sábado, 1 de março de 2014

CBM#06 - Mudanças: críticas



E lá se vai mais uma edição do Chico Moço. Essa foi uma história de mudanças, muitas mudanças. 

A primeira coisa que eu gostaria de falar é da capa, que dessa vez tem um fundo bonito e decente. Tomara que eles aposentem o branco de vez, porque ninguém merece aquele imenso espaço vazio atrás do personagem.

Como vocês sabem, o dono do apartamento onde o Chico mora com os amigos resolveu aumentar o aluguel e ele não pode arcar com esse gasto extra sem sacrificar seu pai, logo decidiu procurar outro lugar mais em conta para viver.

Essa costuma ser a dificuldade enfrentada por universitários que vieram de outras cidades/estados/países. Quem não tem um lugar próprio para morar, sofre na hora de pagar o aluguel.

Quando eu estava na faculdade de vez em quando via alunos com dificuldades. Uns moravam em repúblicas, outros dividiam o apartamento com colegas. Só uma colega de sala tinha seu próprio apartamento e isso foi depois de passar por muitas dificuldades por causa das garotas com as quais ela dividia o apartamento.

Foi um pouco triste ver o Chico ter que deixar um lugar que gostava tanto por causa de dinheiro. Dá para ver que os rapazes, apesar dos problemas iniciais, se tornaram grandes amigos. Tanto que eles até pensaram em fazer alguns sacrifícios para que ele não precisasse ir embora.

Mas ele teve que ir, né... fazer o que...

A maior parte da história é sobre a sua peregrinação de república em república, cada uma mais doida que a outra. Algumas até pareciam boas no início, como aquela onde o pessoal gostava de música sertaneja. Mas com o tempo ele foi vendo que não eram tão legais assim e a busca continuava.

Ah, aquele trocadilho com o nome do Michel Telo ficou hilário! Já a república do repolho deu um bocado de medo, credo! Misturar as cuecas num carrinho de compras? Eca!

A pior delas, pelo que eu vi, foi aquela Suave na Nave. Coitado, o antigo apartamento que ele dividia com os rapazes parecia o céu comparado com toda aquela bagunça e desorganização.

Mas, depois de muita peleja, ele finalmente encontrou um lugar decente, mas quase não conseguiu por causa daquele chato do Vespa. Pelo visto, a pendenga desses dois vai longe, o que é bom para temperar as histórias.

Sabe, dizem que o nosso lar é onde fica o coração. Apesar de ser o melhor lugar que ele tinha encontrado, Chico viu que sentia muita falta dos amigos e resolveu que ia batalhar para juntar o dinheiro suficiente para conseguir pagar sua parte do aluguel.

Quando chegou nessa parte, fiquei feliz porque até que bateu uma tristeza quando ele teve que deixar os amigos para trás. Sei lá, apesar de pouco tempo eu acostumei com os amigos dele e ficaria sem jeito se eles saíssem da história assim tão cedo. Ainda bem que eles pelo menos deixaram a promessa de que ele ia poder voltar a morar com eles.

Outra coisa bacana foi a lição sobre o equilíbrio de caos e ordem que ele tinha aprendido. E faz sentido o que ele disse. Nós não gostamos de caos, incomoda sair do nosso conforto, enfrentar problemas e rever conceitos antigos. Mas é necessário para que tudo se ajeite melhor do que antes.

Essa história também mostrou umas partes engraçadas, como ele recebendo um beijo no rosto do seu colega russo. Aqui no Brasil pode parecer estranho mesmo, mas em outros países é normal. Lá na Rússia, homens se beijam no rosto e caso sejam muito amigos, podem beijar até na boca. Claro, um selinho rápido e só. Na Itália também é assim, eu acho.

Também teve a aparição do fantasma que resolveu ajudar o Chico a conseguir sua vaga na república. Às vezes é bom ter amigos no além.

Antes de eu ler a revista, disseram que havia personagem falando palavrão. Como assim? Palavrão nas revistas do Maurício? Sério mesmo? Mas aí quando fui ler vi que eram apenas aqueles desenhos. Bah, grande coisa! Tem isso até nos gibis! Bom, pelo menos foi interessante ver os personagens falando palavrão porque convenhamos: na vida real nem todo mundo tem a boca limpinha o tempo inteiro, né?

E essa história também deixou um assunto em aberto para as histórias seguintes, que é a preocupação com a geada que pode estragar a plantação do pai do Chico e comprometer para pagamento das mensalidades. Esse problema pode ser muito sério.

Infelizmente, no Brasil não existe um bom investimento em educação. Ou o aluno se mata para conseguir vaga em faculdade pública, ou se mata em dobro para estudar numa particular. Aliás, quando colocado em ranking internacional sobre qualidade de educação ou investimento, nosso país sempre aparece nas piores colocações. Também pudera! Conheço gente que faz medicina e paga três mil de mensalidade! Quem agüenta pagar tudo isso?

Vocês devem estar se perguntando... por que o governo não investe em educação como se deve? Simples: porque é mais fácil conseguir votos trocando por um pacote de feijão ou distribuindo bolsa família. Uma população bem instruída pode exigir mais, lutar por seus direitos, não votar em qualquer idiota, etc. e eles não querem isso. Do jeito que está agora, é mais fácil controlar e manipular.

Sem falar que investir em educação vai diminuir o dinheiro que eles roubam de nós todos os meses.

Então, sem investimento, poucos têm acesso ao ensino superior de qualidade. No futuro, o Chico vai ter dificuldades caso seu pai não consiga mais pagar as mensalidades porque trabalhar e estudar ao mesmo tempo não é mole não! O aluno tem que fazer uma verdadeira ginástica para conciliar tudo. Até que seria bom se ele conseguisse ao menos uma meia bolsa de estudos, ajudaria um pouco.

E vendo essa dificuldade dele para pagar as contas, lembrei da Ed. 3, quando ele recebe uma proposta para ser cantor. O que foi feito dessa proposta? Não deu em nada? Ele não quis? Acho que ficou um fio solto.

Na próxima Ed. ele vai se virar em quatro empregos para pagar as contas. Quatro empregos! Vixe, é muita coisa! O coitado vai ficar no pó da rabiola. E para complicar ainda mais, o Zé Lelé resolveu fazer uma visita surpresa. Será que ele vai levar a Oncivarda?

Agora, confesso que estou sentindo falta de eles falarem da Rosinha. Entendo que a revista não é centrada nela mas espero que voltem a falar dela logo. Ajuda a variar um pouco a história.