Pois é, cá estou eu de novo para dar minhas opiniões da Ed.
Desse mês. Eu demorei um pouco porque queria publicar a crítica junto com o
desenho, mas se for esperar o desenho ficar pronto, vai demorar mais ainda.
Depois eu publico o desenho então.
E também tem outra razão por eu ter demorado: quem leu, já
deve ter visto a cena em que o Cebola aparece beijando a Penha. Isso deu o que
falar, a repercussão foi imediata. Só que eu fiquei meio que cautelosa na hora
porque ainda não sabia do que se tratava. Então, lendo aqui e ali e também
fuçando o Twitter do roteirista da história acho que dá para ter uma opinião
melhor.
Bom, a princípio a história não tinha me impressionado
muito. Foi preciso ler uma segunda vez e com mais calma para poder apreciar
melhor. Uma coisa estranha sobre mim: se eu ler uma vez só e escrever minha
opinião, vou achar que a história foi, na melhor das hipóteses, mediana. A
primeira impressão geralmente não é das boas, então preciso ler uma segunda
vez.
A história já começa com um clima de suspense mostrando a
Mônica fugindo de criaturas estranhas que aparecem em seus sonhos. A primeira
impressão que todo mundo deve ter tido era a de que essas criaturas queriam
ferir a Mônica. Pelo menos eu pensei assim e fiquei surpresa ao ver que eram
apenas aqueles porcos alados pedindo ajuda.
Outra coisa interessante foi a Denise aparecer mais na
história, mostrando melhor sua personalidade. Ficou engraçado, não nego, mas
confesso que é meio chatinho conversar uma pessoa que te alfineta e debocha em
quatro de cinco frases. Mas sabendo levar na brincadeira dá para ficar numa
boa. E no momento certo, ela até soube demonstrar certo heroísmo tentando
resgatar os porcos alados ao invés de sair correndo para salvar a própria pele.
Isso mostra que coração pelo menos ela tem. Tirando isso, a participação dela
não me chamou lá muita atenção.
Surpresa mesmo foi a hostilidade da Mônica contra a Sofia.
Confesso que até fiquei com antipatia dela. Claro, apesar das picuinhas de
infância, a Sofia não estava fazendo nada de errado para ser tratada daquele
jeito. Se ela tivesse chegado brigando, tratando todo mundo mal e dando tapas,
aí seria outra história. Mas com o tempo, a Mônica percebe que estava errada e
se desculpa.
Sabe, não vou negar que às vezes a Mônica é pé no saco
mesmo. Entre os 4 ela é minha personagem preferida, mas isso não quer dizer que
eu não enxergue os defeitos dela. Só que uma coisa a gente não pode negar:
quando reconhece que está errada, ela volta atrás e pede desculpa. Mesmo sendo
birrenta, cabeça dura e orgulhosa, ela sabe dar o braço a torcer também. Está
aí uma coisa que admiro nela porque eu mesma tenho dificuldade nisso de vez em
quando.
Só que, engraçado... parece que os roteiristas da MSP gostam
muito de focar nos defeitos da Mônica e no seu lado ruim. Toda hora ela tinha
que repetir “meu passado me condena”. Sei lá, isso dá a impressão que entre os
quatro, só ela tem defeitos enquanto os outros são exemplos e modelos de
perfeição.
É aí que eu acho que eles estão sendo injustos com ela. A
Mônica batia nos outros? Batia. Mas fazia isso a toa? Será que ela era do tipo
de valentona que saia distribuindo tapas só por diversão? Em determinados
momentos ela batia sim para se impor, para ter algo do seu jeito. Não vou negar
isso.
Só que na maioria das vezes ela batia porque se sentia
provocada, mesmo que essa provocação não fosse real. Ela mesma se pergunta na
história o porquê de ter uma postura tão defensiva. Bem, qualquer pessoa que
ouvia provocações o tempo inteiro, piadinhas e alfinetadas também teria essa
mesma postura.
Não quero dar uma de traumatizada que não consegue lidar com
os problemas do passado, nem vem! Mas vou falar um fato de quando era criança.
Eu sofria provocações na escola e tinha até uns garotos que passavam a mão na
bunda das meninas. E eu também sofria com essa brincadeira boba. Teve um dia
que os alunos estavam descendo as escadas e um desses garotos passou a mão em mim. De raiva, eu dei um
tapa nas costas do moleque e ele caiu na escada. Nada de grave aconteceu, eram
poucos degraus e ele saiu andando numa boa.
Só que por causa disso eu levei uma tremenda bronca. Ninguém
perguntou o que aconteceu, porque eu fiz aquilo e nem quis saber da minha versão
da história. Eu fiquei como a bruta que sai batendo em todo mundo sem razão
nenhuma.
E é basicamente isso que estão fazendo com a Mônica. Ninguém
está levando em consideração que aquela atitude agressiva dela era apenas uma
defesa por causa das provocações. Nenhum adulto interferia naquelas provocações
e tudo corria solto. Os pais do Cebola não chamavam a atenção dele e os pais da
Mônica não ensinaram a filha a lidar com aquilo de outro jeito. As crianças
ficaram por conta própria e quando isso acontece, elas podem se machucar
mutuamente.
O que eu quero dizer é que a Mônica fez aquilo que sabia, se
defendeu do jeito que pode, mas nada disso é levado em consideração. Eles
só mostram a garota estúpida e agressiva que saia distribuindo tapas para todo
lado, mas não mostram as razões por trás desse comportamento. Só tem uma versão
da história que condena, mas não tem a que defende.
Bom, continuando, me chamou a atenção eles abordarem um tema
que eu ainda não tinha visto nos mangás: a morte. É a primeira vez que um dos
personagens morre de verdade. Meio sinistro considerando o mangá da TMJ.
Outra surpresa foi a aparição da Madame Creuzodete. E devo
dizer que eles capricharam no look dela, viu? Ficou bem bonitona. É na tenda
dela que a gente pode pescar a maior parte das dicas sobre a razão de toda
aquele pesadelo que a Mônica tá sofrendo. Vou falar sobre isso mais tarde, senão
fica longo demais.
Eles capricharam na atmosfera de mistério, mostrando que
Creuzodete, apesar do nome tosco, tem poderes de verdade. Eu quase levei um
susto quando o monstro saiu da bola de cristal dela. Só mesmo uma boa e velha
coelhada para resolver esse problema.
Depois disso, a história segue bem, com a Mônica fazendo as
pazes com a Sofia e acabando com sua picuinha com ela. Afinal, se a Mônica foi
capaz de fazer as pazes com a Irene, por que não conseguiria a mesma coisa com
a Sofia?
Depois disso não aconteceu muita coisa assim de
surpreendente a não ser descobrir que aquelas coisas nos sonhos da Mônica eram
os porcos alados pedindo ajuda e que um deles tinha ido parar no quarto dela. E,
claro, descobrir que a tal sombra era a Agnes. Isso sim surpreendeu, mas o
resto foi mais ou menos previsível.
Mônica arrastou Denise até a casa da Agnes para salvar os
porcos alados e apesar do susto que levaram, tudo ficou bem e elas conseguiram
salvar a todos. E devo dizer que adorei o visual da Agnes. Mesmo sendo um
fantasma, ninguém ficaria com medo de uma garota com um visual tão meigo como
aquele. Deve ter sido um choque para as duas quando ela se transformou naquele
bicho horroroso.
Ainda sobre a Agnes, só uma pequena observação. Pelas histórias
que eu tinha lido dela e também pela postura do monstro quando os porcos alados
foram para cima dele, acho que ela não tem hipocondria e sim nosofobia, que é o
medo mórbido de ficar doente.
Hipocondria é quando a pessoa acha que está sempre doente,
ou tem mania de doenças. Ela fica sempre se examinando e qualquer sintoma como
dor ou mal estar, ela já acha que está doente. Agora nosofobia é o medo de
ficar doente. A pessoa tem medo de germes, micróbios, etc. pode até acontecer de
a pessoa não querer mais cumprimentar apertando a mão, vive limpando a casa, as
roupas, lavando as mãos toda hora... Acho que esse era mais o caso da Agnes pelo comportamento dela de estar sempre coberta e se protegendo.
Então, a bomba: Penha aparece na porta da casa do Cebola e
no dia seguinte, os dois estão se agarrando na frente do colégio para todo
mundo ver. É isso que deixou os fãs de cabelo em pé.
Na hora eu até que não senti nada. Primeiro porque eu não
sou uma torcedora pró Mônica X Cebola. Eles ficarem juntos ou não ficar para
mim dá no mesmo. E segundo porque eu imaginei que aquilo seria um pesadelo ou
uma ilusão.
Já vi histórias onde o personagem tem um pesadelo horroroso,
acorda e fica aliviado. Então ele descobre que ainda está no sonho e que o
pesadelo não acabou. Mais ou menos isso, então pensei que era esse o caso. E,
se era apenas uma ilusão, o Cebola verdadeiro não teria culpa de nada, certo?
E mesmo que não fosse sonho, também pensei na hipótese de
ele estar hipnotizado, não podendo agir por si mesmo. Eu odeio o Cebola, não
nego, mas resolvi ser um pouco mais justa com ele e só esculachá-lo depois de
saber dos fatos.
Mas... pelo que o roteirista da historia diz no seu Twitter,
aquilo não foi uma ilusão da cabeça da Mônica. Foi algo que aconteceu realmente
e ele não estava hipnotizado. Ele fazia tudo de forma consciente e espontânea.
Aí tudo muda de figura. Olha, se eu escrever aqui, vou acabar fazendo um livro,
então vou deixar esse assunto para outro post, beleza?
No geral, a história foi muito boa e deixou todo mundo
morrendo de curiosidade. E na boa, tô achando que a Ed. 52 vai vender até mais
do que a 50 só por causa desse grande mistério. O pessoal da MSP sabe mesmo o
que faz.