E lá se vai mais
uma edição do Chico Moço. Essa foi uma história de mudanças, muitas mudanças.
A primeira coisa que eu gostaria de falar é da capa, que dessa vez tem um fundo bonito e decente. Tomara que eles aposentem o branco de vez, porque ninguém merece aquele imenso espaço vazio atrás do personagem.
Como vocês sabem, o
dono do apartamento onde o Chico mora com os amigos resolveu aumentar o aluguel
e ele não pode arcar com esse gasto extra sem sacrificar seu pai, logo decidiu
procurar outro lugar mais em conta para viver.
Essa costuma ser a
dificuldade enfrentada por universitários que vieram de outras
cidades/estados/países. Quem não tem um lugar próprio para morar, sofre na hora
de pagar o aluguel.
Quando eu estava na
faculdade de vez em quando via alunos com dificuldades. Uns moravam em
repúblicas, outros dividiam o apartamento com colegas. Só uma colega de sala
tinha seu próprio apartamento e isso foi depois de passar por muitas
dificuldades por causa das garotas com as quais ela dividia o apartamento.
Foi um pouco triste
ver o Chico ter que deixar um lugar que gostava tanto por causa de dinheiro. Dá
para ver que os rapazes, apesar dos problemas iniciais, se tornaram grandes
amigos. Tanto que eles até pensaram em fazer alguns sacrifícios para que ele
não precisasse ir embora.
Mas ele teve que
ir, né... fazer o que...
A maior parte da
história é sobre a sua peregrinação de república em república, cada uma mais
doida que a outra. Algumas até pareciam boas no início, como aquela onde o
pessoal gostava de música sertaneja. Mas com o tempo ele foi vendo que não eram
tão legais assim e a busca continuava.
Ah, aquele
trocadilho com o nome do Michel Telo ficou hilário! Já a república do repolho
deu um bocado de medo, credo! Misturar as cuecas num carrinho de compras? Eca!
A pior delas, pelo
que eu vi, foi aquela Suave na Nave. Coitado, o antigo apartamento que ele
dividia com os rapazes parecia o céu comparado com toda aquela bagunça e
desorganização.
Mas, depois de
muita peleja, ele finalmente encontrou um lugar decente, mas quase não
conseguiu por causa daquele chato do Vespa. Pelo visto, a pendenga desses dois
vai longe, o que é bom para temperar as histórias.
Sabe, dizem que o
nosso lar é onde fica o coração. Apesar de ser o melhor lugar que ele tinha
encontrado, Chico viu que sentia muita falta dos amigos e resolveu que ia
batalhar para juntar o dinheiro suficiente para conseguir pagar sua parte do
aluguel.
Quando chegou nessa
parte, fiquei feliz porque até que bateu uma tristeza quando ele teve que
deixar os amigos para trás. Sei lá, apesar de pouco tempo eu acostumei com os
amigos dele e ficaria sem jeito se eles saíssem da história assim tão cedo.
Ainda bem que eles pelo menos deixaram a promessa de que ele ia poder voltar a
morar com eles.
Outra coisa bacana
foi a lição sobre o equilíbrio de caos e ordem que ele tinha aprendido. E faz
sentido o que ele disse. Nós não gostamos de caos, incomoda sair do nosso
conforto, enfrentar problemas e rever conceitos antigos. Mas é necessário para
que tudo se ajeite melhor do que antes.
Essa história
também mostrou umas partes engraçadas, como ele recebendo um beijo no rosto do
seu colega russo. Aqui no Brasil pode parecer estranho mesmo, mas em outros
países é normal. Lá na Rússia, homens se beijam no rosto e caso sejam muito
amigos, podem beijar até na boca. Claro, um selinho rápido e só. Na Itália
também é assim, eu acho.
Também teve a
aparição do fantasma que resolveu ajudar o Chico a conseguir sua vaga na república.
Às vezes é bom ter amigos no além.
Antes de eu ler a
revista, disseram que havia personagem falando palavrão. Como assim? Palavrão
nas revistas do Maurício? Sério mesmo? Mas aí quando fui ler vi que eram apenas
aqueles desenhos. Bah, grande coisa! Tem isso até nos gibis! Bom, pelo menos
foi interessante ver os personagens falando palavrão porque convenhamos: na
vida real nem todo mundo tem a boca limpinha o tempo inteiro, né?
E essa história
também deixou um assunto em aberto para as histórias seguintes, que é a
preocupação com a geada que pode estragar a plantação do pai do Chico e
comprometer para pagamento das mensalidades. Esse problema pode ser muito
sério.
Infelizmente, no
Brasil não existe um bom investimento em educação. Ou o aluno
se mata para conseguir vaga em faculdade pública, ou se mata em dobro para
estudar numa particular. Aliás, quando colocado em ranking internacional sobre
qualidade de educação ou investimento, nosso país sempre aparece nas piores
colocações. Também pudera! Conheço gente que faz medicina e paga três mil de
mensalidade! Quem agüenta pagar tudo isso?
Vocês devem estar
se perguntando... por que o governo não investe em educação como se deve?
Simples: porque é mais fácil conseguir votos trocando por um pacote de feijão
ou distribuindo bolsa família. Uma população bem instruída pode exigir mais,
lutar por seus direitos, não votar em qualquer idiota, etc. e eles não querem
isso. Do jeito que está agora, é mais fácil controlar e manipular.
Sem falar que
investir em educação vai diminuir o dinheiro que eles roubam de nós todos os
meses.
Então, sem
investimento, poucos têm acesso ao ensino superior de qualidade. No futuro, o
Chico vai ter dificuldades caso seu pai não consiga mais pagar as mensalidades
porque trabalhar e estudar ao mesmo tempo não é mole não! O aluno tem que fazer
uma verdadeira ginástica para conciliar tudo. Até que seria bom se ele conseguisse
ao menos uma meia bolsa de estudos, ajudaria um pouco.
E vendo essa
dificuldade dele para pagar as contas, lembrei da Ed. 3, quando ele recebe uma
proposta para ser cantor. O que foi feito dessa proposta? Não deu em nada? Ele
não quis? Acho que ficou um fio solto.
Na próxima Ed. ele
vai se virar em quatro empregos para pagar as contas. Quatro empregos! Vixe, é
muita coisa! O coitado vai ficar no pó da rabiola. E para complicar ainda mais,
o Zé Lelé resolveu fazer uma visita surpresa. Será que ele vai levar a
Oncivarda?
Agora, confesso que
estou sentindo falta de eles falarem da Rosinha. Entendo que a revista não é
centrada nela mas espero que voltem a falar dela logo. Ajuda a variar um pouco
a história.