sábado, 28 de dezembro de 2013

A Mônica é mesmo gorda?

11:41 20 Comentários



Pode parecer besteira, mas às vezes eu fico meio preocupada quando chamam a Mônica de gorda na revista.

O que me preocupa é dizerem que uma personagem com esse corpo é gorda. Então o que seria magra para eles? Corpo de faquir indiano?

Sei que os outros personagens falam isso por implicância, porque ficou o estigma devido à infância dela. Mas ainda assim me preocupa como deve ficar a cabeça de uma garota que lê essas histórias e vê uma personagem com o corpo da Mônica ser alvo de piadinhas por causa do peso.

Acho que o pessoal da MSP deveria ter um pouco mais de cuidado com isso. Já chega as cobranças que sofremos todos os dias para sermos lindas e perfeitas, não precisamos de mais.

Muitos dizem que basta não ligar e seguir em frente. Quem dera fosse fácil. Não, nem todo mundo consegue. Não é apenas questão de autoestima. É segurança, estrutura emocional para não se importar com as opiniões e julgamentos dos outros. Infelizmente, as mulheres em geral não são criadas para terem essa estrutura. Somos educadas para dar grande importância as opiniões dos outros, especialmente dos homens.

Afinal, mulher solteirona que não arruma ninguém sempre cai no ridículo. Na nossa sociedade, mulher sem homem não é gente. Aquela garota que nunca arruma namorado é sempre vista como esquisitona. Ninguém quer passar por esse tipo de situação. 

É por isso que muitas se desdobram para ter a atenção e aprovação dos homens, porque foram condicionadas para serem assim desde pequenas.

Então lembrando aquela parte em que o Cebola confronta Carmem e Denise, ele pergunta qual é o problema em se achar. O problema é que as mulheres não são educadas para “se achar”. As que “se acham” são vistas como arrogantes, difíceis, chatas, vão ficar solteiras, etc.

Ele também pergunta por que as garotas não se gostam como os rapazes gostam delas. A resposta também é simples: porque os rapazes, em sua maioria, gostam das garotas dentro dos padrões, submissas, que se desdobram para agradá-los. Poucos aguentam uma que seja independente, dona de si mesma e não importa com suas opiniões. Eles ficam totalmente perdidos quando não conseguem dominar a garota.

Muitos até dizem que elas deveriam pelo menos fingir que o homem tem controle da situação, porque massageia o ego deles, é sua natureza, etc. Não estou generalizando, claro, mas em geral eles não suportam um relacionamento igualitário, onde os dois têm a mesma importância.

Nós vivemos numa sociedade machista e contraditória, onde a mulher é criticada por cuidar da aparência e igualmente criticada por não cuidar. Um exemplo bem simples é a depilação. Quando uma mulher reclama disso, falam que ela faz porque quer, ninguém obriga a nada. Mas quando ela resolve não fazer, é taxada de porca, peluda, macaca, etc.

Voltando ao assunto, eu sei que toda mulher é ao menos um pouco encucada com a própria aparência, mas os roteiristas da MSP deveriam ter um certo cuidado ao falar da “gordura” da Mônica. É muito estranho falarem que ela é gorda ou com tendência a engordar e ao mesmo tempo desenhá-la com um corpo dentro dos padrões.

 

Presentes de Ano Novo

10:26 12 Comentários
Um feliz ano novo para todo mundo que vem acompanhando o blog! Obrigada pelo apoio e desejo que esse blog dure mais um ano inteiro, e quem sabe vários!


Então hoje tem várias coisas. Além de um quebra-cabeça com a imagem acima, tem png's também:

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

TMJ#65 - A Brigada dos Ossos Cruzados: palpites

21:15 21 Comentários


Ah, finalmente uma aventura que preste! Uau, estava demorando mesmo uma boa saga com vilões, lutas, viagens espaciais, etc. Caramba, eu não estava mais agüentando o eterno mimimi adolescente de sempre!

Bom, a sinopse diz que a Cabeleira Negra vai voltar e tentar roubar o tesouro mais valioso do universo e a turma vai ter que se virar para impedi-la. Aí é só imaginar o que vai rolar nessa história. Bem... eu imagino que se vai ter Cabeleira Negra, é bem provável que tenha o Astronauta também.

Dei uma olhada no preview da edição e... surpresa! A história começa com Mônica e Cebola. Bem... pelo menos não estão brigando feito cão e gato.

Minha curiosidade é saber qual é o tal tesouro e para que serve. Tem alguma utilidade ou apenas vale muito dinheiro? Será algo material ou no fim vão descobrir que é mais abstrato, tipo um conceito ou uma idéia? É algo que dá a pessoa grandes poderes para dominar o universo? Caso seja, será que o Cebola vai ficar com olho grande?

Sabe, foi prometido que teria uma edição de natal e a primeira vista não tem nada natalino nessa história. Só se aparecer depois, mas considerando que a Mônica e o Cebola começam a história fazendo um trabalho escolar, acho pouco provável. Isso significa que nem é dezembro.

Ao que parece, a aventura será mais centrada nos dois (novamente), tipo eles tendo que trabalhar juntos para resolver os problemas. Se for assim, então Magali e Cascão serão meros enfeites. Bem... ainda há esperança, né? De repente eles terão uma participação mais ativa na história.

De qualquer forma, não vou ficar reclamando porque estava mesmo querendo uma aventura assim para sair da mesmice de sempre. Então tenho mais é que agradecer e acredito que a história será muito boa.

Será que vão cortar os cabelos da Cabeleira novamente que nem a Magali fez no passado? Até que ela ficou bonita com os cabelos curtos. Pelo menos é mais fácil de cuidar. Ah, também notei que ela usa a mesma roupa que no filme Uma Aventura no Tempo. Confesso que prefiro o visual da Ed. 3, é mais pirata.

Quem sabe não vai rolar algum lance entre ela e o Astronauta? Ela tem uma quedinha por ele, embora eu não saiba se a recíproca é verdadeira. Até que seria interessante.

Dessa vez é meio difícil prever o que vai acontecer na história porque não é igual as outras. Então qualquer coisa pode acontecer e acho que vamos ter boas surpresas.

Antes que me esqueça, eu até que gostei da capa. Claro que não vou com a cara do Cebola e preferia que qualquer outro personagem tivesse aparecido em primeiro plano, mas admito que quando bem desenhado, ele fica bonito.

Competição Feminina

20:52 10 Comentários
Há uma parte onde o Cebola fica “chocado” ao ver como as mulheres podem ser cruéis umas com as outras. É muito comum a gente ouvir que mulher não tem amizade pela outra, estão sempre competindo, querendo se apunhalar pelas costas. E falam como se isso fosse natural, biológico, embutido nos genes das mulheres. Não. Não é. Isso é construído social e culturalmente.

Desde cedo somos educadas para nos vermos como inimigas, a julgar, rotular, ridicularizar, etc. Dividir e conquistar, é assim que o machismo consegue sobreviver. Enquanto as mulheres se voltam umas contra as outras, não combatem o machismo. Conveniente, não?

Durante muitos séculos, a única forma de uma mulher conseguir projeção social era agarrando o melhor partido do pedaço, porque estudar, trabalhar e progredir com o próprio esforço era coisa só de homem. Então era obvio que para uma mulher, as outras eram sempre concorrentes, rivais. Era preciso fazer qualquer coisa para derrotar a concorrência. Ainda hoje somos educadas para ver a outra mulher como rival. Isso vem de todos os lados, de onde menos esperamos. Aprendemos vendo na televisão, vendo as amigas, pessoas mais velhas, comentários machistas sobre a “incapacidade feminina de sentir amizade por outra mulher”, etc.

Sabe quando uma menina taxa a outra de galinha só porque ela beija os meninos? Ou de vadia por causa da roupa? Pois é. Isso gera a desunião e a competição desleal. Não somos educadas para sermos unidas porque isso acabaria com o sistema machista em que vivemos. Se as mulheres passassem a apoiar umas as outras ao invés de julgar e criticar, seria o fim do patriarcado porque estaríamos unidas.

Fiz essa explicação para dizer por que as mulheres aparentam ser desunidas. Na revista, eles colocaram isso como se fosse natural, mas é algo construído socialmente. Não caiam nessa armadilha. Toda vez que vocês julgam as outras meninas e mulheres, estarão apenas reforçando um sistema cruel e dominador que nos ferra cada vez mais.

TMJ#64: Eu sou você - Críticas

20:50 23 Comentários
Gente, eu sei que a crítica está super-mega atrasada. Não costumo demorar tanto assim para falar da Ed. do mês. Acontece que geralmente gosto de ler a história umas duas ou três vezes antes de falar sobre ela. O problema é que a Ed. desse mês me deu um mal estar tão grande, uma sensação tão ruim ao terminar a leitura que não consegui reler novamente por vários dias. Quando pensava em fazer a critica, me sentia mal. Mas acho que agora dá para escrever algo sem sentir aquela coisa ruim na boca do estômago.

Primeiro, gostaria de falar um pouco sobre o pássaro bacurau, aquele passarinho trolão que roubou o colar da Mônica. Pelo que pesquisei, ele participa de umas três lendas diferentes. A do arco-íris é uma delas.

A lenda diz que o pássaro carrega o arco-íris no bico e qualquer um que passar debaixo dele troca de sexo. Existe até uma história de um rapaz que era delicado demais e na tribo eles matavam rapazes assim. Então ele fugiu para evitar a morte. Sua mãe, que conhecia o poder do pássaro bacurau, fez uma oração pedindo que a ave transformasse seu filho num “homem de verdade” (dentro dos padrões determinados pela sociedade machista onde viviam e sem nenhum respeito pela individualidade da pessoa). Então o pássaro atendeu o desejo dela e transformou seu filho num homem dentro dos padrões e a vida dele foi poupada.

Bom... eu até entendo que tenha sido necessário fazer essa pequena alteração para adaptar a história, talvez o roteirista tenha lido isso em algum livro. Mas pesquisando na internet achei uma versão diferente. Fala-se em mudança de sexo, não mudança de corpos.

A história por si só e seu tema até que não é ruim, admito isso. Claro que as situações não foram tão engraçadas quanto eu esperava, mas foi interessante um viver a vida do outro ainda que por algumas horas.

O que me deixou meio bolada é ter visto tanto sexismo, coisa que eu não consigo tolerar muito bem. Gostaria de saber qual foi a intenção da Petra ao escrever a história. Foi para mostrar que cada um tem seus problemas particulares ou dizer que existem “problemas de homens” e “problemas de mulheres” como se fossem coisas basicamente iguais e equivalentes?

Acho que foi dessa falsa simetria que eu não gostei. Sim, homens também têm problemas de gênero, mas não chega nem perto dos problemas das mulheres. No Brasil, uma mulher é morta a cada duas horas e estuprada a cada 12 segundos. Então, sinto muito, mas os problemas dos gêneros não são iguais.

Agora vamos fazer as contas: quantos problemas a Mônica enfrentou no corpo do Cebola? Unicamente o julgamento dos amigos ao vê-la brincar de boneca com a Maria Cebolinha.

Quantos problemas o Cebola enfrentou no corpo da Mônica? Primeiro as roupas, os olhares dos homens na rua (vocês nem fazem idéia do que as mulheres têm que agüentar), a cobrança por ser sempre certinha e educada... Quer dizer, Luiza ficou irritada quando a filha soltou um “falaí” porque foi desrespeitoso ou porque veio de uma garota?

O Cebola deve falar assim com a mãe dele o tempo inteiro e nem por isso ela fica ofendida. Mas por que as coisas mudaram? Resposta: estava no corpo de uma garota.
Se bem que foi engraçada a surpresa dele ao ver que garotas também fazem bagunça. Ou foi apenas fruto do machismo? Afinal, todos esperam que garotas sejam arrumadinhas, limpas e organizadas, né?

Outro problema enfrentado é ser julgado constantemente por causa da roupa e da aparência, coisa que pareceu ter maior peso na história. E na vida real, tem um peso maior ainda, podem acreditar. Assim ele pode experimentar um pouco como é ser tratado como um objeto que só tem valor pelo que é por fora, não por dentro.

Pelo menos ele pode ver como é ser criticado a todo instante por causa da aparência e não pelo que é por dentro. É esse tipo de coisa que as mulheres enfrentam todos os dias. Ele disse que as meninas não deveriam ligar. Bem... há meninas que não ligam mesmo e elas são taxadas de esquisitas, arrogantes, são marginalizadas, etc. Se a mulher cuida da aparência é criticada. Se não cuida, é criticada do mesmo jeito. Sim, a sociedade patriarcal onde vivemos é muito contraditória.

O que eu achei horrível foi a Mônica ter brigado com a Irene. Caramba, ela se entende com a Irene em uma edição e em outra volta tudo a estaca zero? Se era para ser ridículo, parabéns! Conseguiram!

Mas a parte do Cebola na casa da Maria Melo foi muito boa. E quando ele enfrentou as alfinetadas da Carmem e da Denise foi melhor ainda. Bom para ele ver como a Mônica se sente quando um chato fica toda hora falando do peso dela.

A passagem onde eles enfrentam o Toni também foi boa e a Mônica viu como era enfrentar alguém sem a força física enquanto o Cebola sentiu o gostinho de ter a força monumental dela. A minha surpresa foi ele tê-la defendido, ainda que fosse só para ter o gosto de defendê-la ao menos uma vez. Pelo menos ele se importou ao invés de deixá-la apanhar.

E as coisas que ele falou da Mônica até que foram legais. Milagre ele ter reconhecido que ela tem qualidades e não só defeitos!

O final foi como nos filmes do mesmo gênero. Os dois se entendem, as brigas acabam e cada um volta para seu corpo. Achei legal o Cebola ter compreendido como era viver no corpo da Mônica e suas dificuldades em controlar sua força. Ele sempre achou que ela era impulsiva e viu que na verdade é uma pessoa com grande autocontrole. Afinal, não é nada fácil ter uma força como aquela e não usá-la.

Agora, não gostei foi de terem colocado as coisas como se um fosse a força e o outro o cérebro. Como assim? Então a Mônica resolveu o caso do Toni na Ed. 62 usando somente a força bruta? Ela bateu no juiz? Acho que não, né? A Mônica já mostrou muito bem que tem inteligência e sabe pensar em várias outras edições. Ela pode até não ter o mesmo desempenho escolar que o Cebola, mas burra também não é.

Ninguém é metade de ninguém. Todos somos seres humanos completos. As pessoas podem acrescentar coisas boas as nossas vidas, complementar, mas de forma alguma podem ser consideradas partes de nós como se não pudéssemos viver sem elas. Isso é perigoso.

Muitos vão discordar dizendo que ser inteligente é a função do Cebola. Acontece que eles vêm com esse papo de que a Mônica mudou, não usa mais a força bruta para resolver as coisas, etc. Tá. Agora ela não usa a força bruta porque não resolve mais os problemas com pancada. Mas também não pode usar a inteligência porque isso é tarefa do Cebola. Então me respondam: ela vai usar o quê? Pois é.

Sabe, tem outras coisas que me chamaram a atenção na história, mas vou falar delas em outro tópico para não ficar comprido demais. sei que essa não é minha melhor crítica, foi mal gente. Mas eu custei a escrever isso. Não foi nada fácil.

Pode parecer bobagem minha criticar tanto os mimimis da Mônica com o Cebola, mas acontece que tem andado meio demais ultimamente. Pensem no seguinte: se TMJ fosse comida, Monica e Cebola seriam o sal.

Se tirar tudo, fica sem graça e sem gosto. Mas se carregar demais, ninguém aguenta comer. Tem que ser na medida certa. Sem falar que quando a gente coloca muito sal, não sente o sabor dos outros temperos (demais personagens).

É basicamente isso que vem acontecendo na TMJ ultimamente. Está ficando cansativo abrir a revista e deparar com os dois brigando na primeira página. Tá salgado demais. E tudo que é demais, enjoa mesmo.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Uma prévia da minha nova fanfic

21:35 27 Comentários
Estou escrevendo uma nova fanfic e pretendo publicar por esses dias se tudo der certo. Eu queria escrever essa história há bastante tempo, mas as idéias não saíam. Agora parece que dessa vez vai ter história.

Aqui tem um preview da capa:






Pois é, né? Parece que a Carmem vai passar por maus bocados dessa vez! O que será que vai acontecer com ela? Daqui a uns dias vocês vão saber. Para dar um gostinho, eu vou colocar aqui o primeiro capítulo. Ele ainda pode sofrer algumas alterações, pois a história ainda não está pronta. É só para dar uma idéia mesmo de como vai ser. Eu tenho a ligeira impressão de que vocês vão odiar a Carmem!


Primeiro capítulo:

- Oh, céus! Que dúvida terrível! Por que a vida é tão cruel comigo?
- Cruel? Tá falando do que, criatura? – Denise perguntou sem entender por que Carmem choramingava daquele jeito.
- Eu preciso escolher entre Prada ou Gucci! Mas os dois são tão lindos, buáaaaa!

Ela começou a chorar segurando um sapato de cada marca nas mãos e Denise virou os olhos com impaciência.

- Escolhe logo, Cacá! Eu gosto de passear no shopping, não de ficar o dia todo preso numa loja só! 
- Sua bruxa sem coração! Eu tô em conflito existencial e você só pensa em si mesma? Pois não saio daqui enquanto não conseguir escolher!
- Hã... posso ajudar em alguma coisa? – a vendedora perguntou se aproximando das duas já estranhando toda aquela demora.
- Pode sim, querida. Troca essa cara horrorosa por outra melhor e vista umas roupinhas decentes porque tá parecendo um espantalho!

A vendedora arregalou os olhos, chocada com toda aquela grosseria.

- Agora sai logo daqui antes que eu morra com esse perfuminho barato! Argh, parece desinfetante!
- Credo, tá de TPM hoje? – Denise perguntou também assustada. Aquilo foi grosseiro demais até mesmo para a própria Carmem.
- Sim, Tô Pronta pra Matar se não conseguir escolher logo! E todo mundo fica me distraindo toda hora!

Cansada de tudo aquilo, Denise resolveu contornar a situação.

- Ué, por que você tem que escolher? Tá sem dinheiro?
- Sem dinheiro? SEM DINHEIRO???? Claro que não! Minha família é a mais rica da cidade, meu pai sempre me dá tudo o que eu quero e...
- Tá, tá. Então por que não compra os dois de uma vez?

Foi como uma luz se acendesse sobre sua cabeça.

- É mesmo! Eu posso pagar, não posso? Ai, que idéia brilhante a minha!
- Como é?

Carmem levou os dois pares sem pestanejar, deixando Denise aliviada por ter acabado aquele pesadelo. Sua alegria não durou muito porque na próxima loja, tudo se repetiu como antes. Dava para ver que Carmem não estava num bom dia.

Após muita peleja, as duas foram até a praça de alimentação. Normalmente eram seus pés que doíam de tanto andar, mas daquela vez ela estava com dor de cabeça de tanto passar raiva com Carmem e seus conflitos existenciais por causa de roupas, sapatos e acessórios.

- Ah, olha as meninas! Vamos lá! – ela convidou e Carmem torceu o nariz.
- Eu heim! Elas vão é botar olho gordo nas coisas que eu comprei!
- Deixa disso, Cacá! A gente sempre sentou com elas e você nunca deu chilique!
- Pode ser, mas a chata da Cascuda tá lá e você sabe que eu não dou bem com ela!
- Aff, deixa de drama e vamos logo. As outras mesas estão ocupadas. 

As duas foram até onde as amigas estavam sentadas, com Carmem resmungando um pouco.

- E aí, meninas?
- Oi, Denise! Oi Carmem! Senta aí! – Mônica convidou e Denise não se fez de rogada. Já Carmem procurou se sentar o mais longe possível de Cascuda. Por que alguém como ela tinha que ser vista andando com a ralé?
- Tem alguma novidade pra nós? – Magali perguntou comendo seu sanduíche natural.
- Menina, eu nem te conto o babado que eu vi hoje de manhã!

As outras fizeram silêncio para ouvir a mais recente fofoca. Não era tanto o que Denise falava e sim a maneira como falava que prendia a atenção de todas elas. Aquela ruiva tinha o dom de transformar coisas simples em grandes eventos tamanho era o entusiasmo com que ela relatava suas fofocas.

- Então ela pegou a vassoura e quebrou nas costas dele sem dó! O coitado teve que ser levado de maca e ela ainda queria entrar na ambulância pra bater nele mais ainda!
- Credo!
- Que horror!
- Nem a Mônica é assim! – Carmem falou venenosamente.
- Como é? Claro que eu não sou assim! Não resolvo mais as coisas na pancadaria!
- Mas continua sem classe como sempre, não é mesmo? Agora ninguém pode falar nada!
- Ué, foi você quem provocou! Quem fala o que quer, ouve o que não quer! – Cascuda falou em defesa da amiga. Não foi boa idéia.
- Meu bem, a conversa não chegou até a cozinha! Ninguém te pediu pra falar nada!
- Eu falo quando quiser, se não quer ouvir, então cai fora!

O clima ficou tenso de repente e Marina tentou acalmar os ânimos.

- Meninas, calma! Hoje é domingo, não vamos brigar por besteira!
- Então fala pra essa cafona aí parar de se meter onde não deve! Que coisa, por que eu tenho que aturar esse tipo de gente?
- Porque ela é nossa amiga! – Mônica falou já cansada de tanta chatice da Carmem.
- Talvez eu devesse selecionar melhor minhas amizades!
- Então vai selecionar em outro lugar, porque daqui eu não saio!
- É, eu vou mesmo! Parece que não sou bem vinda aqui, bando de invejosas!
- Como é que é? – as outras falaram ao mesmo tempo.
- Isso mesmo! Vocês morrem de inveja de mim! Eu sou a garota mais linda dessa turma, tenho os cabelos mais longos e também sou rica! Olha só quanta coisa eu comprei!

As meninas tiveram que segurar a Mônica para que ela não pegasse tudo aquilo e atirasse na fonte do shopping. Ela só procurou se acalmar porque lembrou que aquela atitude ia lhe custar cinco anos de mesada.

Carmem pegou suas coisas e falou com impertinência.

- Querem saber? Tenho mais o que fazer do que perder tempo com quem não me defende! Vamos, Denise!
- Pra onde?
- Vamos embora! Eu quero provar as coisas lindas que comprei e preciso de alguém pra me ver!
- Então usa o espelho, porque eu vou ficar aqui mesmo!
- Como é?
- Fófis, não é que eu não te ame, mas você tem andado muito chata ultimamente. Vai se acalmar, migz. Amanhã a gente se vê na escola.
- Então é assim? Prefere ficar com essas... essas... pobres do que ficar comigo?
- Pois é. A vida é assim mesmo.
- Então fica com elas, sua traidora!

A loira saiu dali rebolando e com o nariz empinado. Aquelas pobretonas mortas de fome não iam estragar seu dia.

- Credo, o que deu na Carmem? Ela tem andado terrível ultimamente! – Marina falou ao ver a outra se afastando.
- Vai saber... o melhor é deixar quieto que depois passa. Agora, vocês não sabem o que eu ouvi ontem de tarde no banheiro da escola!

As outras logo esqueceram do episódio de momentos antes

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Ao chegar em seu quarto, Carmem jogou as sacolas sobre a cama e olhou sua imagem no espelho, examinando cuidadosamente a área dos olhos e a testa.

- Ninguém merece, viu? Eu ainda vou acabar cheia de rugas por causa daquelas chatas! Por que ninguém me defendeu? Claro, todo mundo tem que pagar pau pra Mônica!

Após constatar que nenhuma linha tinha aparecido em seu rosto, ela decidiu tomar um banho para relaxar e chamou a empregada.

- Arrume o meu banho agora mesmo e coloque aqueles sais que minha mãe trouxe de Paris!

Enquanto a empregada arrumava seu banho, ela tirou a roupa e colocou um roupão. Um cheiro perfumado e muito agradável encheu o ambiente, fazendo com que Carmem gritasse furiosa.

- Sua tonta! Eu falei pra colocar os sais de Paris! PARIS!
- Mas... mas... – a mulher mostrou o frasco que tinha o desenho da torre Eiffel no rótulo.
- Isso é só a marca, imbecil! Olha só o que você fez! Estragou tudo! Agora vou ter que tomar banho nessa coisa fedorenta porque tô cercada de gente burra e ignorante que não faz nada direito! Anda, sai logo daqui sua anta!

A mulher saiu dali aos prantos, quase esbarrando na senhora Frufru que vinha na direção oposta.

- Carmem, o que está acontecendo aqui?
- Ah, mamy! Essa criadagem de hoje tá cada vez mais incompetente, viu? Não servem pra nada!
- Não fale assim dos nossos empregados! Você não tem esse direito!
- Claro que tenho! Eles trabalham na minha casa!
- Na minha casa e a do seu pai, você quer dizer. Só será sua quando nós dois morrermos.
- Credo, que coisa mais fúnebre! Vai encher meus olhos com pés de galinha!

Ela olhou para a cama e viu muitas sacolas de compras.

- Escuta, você já não tinha feito compras recentemente?
- Isso foi há séculos, mamy!
- Foi na semana passada!
- Então? Muito tempo! Precisava de roupas novas!
- Você já tem toneladas de roupas novas!
- Novas? Mas eu já usei todas!
- Usou uma vez só!
- E você quer que eu use a mesma roupa duas vezes? Cruz credo, isso é coisa de pobre!

Sua mãe colocou as mãos na cintura e falou com a voz enérgica.

- Carmem Frufru! Você sabe que sempre te damos tudo, mas isso é exagero! Você não vai gastar toda nossa fortuna só porque não quer usar a mesma roupa duas vezes, então pare de fazer essas compras malucas toda semana! Você não precisa disso e...

Carmem apenas olhava sua mãe enquanto pensava no desfile que ia acontecer na próxima semana anunciando a nova coleção de verão daquele ano. Estava mesmo na hora de renovar seu guarda-roupa.

- ... e por isso mesmo, procure ser mais responsável e não saia por aí comprando feito maluca, entendeu?
- Sim, mamy, entendi. Agora eu posso tomar meu banho? Senão a água vai esfriar.

Ela deu um suspiro e respondeu.

- Sim, pode tomar seu banho. O jantar será servido no horário de sempre. Não se atrase.
- Pode deixar.

Depois que sua mãe saiu, ela tirou o roupão e mergulhou na banheira prazerosamente. Apesar de não ser os sais de banho que ela queria, o aroma agradável acabou lhe seduzindo, tirando parcialmente o mal humor.

- Mal posso esperar o desfile! Vou comprar tudo novo, bem novinho!




terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Feliz natal a todos

21:37 13 Comentários
Esse é meu layout de natal. E aí? Gostaram? Eu precisei fazer algumas mudanças para que o blog se ajuste a diferentes resoluções, então em alguns casos as coisas podem não aparecer direito. Se acontecer, por favor avisa e me diga também a resolução do seu monitor para que eu possa fazer as adaptações.

Também tem png's novos, mas vou postar amanhã porque hoje não vai dar, estou exausta.

Quanto a crítica da ed. 54, vou confessar que irá levar um tempo. A história me deixou com uma coisa ruim no estômago e enquanto eu estiver assim, melhor não escrever ou vou acabar sendo severa demais.

Só mais uma coisinha: a quem postou pedindo parceria, aguenta só mais um pouquinho que amanhã vou atender a todos, certo? Eu não estou fazendo pouco caso não, só estava meio apertada nesses dias.

Espero que tenham gostado das mudanças!

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Prévia do natal

19:56 8 Comentários
Estou preparando a decoração de natal para o blog. Vamos ver se consigo terminar a tempo. Aqui vai a primeira imagem que consegui fazer:



Assuntos que faltam na TMJ

10:05 26 Comentários
Um texto muito bom que peguei na página Feminismo sem Demagogia, no facebook. Às vezes acho que a TMJ vive excessivamente no mundo da fantasia e ignora os problemas reais. Eu sei que por ser uma revista para crianças, não é possível abordar esses problemas de forma completa e profunda. Tem que se adequar a idade de quem está lendo para que todos compreendam.

Mas a meu ver eles pecam por não tratarem desses assuntos de forma alguma, nem mesmo de leve. Para falar de ecologia eles são ótimos, não vou negar. Mas acho que falta abordar outros assuntos também. Aliás, acho até que a TMJ regrediu um pouco em relação a TM. Pelo menos nos gibis eles falavam sobre síndrome de down, autismo, personagens como Luca e Dorinha apareciam mais... 

Por que eles não tentam fazer histórias que se aproximam mais do leitor? Será que uma criança quer mesmo um mundo perfeito de fantasias ou um personagem com quem pode se identificar?

Eis o texto:

O que significa quando as crianças não estão autorizadas a saber sobre coisas ruins ?

Há uma variedade de assuntos que as crianças são muitas vezes consideradas jovens demais para saber. Por exemplo:

Estupro
Violência
Racismo
Sexismo

O problema é que considerá-las jovens demais para lidar com assuntos que são tidos como "coisas ruins" as impede de compreender o que acontece com outras crianças.

A regra de que as crianças devem ser protegidas dessas coisas tem alguns efeitos muito negativos sobre as crianças que são mais vulneráveis.

Crianças que foram abusadas, passam a ser consideradas, pelos adultos, perigosas para outras crianças se em algum momento falarem sobre isso. Seus colegas não devem saber sobre isso, então eles deveriam simplesmente nunca falar sobre isso, nunca. Isso cria muita vergonha, e viver com esse tipo de vergonha torna ainda mais difícil a vida e a denuncia de abuso por parte das crianças vitimadas. Elas recebem a mensagem esmagadora de todos que as crianças não estão autorizadas a falar sobre estas coisas. Isso faz com que seja difícil dizer aos adultos o que está acontecendo, especialmente se eles não sabem muito bem as palavras certas. Se elas tentarem dizer indiretamente, elas podem até serem silenciadas e ouvirem que ainda é muito jovem para estar pensando neste tipo de coisa.

Crianças negras são muitas vezes obrigadas a aturar racismo ao invés de termos as crianças brancas descobrindo sobre racismo. Porque eles têm idade suficiente para ter que lidar com o racismo, mas seus pares brancos não são considerados com idade suficiente para ouvir falar sobre isso.

Há também os pais que não querem que seus filhos brinquem com as crianças deficientes, porque eles acham que seus filhos são jovens demais para saber sobre deficiências ou doenças graves...

Prevenir crianças de pensar em coisas ruins causa dor a todos os tipos de crianças, todos os tipos de crianças particularmente vulneráveis.

O Bullying torna se apenas uma "brincadeira" quando as crianças não são minimante conscientizadas das diferenças e apoiadas a conviver e respeitá-las.