terça-feira, 5 de agosto de 2014

Nostalgia: Ed. 16 - Monstros do ID parte 2



Título: Monstros do ID – Parte 2

Lançamento: Novembro de 2009

Roteiro: Maurício de Souza, Marina Takaeda e Souza e Marcelo Cassaro

Sinopse: Mônica conseguiu derrotar Akanin, seu monstro pessoal. Mas para cada pessoa no mundo, existe um Monstro do ID, uma criatura que representa seus piores defeitos... incluindo o Cebola! Surge Soranin, o mestre das mentiras, com um plano para atacar a cidade. Mônica e Akanin poderão unir poderes e vencê-lo?

Depois que a Mônica derrotou o Akanin, agora é a vez do Cebola lidar com seu monstro. E com isso, temos a segunda parte de uma das sagas mais aclamadas pelos fãs.

E tudo começa com uma cena que deve ter deixado muita gente de cabelo em pé: Cebola desabafando as mágoas com a Denise e em seguida dando um beijo nela. Mas como assim? Pois é. Enquanto isso, Mônica passa alguns apuros enquanto tenta se acertar com Akanin.

A cena dela dando chilique no banheiro é hilária, especialmente com Akanin dentro da banheira lendo a Ed. 15. É uma parte cômica e ao mesmo tempo séria, onde mostram que nosso ID, ou lado sombra, é parte de nós e muitas vezes nos leva a fazer coisas das quais nos envergonhamos. Está sendo difícil para a Mônica aceitar isso no início, mas com o tempo ela entende que seu ID é mesmo uma parte dela, o que é essencial para que ela consiga dominá-lo.

Quando negamos uma parte nossa, sejam nossos defeitos ou nosso lado ruim, é como tentar empurrar uma bola para o fundo de uma piscina. O esforço é grande, é desgastante e no fim das contas a bola acaba sempre voltando. A melhor forma de conseguirmos controlar nossas sombras é tendo consciência delas e aceitando que elas existem e que sim, somos capazes de fazer coisas ruins. Essa consciência nos ajuda a dominar esse lado porque tentamos aprender, crescer e evoluir para não deixar que ele tome conta de nós.

E algumas cenas no banheiro a gente não vê mais, como uma parte do corpo da Mônica de sutiã e as pernas dela depois de a toalha ter caído.

Enquanto isso, lá vai o (suposto) Cebola xavecar a Carmem. Sabe uma coisa que me surpreendeu nessa passagem? Foi ela ter dito a palavra “sacanagem”, um tipo de palavreado que não vemos na TMJ com freqüência. Não chega a ser um palavrão, mas também não é uma palavra cheia de pureza e inocência.

Ah, claro, com a Carmem e Denise nós vemos que sororidade (colaboração entre as mulheres) não é exatamente o forte das meninas dessa turma, pois todas foram logo ficando do lado do Cebola sem nem ao menos se darem o trabalho de ouvir a versão da Mônica.

Pelo menos a situação é logo esclarecida quando a turma aparece na sorveteria do mundo dos ID’s e vemos o Cebola com eles. Se bem que muitos já sacaram que o beijador sem vergonha não era o Cebola verdadeiro por causa da aparição dele nó fim da Ed. 15. Mas enfim... será que mais alguém aí ficou com vontade de conhecer a sorveteria do mundo dos ID’s? Está certo que os monstros não são lá muito bonitinhos, mas caramba! Sorvete de graça para comer o quanto quiser? Ô lá em casa! Eu não teria medo nenhum, porque como o Licurgo disse, ID’s agem visando a própria satisfação. Se estiverem satisfeitos, não oferecem perigo.

Nessa passagem, a Mônica aceita de vez que Akanin é parte dela e das coisas erradas que ela fez no passado e assim mostra que tem mais controle sobre ele. E no fim, esse deveria o destino de todos os ID’s, certo? Licurgo estava certo na história. Quando crianças, nós achamos que tudo gira ao nosso redor e por isso queremos fazer o que nos dá na telha. Com o tempo, as crianças crescem e aprendem que o mundo não gira ao redor do seu umbigo e que também existem as outras pessoas, com suas necessidades e desejos.

Bem... teoricamente deveria ser assim, mas pelo que tenho observado ao longo da minha vida, parece que nesse aspecto muita gente só aumenta de tamanho, mas continuam achando que podem fazer tudo o que querem, não sentem empatia pelos outros, acreditam que as outras pessoas existem para satisfazer suas necessidades. Em maior ou menor grau, ainda temos esse lado egoísta.

Sabem aquela pessoa que não sabe respeitar as diferenças e acha que todos devem viver a vida de acordo com o que ela acha certo? E a outra que explora, maltrata, rouba, extorque? É isso aí, crescer não significa necessariamente dominar o ID, tenham isso em mente. Em muitos casos, ele pode até ficar mais forte.

Continuando, essa passagem serviu para falar alguns lances psicológicos que eu achei muito legais e instrutivos, passados de forma simples para que os leitores entendam. E, claro, conhecemos também o ID da Magali que apesar do aspecto meigo, mostrou ser o lado mau dela.

E também aparece Kainin, o próximo ID a vir a tona conversando com Bikuri, que nos conta seu plano de subjugar as pessoas e libertar todos os ID’s. Nessa parte também aparecem Nimbus e Ângelo. Ah, os bons tempos em que personagens secundários recebiam mais atenção e protagonismo. Eu não costumo ser nostálgica, mas confesso que sinto muita falta de quando a TMJ não girava somente ao redor do drama da Mônica com o Cebola.

Foi bem legal ele e Ângelo andando pelo mundo dos ID’s e a cena da perseguição foi ótima, assim como o suspense criado quando Nimbus diz saber quem era aquele ID, se bem que a essa altura, todo mundo já desconfiava, né?

Bom... depois de beijar o bairro inteiro, finalmente Soranim resolve dar o ar da graça e dominar a cidade. Diferente de Akanin, ele é mais calmo, articulado e cheio de artimanhas, sempre cheio de segundas intenções e enganando todo mundo. Realmente, é o ID do Cebola, sem tirar nem por.

E, como sempre acontece, Cebola tentou negar esse lado ruim dele, que aproveitando-se desse breve estado de auto-negação, usou um exército de garotas vestidas de super sentai para destruir a cidade e causar o caos por aí. É quando descobrimos que Akanin se torna uma armadura bem bacana que dá poderes. Bem... dizem que quando aceitamos nosso lado sombra e aprendemos a lidar com ele, esse lado pode se tornar um aliado nosso. ID é também energia e como tal precisa ser bem direcionada para produzir resultados positivos.

E o estilo da transformação da Mônica, ao invés de lembrar os seriados japoneses de super sentai, na verdade pareceram o tipo de transformação dos Cavaleiros do Zodíaco, onde cada parte da armadura vai se encaixando no corpo. Ficou bem legal e finalmente temos algumas cenas de luta que apesar de não serem tão intensas quanto muitos de nós gostaríamos, também foram boas e deram um pouco de emoção a história.

Mas aí vem a bomba: o exército de Soranin era composto pelas garotas do bairro limoeiro que foram beijadas por ele, para desespero e ciúme do Cascão. Como lutar contra as próprias amigas?

Diante desse impasse, Cebola percebeu que tudo isso era apenas uma distração para que ele não encarasse o real inimigo: seu ID. É quando ele resolve confrontar Soranin frente a frente, o que deixou a Mônica bastante preocupada. Em parte, porque ela gostava muito dele. Mas também foi porque o subestimava um pouco. Nessa hora temos a primeira pista do passado do Licurgo, quando ele dá a entender que ficou louco por não ter podido proteger alguém que ele amava. Fofo, não? É um lado dele que nós não vemos com freqüência.

A batalha entre Cebola e Soranin foi mais uma luta entre cérebros, com cada um dando bons argumentos tentando rebater o outro. Soranin tentava mentir, enganar e confundir, mas Cebola conseguiu driblá-lo muito bem inclusive com seu gesto dramático de saltar do prédio, pois sabia que seu ID não podia deixá-lo morrer.

Uma das coisas que mais me surpreenderam nessa edição foi ver o Cebola sendo confrontado pelos seus erros do passado, já que normalmente isso só acontece com a Mônica. O mais engraçado, contudo, foi ele dizer rever as ações ruins do passado deve ter sido doloroso para alguém como a Mônica. Tipo assim, como se ELA fosse a ruim, mas ele não.

Só que, como Soranin mesmo falou, ele tinha muito mais maldade em seu passado e eu concordo. Mas não vamos discutir sobre isso agora, né? Pelo menos ele reconheceu seus erros e viu o quanto a Mônica é diferente dele, pois não é capaz de guardar rancor. Já ele, por outro lado, preferiu acabar um namoro que estava bom e agir como um idiota do que esquecer o passado e seguir em frente.

Quando eu li essa passagem, confesso que minha simpatia por ele aumentou um pouco porque ele parecia mais amadurecido, entendem? Ele reconheceu que errou no passado, mas não pretendia conquistar o mundo com mentiras e manipulações e sim com mérito verdadeiro. Ah, saudades do tempo em que ele não era um cretino... não sei porque o fizeram regredir tanto, mas espero que isso tenha acabado.

Ao vencer seu monstro interior, ele ganhou uma nova roupa de super herói, as garotas se livraram da hipnose e ficaram danadas da vida ao verem que ele estava numa boa com a Mônica novamente. Então pode-se dizer que ambos ficaram empatados. Se o filme dela foi queimado diante da turma, o dele também foi porque acabou ficando com fama de safado e conquistador barato.

Sabe... apesar de não ser perfeito e ter sim um lado meio safado, o Cebola estava se mostrando um bom personagem. Inteligente, articulado, bom para bolar planos e também maduro. E, claro, mostrava o quanto se importava com a Mônica. Uma pena que o tenham estragado dessa forma.

Ah, e para um encerramento dramático, vemos Nimbus capturado pelo professor Bikuri.

Essa Ed. foi muito boa e era de um tempo em que a TMJ tinha o estilo mais puxado para mangá, inclusive nas referencias a seriados japoneses,  e até no uso de palavras japonesas nos nomes dos ID’s. (Akanin – pessoa vermelha, Soranin – pessoa céu e Kainin – pessoa concha). Já o nome e a forma do ID da Magali nunca foram revelados, mas isso vai ficar para a próxima critica.

Outra coisa que notei é que essa edição não tem tantos pudores quanto atualmente, tanto que Akanin até chega a falar crap (em inglês, porcaria, m***, excremento). Não vemos mais isso nas edições atuais, nem as boas cenas de luta e coisas explodindo. Ao longo do tempo, não sei por que, a TMJ foi perdendo os traços de mangá e agora virou outro estilo.

Aliás, confesso que de todos os ID’s, Akanin se mostrou mais divertido e com personalidade com suas gírias (maluco, deixa eu dar neles!) e sua constante pose de valentão, mostrando que ele não é um monstro fácil de lidar. Uma pena não termos visto essa mesma convivência entre os outros personagens e seus ID’s. Seria interessante ver o Cebola tendo que lidar constantemente com os jogos de palavras do Soranin. Ou então Kainin dando chilique toda vez que Cascão quer fazer algo mais ousado.

Bem... essa foi a critica da Ed. 16. Desculpem ter demorado tanto, mas para compensar tenho alguns png’s e quebra-cabeças. Divirtam-se! Prometo que não vou demorar muito para postar a crítica da Ed. 17 porque logo depois também quero fazer a da 32, onde a Brisa aparece, uma vez que ela vai voltar na Ed. 73. Até lá!

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