Autor: Stephen King
Publicação: 1979
Páginas: 480
Nota: 8,5
Sinopse: Johnny Smith é um homem que sofre por possuir um
estranho poder: ao tocar em uma pessoa, torna-se capaz de prever seu futuro. A
origem desta capacidade está ligada à chamada "zona morta", uma área
do cérebro de Johnny que não conseguiu se recuperar após um acidente de
automóvel que o deixou em coma. Mas, ao tocar a mão de Greg Stillson, Johnny descobrirá que seu poder é muito
mais perigoso do que imagina. A Zona Morta é mais uma obra do gênio do terror
Stephen King.
O livro é narrado em
terceira pessoa, mostrando os pontos de vista dos diversos personagens que vão
aparecendo no livro. E essas histórias vão se entrelaçando com a do personagem
principal ao longo do livro.
Johnny Smith é professor de
inglês que vive na Nova Inglaterra. Sua vida é bem simples, ele adora lecionar
e ama sua namorada. A história começa em 1970, quando ele e a namorada vão a
uma feira local para se divertir. Na volta para casa, o taxi onde ele estava
sofre um acidente que o deixa em coma por quase cinco anos.
Enquanto isso, sua
namorada, que já não acreditava mais em sua recuperação, segue sua vida e se
casa com outro. Seus pais continuam lhe dando apoio do jeito que podem embora
tenham sido desacreditados pelo médico. Seu pai, Herb, é um homem simples,
carpinteiro e sua mãe, Vera, uma fanática religiosa que acredita em qualquer
coisa, desde anjos pilotando discos voadores até a entrada do céu se encontrar
no Pólo Sul.
Ao acordar, o que foi visto
como um milagre, Johnny descobre que pode prever o futuro e descobrir coisas
sobre as pessoas tocando nelas ou em seus objetos pessoais. É aí que toda a
confusão começa.
Cada vez que ele faz uma
previsão e acerta, as pessoas ficam cada vez mais alarmadas. Repórteres o
perseguem, várias pessoas lhe procuram pedindo ajuda para os mais diversos
problemas e tem que lidar com pessoas lhe chamando de charlatão o tempo
inteiro. Desde então ele luta para manter sua privacidade, pois nunca teve
interesse em ganhar a vida usando seus poderes (e não foi por falta de
oportunidade).
Johnny é boa pessoa,
procura fazer o que é certo e não gosta de tirar vantagens de ninguém. Ele
realmente quer refazer sua vida após o acidente ao invés de se aproveitar da
fama de “médium”. Mas nada disso parece importar para as pessoas que o
perseguem ora pedindo ajuda, ora acusando-o de só querer chamar a atenção.
Seu dom assusta as pessoas,
que passam a sentir medo de serem tocadas por ele. É um misto de admiração e
repulsa. Em um instante ele é visto como alguém extraordinário, em outro como
uma aberração comparada a uma vaca de duas cabeças. Uns querem tocá-lo, outros
fogem.
Ele tenta fazer com que
todos o esqueçam, mas às vezes acaba tendo que usar o seu poder e tudo começa
novamente. Outro ponto abordado no livro é o grande sentimento de perda que ele
sofre ao perder quase cinco anos da sua vida. Ele perdeu a namorada, a quem
amava, perdeu todas as mudanças e progressos que aconteceram nesse intervalo de
tempo e perdeu o emprego de que gostava tanto. Até um tipo novo de caneta lhe
causa estranhamento. Junto com tudo isso, ele ainda sofre com a mãe, que está
cada vez mais fanática e delirante.
O personagem é bem feito,
tem profundidade. Nós torcemos por ele, queremos que tudo dê certo e ficamos
indignados com a forma como as pessoas o tratam ao longo do livro. A história
foca muito no dia a dia dele, em sua tentativa de se recuperar do acidente
e refazer a vida.
E ele esteve bem perto de
fazer isso, mas acabou se vendo num grande dilema quando conheceu o político Greg
Stillson. O quê, exatamente? Só lendo para
saber!
É uma boa história, bem
construída e a leitura prende. Mas confesso que não foi o melhor livro de
Stephen king que eu li até agora. Apesar de interessante e de prender a atenção,
a história não foi exatamente emocionante e em alguns pontos o ritmo foi até
bem lento.
Só não esperem que ele
mostre seus poderes a cada duas páginas. As demonstrações dele são
relativamente poucas, pois na maior parte das vezes evita usar seu dom porque é
desconfortável tanto para ele quanto para a pessoa a quem toca.
Os outros personagens são
variados. De uns a gente acaba gostando, outros nós odiamos. E são bem
construídos também. Para ser sincera, no entanto, não gostei muito as Sarah.
Muito chatinha, cheia de frescuras, do tipo que falta pouco morrer por causa de
qualquer coisinha. Mas no fundo é boa pessoa.
Um ponto interessante da
história é esse misto de fascinação e repulsa que as pessoas sentem quando vêem
alguém que possa ter poderes extraordinários. Querem fazer um espetáculo com
essa pessoa, mas ao mesmo tempo lhe tratam como aberração. De um lado, a pessoa
é incentivada a tirar proveito dos seus poderes e de outro é taxada como
charlatã e aproveitadora. Qualquer alternativa que a pessoa venha a escolher,
sempre será vista como errada.
Em determinado ponto do
livro, ele começou a receber cartas com insultos e xingamentos. Se houvesse
internet com redes sociais naquela época, acho que ele teria surtado de vez
porque teria sido 1000x pior. As pessoas costumam ser muito cruéis e sem noção,
julgam sem conhecer, condenam sem saber o que realmente acontece.
Sabe... eu não sei se
existem ou não pessoas com poderes sobrenaturais. Mas caso existam, dá para
entender por que não aparecem na mídia. A dor de cabeça é tanta que acaba não
valendo a pena. Se eu tivesse algum poder, ficaria na minha e usaria em
proveito próprio (mas tentaria ajudar as pessoas na medida do possível).
Mesquinho? Errado? Talvez, mas eu prezo muito pela minha paz de espírito. Não
vou jogar isso fora só para ter publicidade e pagar de heroína.
A leitura do livro vale a
pena, apesar dos poréns que eu citei. É fácil de ler, de imaginar a história,
tudo é bem descrito e conseguimos ter uma boa idéia do que Johnny sente. Por
isso, recomendo.
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