Eu já tinha lido a ed. 55, mas precisei de um tempo para pensar
e poder escrever a crítica. Senão eu ia acabar sendo severa demais e
isso não é legal. Agora, vou logo avisando que tem spoiler, então quem ainda não
leu, pare aqui mesmo, vá ler a revista e depois volte.
O tema dessa edição costuma dar dor de cabeça a muitos
jovens que estão no ensino médio e ainda não sabem o que vão fazer. Que profissão
seguir? É uma dúvida cruel e considerando a importância dessa escolha, os
alunos costumam ter bem pouco tempo. Quer dizer, será que é possível um jovem
entre 15 e 17 anos já ser capaz de escolher a profissão que quer seguir? Uns conseguem,
outros já tem dificuldades e a escola não costuma ajudar nem um pouco. Mal
conseguem ensinar o básico, quanto mais ajudar cada aluno a descobrir sua vocação.
Então, o tema da história é realmente bom e dentro da
realidade de muitos jovens. O começo foi bem engraçado. Talvez a parte mais
divertida de toda a história e a participação do Licurgo foi ótima, ressaltando
bem a personalidade amalucada dele.
Especialmente quando ele introduz o tema, fazendo um grande
suspense e até viajando junto com o Cascão sobre futuros caóticos e pós-apocalipticos.
Tá, o cara é pirado mesmo, mas no bom sentido. Posso até dizer que ele roubou a
cena em muitas partes.
E logo de cara, quando ele pergunta para cada um o que quer
fazer, vemos que a Mônica fica com dúvidas. E para falar a verdade, eu também. Entre
os quatro, ela foi a única que ainda não tinha mostrado nenhum talento especial
ou aptidão. Não sei se foi de propósito ou se foi porque ainda não conseguiram
pensar em algo para ela.
Tudo estava indo relativamente bem até o estrupício do
Cebola resolver fazer pouco caso dela, falando com aquele ar superior (como ela
mesma disse). Aff... eu bem que tento gostar dele, mas a MSP simplesmente não deixa.
Por que ele sempre tem que aparecer como um chato antipático? Será que ele
precisa ficar rebaixando a Mônica para se sentir melhor?
Voltando ao assunto, uma coisa que me decepcionou um pouco
foi o tal simulador. Pela propaganda que fizeram, eu esperava algo mais
elaborado e no entanto era somente um site na internet. Sei lá, eles vivem
repetindo que aquilo é um mangá, mimimi, mangá, mimimi e na hora de
aproveitarem isso e colocar algo bem bacana, eles colocam só um site?
Tá bom, deixando a decepção de lado, eu também imaginava que
a tal Sofia era somente um programa e não uma pessoa real. Mas tudo bem, acho
que isso só deu um ar mais high-tech a história. Pelo menos o site pareceu ser
bem avançado e elaborado, sendo capaz até de estabelecer uma conversação
realista com a Mônica.
E uma coisa que Sofia disse e é verdade é que sempre devemos
ter cuidado ao dar nossas informações na internet. É por isso mesmo que nem meu
nome eu revelo, sou meio neurótica com esse lance de segurança. E tomem muito
cuidado com as amostras grátis, porque sempre podem ter alguma segunda intenção
por detrás disso que nem sempre a gente vê logo de cara.
A partir daí, Mônica foi conhecendo diferentes profissões elaboradas
a partir dos perfis públicos dela. Bem... nesse ponto eu também fiquei surpresa
com as profissões escolhidas para ela. E mais surpresa ainda quando Sofia citou
as qualidades da Mônica e colocou entre elas bons modos e elegância. Não é que
eu a ache uma tosca desajeitada, nada disso. Mas parece que o resto da turma não
pensa da mesma forma.
Um ponto positivo foi mostrar os tipos de profissão, sendo
que uma pessoa pode ser empregada, ter um negócio próprio ou autônomo. A maioria
das pessoas acha que só existe o emprego de carteira assinada, mas tem outras
opções também, cada uma com suas vantagens e implicações.
Também foi bom colocar as dificuldades de cada profissão indicada
para a Mônica. A mais engraçada foi a de aeromoça, com o Licurgo causando confusão
o tempo inteiro. Foi legal também quando ela experimentou ser veterinária, mas
caramba... será que até o Cebola virtual tem que ser um pé no saco?
Curioso é que em todos os casos Mônica teve dificuldade de lidar
com os clientes, já que ela tem uma personalidade forte e mandona. Isso sim
precisa ser trabalhado porque pode trazer problemas no futuro. Pelo menos ela
reconhece isso, diferente de certos ceboludos que não enxergam os próprios defeitos.
Outro ponto positivo foi quando eles mostraram os outros
tipos de profissões, inclusive aquelas que ainda estão se consolidando e por
isso não são estáveis. Isso já dá aos leitores uma boa visão dos tipos de opções
que existem.
E mesmo depois de conhecer todas essas profissões, Mônica ainda
ficou em duvida sobre sua vocação. Claro, nem sempre é fácil descobrir isso e
algumas vezes ficar olhando diferentes profissões só atrapalha. Esse sentimento
de não ter vocação para nada, de achar que não vai conseguir escolher profissão
nenhuma é bem comum também, muitos sentem isso.
Mais perto do fim da história, quase que por acidente, ela
descobre sua vocação defendendo o Dudu que estava sendo atormentado pelo Toni. Então
ela descobre que seu talento é ajudar e proteger as pessoas.
Acho que foi o que eu mais gostei da história. Apesar de ela
não ter escolhido uma profissão, Mônica foi capaz de descobrir seu talento e
definiu um foco para sua vida, o que é mais importante. Com o tempo ela pode
descobrir como quer seguir esse objetivo. Muita gente escolhe uma profissão sem
nem saber se tem talento para isso e depois acaba se decepcionando. Mas...
diferente do que o Licurgo disse, essa escolha não precisa ser pelo resto das
nossas vidas. Muitas pessoas largaram seus empregos e tentaram coisas novas e
venceram.
Agora, o que eu realmente não entendi foi aquela cara de bunda
do Cebola olhando para a Mônica quando ele descobriu que ela sim tinha um
objetivo claro na vida.
Talvez porque ele viu que não é tão superior quanto pensa e
que seus planos de dominação mundial não passam de meros delírios. Todos falam
que a Mônica é mandona, mas ele também parece meio obcecado em ter o controle de
tudo e colocar as coisas do seu jeito. E isso pode ser até pior e mais
perigoso. Ao que parece, o objetivo dele não é tão bem definido assim e nesse
ponto a Mônica ganhou dele. É... deve ser por isso que ele ficou com aquela cara
de quem chupou limão.
E ao vê-la defendendo o Dudu e o ajudando a contar a verdade
para seus pais, acho que ela ficaria melhor de advogada. Ela é enérgica, não se
deixa intimidar facilmente e essa profissão vai ajudá-la a cumprir seu objetivo
de ajudar as pessoas. Afinal, não precisa ser algo que use a força física. Aí seria
até subestimar a personagem, dizendo que ela não tem capacidade para estudar. Todos
têm capacidade para estudar sim, contanto que o assunto interesse e agrade. Agora,
estudar coisa chata, que não interessa nem um pouco, é um saco mesmo e ninguém agüenta.
Pois é. Vamos torcer para que a MSP realmente dê uma boa profissão
para a Mônica ao invés de transformá-la em dona de casa que prepara jantarzinho
de camarão na moranga para o marido que chega do trabalho. Nada contra, mas
acho que a vida é muito mais do que isso.
Vocês devem estar se perguntando... e a imagem dessa edição?
Como falei antes, minha câmera digital quebrou e sem ela não dá para passar os
desenhos para o computador. E até eu poder comprar outra, não vai dar para fazer
desenhos originais. Eu posso colorir os da revista porque já estão
digitalizados mesmo. Até lá vai dar para quebrar o galho.
Para compensar a falta do desenho desse mês, tem esse da Magali
que eu refiz usando a imagem da Ed. 33. Divirtam-se! E tem quebra-cabeças também, viu?
Para outra opinião, confira o vídeo do Canal Opinião Turma da Mônica Jovem: