, não nego, mas a pior coisa que poderia
acontecer era ela perder e ter que cumprir as ordens do Felipe e da Luisa.
Ninguém ia morrer por causa disso. Entendem a diferença?
Não se trata de “faça o que eu digo, mas não faça o que eu
faço”. O Cebola vive reclamando que a Mônica é orgulhosa e cabeça dura, mas ele
também não fica nem um pouco atrás né? Aliás, ele é pior do que ela porque não
é capaz de admitir os próprios defeitos. A Mônica sabe que é impulsiva e cabeça
quente, mas ele parece ser a mesma coisa e não aceita.
O que eu gostei mesmo foi quando chegou na parte do Cascão
metendo a real nele. Bem feito, quebrou a cara bonito! E mesmo assim não
admitiu que estava fazendo papel de idiota. E o Cascão está ficando esperto,
heim? Mesmo sendo avoado e sem noção ele percebeu que Cebola tinha caído na
própria armadilha porque tentou desafiar o Toni e acabou sendo desafiado. Bem
feito para ele que aceitou o desafio contando com a ajuda do Cascão e se deu
mal. Sem falar que fiquei surpresa de ver o Cascão se negando a participar de um
plano do Cebola. Se tivesse feito isso na infância, teria apanhado muito menos.
Eu achei o Cascão tão legal que acabei ficando com pena dele
quando a Cascuda fez pouco caso dando a entender que o Toni era mais bonito.
Isso sim foi algo ridículo de se dizer. Na Ed. 54, eu tinha ficado zangada quando
o Cascão ficou comparando ela com a Amanda. Agora não fico mais. Ela mereceu
por ser tão chata.
O restante da história até que deu para levar numa boa
quando o Cebola parou com os seus chiliques de “eu sei tudo, não preciso de ninguém e faço o que quiser”. Aí ficou
mais fácil de ler e dei muita risada ao vê-lo se virando sozinho no meio do
mato e percebendo que as coisas não eram tão fáceis quanto via nos programas de
sobrevivência.
Só uma curiosidade: os caras desses programas não ficam
sozinhos no meio do mato. Existe uma equipe para dar apoio. Ele aparece comendo
minhoca num quadro e depois eles dão uma pausa, o sujeito bebe água, descansa
um pouco, come uns petiscos e a gravação continua. Acham mesmo que eles correm
algum perigo e que não teria ninguém para salvá-los? Até parece! Eles até falam
muitas coisas certas, mas outras são verdadeiros exageros, então é sempre bom
tomar cuidado antes de querer aprender regras de sobrevivência assistindo a
esses programas.
Por exemplo, não é seguro sair catando qualquer larva,
minhoca e bichoca para por na boca. É preciso saber o que pode ou não comer,
senão pode a pessoa pode morrer envenenada. E fazer fogo batendo pedra uma na
outra não é tão fácil quanto o seu Cebola fez parecer. Isso pode levar muito, muito
tempo. Até com pederneira já é difícil, imaginem com pedras! Além do mais, não é
qualquer tipo de pedra que serve para fazer fogo.
Sem falar que o Cebola nem soube arrumar sua mochila.
Caramba, o cara pesquisou tanto e não foi capaz de procurar um lugar onde
ensinasse a montar um kit de sobrevivência? O idiota não levou água, nem
comprimidos de cloro, não levou comida direito, só biscoitos e atum em lata. Nem um abridor o
lesado lembrou de levar!
Também não levou nada para fazer fogo, curativos, nem mesmo
uma lanterna ou saco de dormir? Está certo que o desafio era passar a noite na
montanha sem ajuda de ninguém, mas não se falou nada sobre itens de
sobrevivência. O Toni não desafiou o Cebola a passar a noite na montanha só com
a roupa do corpo, desafiou? Não. Então ele poderia ter se preparado melhor.
Bem, pelo menos a história teve seu lado educativo,
mostrando como proceder em caso de desaparecimento. Nem eu sabia que não é
preciso esperar 24h para avisar a polícia, bom saber disso. E pelo menos Cebola
aprendeu a dar mais valor ao seu pai quando viu que ele era muito capaz de se
virar no meio do mato e achar o caminho de volta. Foi até engraçado porque ele
achou que seu pai ia ser um peso e acabou sendo exatamente o contrário. Vamos
ver se agora ele aprende a ouvir melhor as pessoas, né?
E, claro, fiquei bem alegrinha quando a D. Morte apareceu,
ainda que tenha sido apenas um mísero quadrinho. Sim, ela é minha personagem
preferida entre todas. Fazer o que, né?
Bom, como eu gostei muito da participação que o Cascão teve
na história, achei que merecia um desenho. Então refiz aquela imagem dele
praticando parkour. Tem png e quebra-cabeça.