Sabe, me deu vontade de escrever uma nova fanfic. Essa será
bem incomum, mas é algo que me deu vontade de escrever e confesso que não sinto
essa vontade há muito tempo, aquela inspiração de ir escrevendo sem parar. Então
vou aproveitar e escrever. Hoje fiz o primeiro capítulo e só pretendo publicar
quando estiver pronta.
Essa fanfic é centrada no Chico, o que é inédito para mim. Ultimamente
tenho gostado muito das histórias dele e para as idéias que estou tendo, ele se
encaixa melhor do que a turma.
O nome da história será “quando as luzes se apagam” e aqui
está o primeiro capítulo. Dêem uma olhada e me falem o que acharam:
Capítulo 1
- Ah, como é bom poder relaxar um pouco. Que canseira, sô! –
Chico falou sentando no banco do parque feliz por ter um pouco de folga na sua
vida sempre corrida. Era estudo sobre estudo, trabalho atrás de trabalho.
Quantos empregos ele tinha mesmo? Ele tinha perdido a conta.
- Veio relaxar um pouco, não é? – Seu Pereira perguntou
sentando-se ao lado dele.
- Pois é, tô precisando descansar um pouco. Essa vida tá
corrida demais!
- Acho que tudo está corrido hoje, Chico. A vida das pessoas
é trabalhar, trabalhar e trabalhar. Ninguém mais tem tempo para as coisas
simples como sentar num parque e contemplar a natureza.
O rapaz olhou para o lago, onde os marrecos nadavam
tranquilamente sem terem que se preocupar com estudo, trabalho, carreira e
futuro. Que vida boa a deles! Sua única preocupação era com as migalhas de pão
que as pessoas jogavam no lago, apesar das reprimendas do seu Pereira.
Ele sentia falta da vida simples na roça, quando podia
aproveitar as coisas boas sem tantas preocupações. Mas ele cresceu, estava se
tornando adulto, então tinha que assumir a responsabilidade por sua vida. Não
dava mais para viver às custas dos pais. Adultos tinham que trabalhar, ganhar
dinheiro, pagar as contas e cuidar da família.
Algumas pessoas passavam perto do lago sem nem pararem para
ver sua beleza. Estavam apressadas, mergulhadas em seus pensamentos e
preocupadas com diversos problemas. Conta para pagar, emprego, chefe exigente,
talvez problemas familiares, filhos, questões de saúde... tantas coisas!
- Veja como essas pessoas vivem. – seu Pereira falou
tirando-o dos pensamentos.
- Quando as vejo, me pergunto se isso deveria ser vida.
Acordar, trabalhar para ganhar dinheiro, comprar quinquilharias inúteis, comer
comida ruim, passar raiva e stress e dormir para acordar no dia seguinte e
fazer tudo de novo.
- Olhando assim, parece ruim. Mas acho que é assim mesmo...
os problemas da vida pegam a gente de jeito!
- Não sei não, rapaz. Será que as pessoas deveriam se
sacrificar tanto para sobreviver? É triste ver pais e mães de família
trabalhando tanto, sacrificando a saúde e o bem estar só para dar o básico aos
filhos. E também tem pessoas que só querem comprar, comprar e comprar e acabam
trabalhando mais do que precisam, acabando com a própria saúde. Isso é natural?
- Se é natural eu não sei. Só sei que quero me formar,
voltar para vila Abobrinha formado como agrônomo e ajudar meu pai no sítio
dele. Vou fazer muitas melhorias, produzir mais e dar um descanso pra ele,
coitado. Ele e minha mãe trabalharam demais.
- Bonito da sua parte, não nego. Mas o trabalho não é algo
ruim. O problema é viver só para trabalhar, consumir, trabalhar, consumir...
uma vida sem sentido que nem as pessoas sabem por que vivem.
- Isso é. Eu não quero viver assim não. Quando eu casar com
a Rosinha, vamos viver uma vida tranqüila e nossos filhos vão crescer correndo
no chão de terra, brincando com os bichos e nadando no rio. Não quero que
fiquem igual essas crianças da cidade que as mães nem deixam brincar direito.
Os dois conversaram sobre vários assuntos e Chico ajudou o
velho homem em alguns serviços pesados. Quando a tarde estava caindo, Chico
precisou ir embora porque tinha que estudar para colocar a matéria em dia. Após se despedirem,
seu Pereira ficou olhando o rapaz se distanciando. O homem estava apoiado em
sua vassoura, apenas observando.
Alguns pássaros voando no céu fizeram-no olhar para cima. As
aves pareciam agitadas e estranhas. O ar a sua volta estava estranho.
- Que os céus iluminem e protejam esse rapaz. – ele murmurou
bem baixo sentindo grande tristeza e pesar.
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- Tenha santa paciência, Jura! Eu preciso estudar! – Lee
gritou irritado com o som alto do amigo que nunca parecia querer nada com nada.
- Hein? Eu não tô ouvindo! – o rapaz respondeu mexendo o
corpo como se estivesse tocando uma guitarra invisível. Foi preciso que Chico
entrasse na sala e diminuísse o volume do som.
- Dá um tempo, rapaz! A gente precisa estudar.
- Blé, seus chatos! Deixa eu ser feliz, vai!
- Então vai ser feliz lá longe, eu tenho muitas coisas para
estudar.
- Relaxa, Lee! Daqui a pouco você vai ficar todo
esclerosado!
- Grrrrr! Assim não tem quem agüenta!
Chico deixou os dois discutindo e voltou para o quarto.
Jacob também estudava em silêncio e só falou para perguntar.
- O Jura não chiou quando você abaixou o som?
- Claro, mas a gente tem que estudar. Ô lasqueira, tô com
muita matéria atrasada!
- Também, com trocentos empregos! Não sei como você agüenta.
Ele deu de ombros.
- Não tem outro jeito. Meus pais estão passando dificuldade
e não vão agüentar me sustentar e ainda pagar a faculdade. Tenho que me virar
sozinho.
- Que vida... tem hora que eu fico mesmo cansado disso tudo.
Será que não tem outra alternativa? A vida tem que ser tão corrida e
sacrificante assim?
A pergunta ecoava na sua cabeça enquanto ele tentava se
concentrar no livro. Era bem parecido com a conversa que ele tivera com seu
Pereira mais cedo naquele dia. Em alguns momentos, ele se deixava absorver pela
vida na cidade grande. Outras vezes ele parava para se perguntar qual era o
sentido de tudo aquilo.
Claro que ele queria progredir, melhorar sua vida e a da sua
família. Trabalho e esforço nunca o deixaram assustado. Ele podia ter sido meio
preguiçoso e indolente na infância, mas depois de crescido, Chico se tornou
muito trabalhador e responsável. Ainda assim ele se sentia sobrecarregado,
massacrado por tantas coisas que precisava fazer só para poder estudar e pagar
suas despesas.
Ele nunca foi consumista, não comprava roupas caras, nem
tinha carro, também não ia a festas, baladas, não bebia, não fumava e não era
do tipo que pagava mais por produtos só por causa das marcas. Diferente do
Genesinho, que adorava gastar rios de dinheiro, ele vivia uma vida simples, sem
luxo e ostentação. Ainda assim era difícil viver todos os dias. Tinha o
aluguel, a faculdade, comida, material de estudo, as despesas do apartamento...
Talvez para questionamento do seu Pereira fosse certo. Fazia
sentido as pessoas trabalharem tanto só para terem o básico? Se fosse para ter
uma vida luxuosa, tudo bem. Era justo trabalhar e se esforçar mais. No entanto,
ele quase se matava só para manter o básico. Não, isso não era normal. Pelo
menos não deveria ser.
Ele estudou durante o resto da tarde e só largou os livros
para jantar. Quer dizer, comer comida congelada feita no microondas. De vez em
quando ele fazia comida caseira, para deleite dos colegas. Era muito bom
cozinhar, usar ingredientes frescos e saudáveis, comer algo feito na hora e sem
conservantes. Só que ele não podia se dar a esse luxo todos os dias. A rotina
diária não permitia gastar muito tempo na cozinha. Tudo tinha que ser rápido,
fácil, ficar pronto em poucos minutos apertando só alguns botões.
Os rapazes comiam conversando entre si, aparentemente não se
importando em comer comida industrializada. Eles aceitavam isso como normal e
não questionavam. Lee mantinha o nariz enfiado no livro, só desviando os olhos
da matéria para colocar na boca uma garfada de arroz a grega com macarronada ao molho
branco, peito de peru, cenoura e ervilha. Tudo com sabor artificial e aparência
que não tinha nada a ver com a foto da embalagem. Para quem estava tão
acostumado a comer comida caseira, feita no fogão de lenha e com ingredientes
frescos, aquela coisa artificial descia com grande dificuldade. E para beber,
um refrigerante da marca Dolly.
De sobremesa, cada um comeu uma barrinha de chocolate e
todos voltaram aos seus afazeres após uma pequena discussão sobre de quem era a
vez de lavar a louça. Acabou sobrando para o Chico.
“Que saudade da vila Abobrinha... um dia vou voltar pra lá e
virar um grande fazendeiro!” em seus sonhos, ele se imaginava comprando as
terras vizinhas ao sítio do seu pai e usando técnicas modernas e avançadas de
cultivo para tirar o máximo de proveito do solo e aumentar a produção. Com o
dinheiro, ele pretendia melhorar a casa dos seus pais, dando a eles mais
conforto. E também planejava construir uma linda casa para viver com Rosinha e
seus futuros filhos.
Felizmente ela queria continuar morando no interior,
exercendo o trabalho de veterinária. Isso tornava a vida deles totalmente
compatível, o que era bom. Eles podiam viver juntos, com cada um fazendo o que
lhe dava prazer.
Enquanto lavava a louça, ele olhava pela janela com o olhar
perdido, observando as luzes da rua e dos outros prédios. O céu estava limpo,
mas ele não pode ver as estrelas por causa de tantas luzes. Carros, prédios,
postes, outdoors, letreiros luminosos... tantas coisas brilhando ao mesmo
tempo! Um sentimento desagradável invadiu seu peito. Era algo que oprimia,
causava ansiedade e um grande incômodo.
Seu estômago mexia de forma estranha e ele sentia calafrios
pelo corpo inteiro. O rapaz parou o que estava fazendo e continuou olhando a
paisagem pela janela. Alguma coisa ali estava muito estranha. Sua intuição lhe
dizia que algo estava acontecendo, ou prestes a acontecer. Um vento soprou em
seu rosto e tinha cheiro de mudança.
Um brilho fraco passou pelo céu, fazendo-o ter um
sobressalto. Será que ele tinha visto direito ou era só sua imaginação?
- Ara, acho que tô pensando demais, isso sim! – ele falou
consigo mesmo e tratou de terminar todo o serviço e voltar aos estudos. De que
adiantava reclamar da vida cansativa que estava levando? Ele sabia que era
apenas temporário e também necessário para que pudesse ter algo melhor. Tudo
aquilo era por uma boa causa e para alcançar os objetivos, era preciso
trabalhar duro e perseverar. Pensando assim, ele terminou de lavar a louça e
voltou para o quarto.
Ainda assim aquele sentimento estranho persistia, lhe
incomodando de forma dolorosa.
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Duas horas da manhã. Um clarão forte encheu o céu em algumas
partes, fazendo um belo espetáculo com luzes em diversos tons de verde e rosa.
Poucas pessoas viram esse espetáculo incomum da natureza, geralmente visto
apenas nas regiões polares da Terra.
Então as luzes se apagaram.
E a sua fanfic "Contos de Halloween" ? Ela já acabou ? Porque quando eu fui ler dizia que ainda não tinha sido concluída.
ResponderExcluirAdoro suas fanfics :)
Nossa, em junho eu tinha escrito o primeiro capítulo de uma fic do Chico Moço, mas não deu muito certo... vou te mandar pelo privado no Nyah!.
ResponderExcluirMuito bom!! Só uma coisa, acho que o nome é Jácomo, não Jacob :))
ResponderExcluirdemaiis :D
ResponderExcluirHey, acho que tenho uma ideia do que aconteceu na sua história: Foi uma inversão de polos, não foi?
ResponderExcluirJá vi um documentário que dizia que caso os polos se invertessem toda a nossa tecnologia acabaria sendo afetada pelo eletro magnetismo, daí a escuridão.
Na verdade, foi uma tempestade solar, algo que tem muito mais chances de acontecer do que a inversão dos polos. Em 2012, a Terra quase foi atingida por uma que foi bem grande e teria causado essa escuridão em vários países caso nos acertasse.
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