Autor: Stephen King
Publicação: 1977
Páginas: 288
Nota: 9,3
Sinopse: Jack Torrence consegue um emprego de zelador em um
velho hotel, e acha que será a solução dos problemas de sua família - não vão
mais passar por dificuldades, sua esposa não vai mais sofrer e seu filho,
Danny, vai poder ter ar puro para se livrar de estranhas convulsões. Mas as
coisas não são tão perfeitas como parecem - existem forças malignas rondando os
antigos corredores. O hotel é uma chaga aberta de ressentimento e desejo de
vingança, e, inevitavelmente, um embate entre o bem e o mal terá de ser
travado.
Narrado em terceira pessoa,
o livro mostra a família Torrence tentando uma nova vida mudando de ares e
trabalhando num hotel luxuoso nas montanhas, onde Jack irá trabalhar como zelador.
Jack é um homem com
problemas emocionais por causa da infância com um pai abusivo e violento. Ele
também sofre com o vício pela bebida e muitas vezes perde o controle, se
tornando agressivo e violento.
Após lutar para deixar a
bebida, ele finalmente consegue um bom emprego como zelador de um hotel durante
o inverno. O único porém é que o hotel fica totalmente isolado durante certo
período do inverno porque as estradas se tornam intransitáveis por causa da
neve, o que leva o zelador a enfrentar longos períodos de solidão e isolamento.
Para solucionar esse problema, no entanto, é permitido que o zelador leve a
família.
O emprego parecia excelente:
dinheiro no bolso, um lugar para ficar com a família durante alguns meses,
comida à vontade e bastante espaço ao ar livre para o filho deles. E como Jack
queria terminar de escrever uma peça de teatro, aquele tempo de solidão e
isolamento era muito bem vindo.
Só que o Overlook não é um
simples hotel, ele tem segredos que não são nada agradáveis. Um deles é que um
zelador antes de Jack pirou, matou a esposa, as filhas e cometeu suicídio. Outro
segredo são fenômenos estranhos que acontecem no hotel. Um hóspede escuta algo
estranho, uma camareira vê alguma coisa sinistra...
É aí que entra o Danny,
filho de cinco anos de Jack e Wendy. O menino tem grande sensibilidade, é capaz
até de ler pensamentos e de saber onde as pessoas estão. Ele também pode ver o
futuro e enxergar os mortos. No livro é chamado de iluminado por ter um grande
poder. Ele tem um amigo “imaginário” chamado Tony que tenta avisá-lo dos
perigos do hotel, mas por ser criança Danny não pode fazer nada a não ser ir
com os pais.
Ao chegar no hotel, o
menino conhece o simpático cozinheiro Dick Halloran, que também é um
iluminado como Danny. Ele explica ao menino sobre alguns problemas do hotel e
recomenda que ele não vá a determinados lugares. Mas estamos falando de uma
criança de 5 anos, né...
O ritmo da narrativa é um
tanto lento no início. Os fenômenos começam aos poucos de devagar. Um vulto aqui,
um barulho estranho ali e principalmente sensações estranhas que Danny vai
captando.
O foco principal mesmo são
as angústias da família tentando se restruturar, Wendy quer salvar o casamento,
Jack quer refazer sua vida e cuidar melhor da sua família e Danny quer que seus
pais parem de brigar e se entendam.
Tudo vai evoluindo aos
poucos e o leitor tem tempo de acompanhar e entender tudo, pois sempre tem
flashbacks explicando o passado de Jack, sua infância e as razões de ele ser
como é.
As cenas iniciais de terror
não impressionam muito, mas aos poucos o clima vai ficando cada vez mais
sombrio e assustador a medida que os fenômenos se tornam mais fortes e também
porque Jack vai enlouquecendo gradativamente quando descobre papéis antigos
sobre a história do hotel e fica obcecado com isso.
Muito mais do que
manifestações sobrenaturais, o importante no livro é o lado psicológico, o
medo, suspense, aquela tensão que sentimos antes de alguma coisa acontecer.
Nada de sangue esguichando ou crânios amassados. O medo é mais profundo, medo
de algo que não vemos ou entendemos.
A forma como tudo se
desenrolou foi o clímax da história realmente. Emocionante, deu muito medo, e
angústia. Wendy precisou tomar decisões difíceis para proteger a si mesma e ao
filho do marido que tinha ficado louco por causa da influência do hotel.
Sua loucura chegou ao
máximo quando ele de fato começou a perseguir os dois com um taco de críquete
do hotel, inclusive ferindo muito a esposa. Foram momentos de angústia para
todos, só lendo mesmo para ter uma idéia. Não há como descrever corretamente
aqui sem dar spoiler e o bom do livro é poder ler tudo e descobrir por si só.
Quando sei que um livro tem
filme, eu vejo o filme primeiro para depois ler o livro. É uma experiência muito
bacana. Quem é leitor geralmente fica pouco tolerante quando os filmes alteram
demais a história. Mas quando fazemos o caminho inverso, somos surpreendidos
com detalhes, muitas explicações e de repente até levamos um susto ao ver como
as coisas realmente aconteceram. Foi o que senti quando vi primeiro o filme e
depois o livro.
O filme é bom, não nego,
mas não chega nem perto do livro, isso posso garantir. Aliás, nem o próprio
Stephen King gostou do filme e dou razão para ele. O maior problema é que Jack
já aparece meio aloprado sendo que no livro isso aconteceu aos poucos. Primeiro
ele é um cara de boas, tranqüilo e que ama demais o filho. A loucura vem aos
poucos, o que foi bem melhor. E o final do filme ficou, sei lá, meio nada a
ver. O do livro é bem melhor. Teve mais emoção, correria, gritaria, muito medo.
Outra coisa que faltou no
filme foi a grande ligação entre pai e filho, que no livro é bem mais presente.
Teve um momento, no livro, em que Jack persegue o filho implacavelmente
querendo acabar com ele. Mas por um instante, ele recobra a consciência e pede
para que o filho fuja. Foi um momento bonito e triste no livro que poderia ter
tido no filme e não teve.
E teve uma cena em um
jardim onde arbustos são podados em forma de animais que no livro deu até um
medinho. Aconteceu com Jack e Danny, mas nenhuma delas apareceu no filme e fez
uma falta danada.
Jack Nicholson interpretou
muito bem o papel de louco, especialmente aquela cena onde ele aparece pela
abertura da porta quebrada fazendo cara de maluco (e virou meme). O problema é
que esqueceram de avisar que no começo da história ele deveria parecer um cara
normal.
Enfim... achei o filme
raso, monótono, o cara não passava de um Zé ruela, quase não senti terror
nenhum no filme e a Wendy (mulher forte e corajosa no livro), só sabia gritar e
chorar. Não me senti envolvida em momento algum. É como Stephen King falou: o
filme é como um cadilac lindo, mas sem motor. O filme é bonito, tem um visual
muito bem feito (especialmente as paisagens), mas a trama e o desenvolvimento
deixaram a desejar.
Também teve uma série
dirigida pelo próprio King que foi um pouco mais fiel ao livro (embora não
totalmente). Essa eu assisti depois de ler o livro mesmo e foi uma boa escolha,
pois não estragou a surpresa durante a leitura. Para ser sincera... não achei a
série assim muito melhor que o filme, embora tivesse algumas cenas do livro que
eu queria ver. Acho que os atores deixaram a desejar e o visual não
impressionou muito.
E o mais curioso é que
apesar de ter sido dirigida pelo King, ainda assim muitas coisas foram mudadas.
Acho que com uma direção melhor, uma polida no visual e bons atores teriam
feito uma grande diferença. Pelo menos a série explicou melhor por que o hotel
queria Danny, coisa que no livro não tinha ficado muito claro.
Voltando ao livro, eu
recomendo mesmo. Mas antes, tirem um tempo para assistir ao filme (não vejam a
série, senão estraga a surpresa do livro) porque vai deixar a leitura mais
interessante.
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