quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

TMJ#76: Umbra, a última batalha - Críticas


Gente, vou logo avisando que minhas críticas tem spoilers. Aqui tem revelações do enredo, então quem ainda não leu, pense bem antes de continuar.

Finalmente chega o final de Umbra. Três meses até que passaram depressa. E o que dizer dessa super saga? Rapaz, essa vai mesmo entrar para a história, não só pelo excelente roteiro, como também por trazer coisas tão diferentes e que não vemos na TMJ com freqüência. Essa saga teve uma pegada mais sombria, tratando de temas como a morte com grande freqüência.

Trama foi super elaborada, dando voltas e reviravoltas. Muitas coisas não aconteceram como esperávamos e os clichês foram bem administrados. É para ser lida várias vezes até assimilar bem. Raramente eu leio uma edição mais de duas vezes, mas nesse caso devo ter lido pelo menos umas quatro.

Ele usou uma grande quantidade de personagens sem deixar a história confusa e bagunçada. Cada personagem teve seu lugar, apareceu na hora que devia aparecer. E conseguiu também fazer com que personagens sem nenhum entrosamento trabalhassem juntos e salvassem o dia sem depender da Mônica e do resto da turma. Foi bom ela ter tido um descanso.

Essa ed. deixou pistas sobre coisas que podem acontecer no futuro, como o lance dos 4 cavalos. Aliás, foi uma saga capaz de fazer os leitores pensar um pouco, botar a cabeça para funcionar e resolver os enigmas e mistérios. Muitos foram pesquisar quando ele deu aquele número 11991, outros devem ter pesquisado sobre a marca de IOR. Não foi algo para ser lido passivamente e depois deixado de lado.

Vixe, são tantas coisas para falar! Eu tentei, gente, mas o post vai ficar grande.

Uma das coisas de que mais gostei foi ver elementos de suspense e terror sendo intercalados com momentos de comédia. Nós vemos isso bem quando Creuzodete contava a história de Berenice para Denise e Sofia. Enquanto a vidente falava coisas sérias, Denise ia zoando aqui e ali. As briguinhas das duas, Creuzodete socando a mesa e depois pulando em cima da Denise foram muito engraçadas.

O bom mesmo é que o humor ajudou a suavizar as coisas, mas não quebrou a tensão. A história seguiu seu rumo naturalmente. Teve humor até quando o Cebola estava enfrentando os espíritos dos amigos dele. Aliás, esses espíritos conseguiram ter um pouco mais de personalidade e não pareceram somente bonecos manipulados. Tanto que eles se chamavam pelos nomes.

Eu também adorei a participação do Xaveco e aposto que ninguém nunca pensou em vê-lo todo turbinado, forte, durão e cheio de marra. A aparência dele mudou bastante, deixando-o mais maduro e também bonitão. A Denise aprovou! No caso dele, ainda não sabemos como ele fez essa viagem no tempo, nem como era o futuro de onde ele veio. Talvez porque isso não seja importante para a trama. Se for, então será revelado no futuro caso ele reapareça. Afinal, ele ainda precisa encontrar a Denise do futuro para poder ir embora. 

Confesso que vê-lo em Umbra me leva a compará-lo com o Xaveco da ed. 50, que tinha a aparência quase igual da de quando ele era jovem. Mas claro, essas edições foram escritas por roteiristas diferentes. Aliás, para mim é mais uma evidência de que essa edição foi um erro, porque agora eles não podem mudar as coisas sem que os leitores digam que na ed. 50 aconteceu diferente. 
  
A participação do Zé Beto e Crispiano também foi muito boa, melhor do que eu esperava. Eles foram ativos, participaram da ação e trouxeram muito humor e descontração no meio de uma luta séria. Não foram só para encher espaço. Gostei do jeito deles de falar, do sotaque e de como eram descontraídos na maior parte das vezes, não mostrando medo de enfrentar o perigo e em momento algum fugiram apavorados deixando o restante para trás.

Por exemplo, eu ri na parte onde eles bateram na Mônica e falaram que tinham matado o coelho da páscoa. E quando o Zé Beto endoidou o cabeção e saiu correndo pelado pela floresta? Gente, olhem muito bem essa cena, porque é a primeira vez que vemos nudez na TMJ! Hahaha, essa foi demais! Eles deviam colocar mais cenas assim.

E meldels, a cena da Sofia acabando com a valentia deles falando que a Berenice ia beber o sangue de todo mundo, comer as tripas e depois destruir a humanidade antes do café da manhã foi ao mesmo tempo macabra e divertida.

O melhor de tudo é que nessa edição, todas as perguntas foram respondidas no seu tempo e tudo explicado. A meu ver, não ficou nenhuma ponta solta. Se ficou alguma coisa, sei que será respondida nas próximas edições da super saga.

A primeira explicação de todas foi a verdadeira história de Berenice e tudo o que aconteceu depois que ela perdeu a filha. É impressionante como uma pessoa boa pode mudar e até se tornar mais dura e cruel com a perda de um ente querido. Claro que não estou justificando as ações dela, mas pelo menos pudemos entender que ela fez o que fez por causa da grande dor que sentiu ao perder a filha. Um golpe duro para qualquer mãe.

Enquanto isso o Cebola passa vários apertos com os espíritos manipulados e é preciso que Xaveco e os outros venham ajudá-lo, já que ele estava sozinho. Só que depois disso a coisa ficou tensa quando o Xaveco socou a cara dele. Eu não me lembro de ter visto algo assim na TMJ. E sim, o Cebola mereceu. Nessa hora, descobrimos que ele sabia dos fantasmas de Umbra e não falou nada porque queria fazer o documentário, filmar uns fantasmas e ficar famoso. É isso aí, pessoal. Cebola fazendo cebolice. Só que dessa vez as conseqüências foram bem mais sérias, tanto que o objetivo do Xaveco não era exatamente salvá-lo e sim salvar o mundo dele. Tenso, não?

Também foi tenso ver todos os podres dele serem apontados de uma vez só. Acho que nunca o vi sendo tão confrontado com seus erros antes, mas foi necessário. Ele precisava entender que tem um lado ruim precisando ser melhorado. Afinal, foi essa parte dele que atraiu a menina do lago.

Mas então ele é ruim, perverso, o cão chupando manga? Eu diria que não. Todos nós temos um lado bom e um ruim. Mesmo pessoas muito boas podem atrair espíritos e influências ruins em determinados momentos da vida, porque ninguém consegue se manter na luz o tempo inteiro. Sempre teremos raiva, inveja, ciúme e outras emoções negativas, eventos tristes e até traumatizantes. Ainda teremos nosso lado sombrio por muito tempo, pois não dá para acabar com ele de uma vez só. 

Apesar de ter antipatia pelo Cebola, eu não o vejo como uma pessoa ruim. Ele é desmiolado, inconseqüente e por ser muito ambicioso e fominha de poder, fama e glória, pode acabar se tornando meio egoísta e capaz de passar por cima dos outros para conseguir o que deseja.

Só que ele não faz isso por maldade, faz porque ainda não aprendeu a pensar e refletir sobre as conseqüências dos seus atos. Por enquanto, ele é do tipo que só enxerga seus objetivos e faz de tudo para alcançá-los, mas ainda não aprendeu a tomar cuidado para não sair passando por cima dos outros. E cá entre nós... muita gente vive décadas e nunca aprende.

O Cebola não tinha real consciência do que estava fazendo e das conseqüências dos seus atos. Claro que ele errou ao não dizer toda a verdade para a turma. Eles tinham o direito de saber onde estavam se metendo e assim escolher se queriam ou não participar, mas ele fez isso porque não achou que as coisas fossem tomar aquele rumo tão inesperado.

Pelo menos agora ele tomou consciência desse lado ruim e do estrago que pode causar. Esse personagem precisa passar por um grande processo de amadurecimento porque dos quatro, foi o que menos amadureceu. Parece que estão tentando tirar esse atraso a partir da ed. 71 e ainda pode durar várias edições porque ninguém muda do dia para o outro.

Ah, e a cara da Denise e da Sofia ao descobrirem que tinham trabalho de escola foi impagável. Também já passei por esses apertos. Aliás, já aconteceu várias vezes de eu esquecer o dia da prova e ser pega de surpresa. É um sentimento de aflição que eu não desejo para ninguém!

Depois que o Cebola entendeu o tamanho da burrada que tinha feito, eles precisaram correr para derrotar Berenice, só que chegaram tarde. Bem... que graça teria se tivessem chegado cedo?

E sabem uma parte que até me pegou de surpresa? Foi quando Berenice completou o ritual e trancou sua filha dentro do crânio. Tipo assim, por um pequeno instante eu achei que ela tinha percebido a grande titica que estava para fazer e por isso mudou de idéia na última hora. Nem me passou pela cabeça que no fim ela ia se fundir a filha dela para que as duas ficassem juntas. Nessa hora também foi explicado por que ela parecia mais velha apesar de não ter nem 50 anos. 

Aí a coisa começa a ficar séria, com a grande batalha e todo mundo passando o maior aperto com a Jumenta. O jeito foi todo mundo voltar para Umbra, mas não dava para ficar lá eternamente enquanto o mundo era detonado sem dó. Então o Cebola precisou mais uma vez admitir que tinha feito uma grande titica e só então pode botar a cabeça para funcionar e bolar um plano decente. Eu gostei dessa parte porque ele conseguiu coordenar e organizar tudo, bolando boas estratégias e colocando cada um para fazer sua parte.

E foi um milagre todo mundo ter confiado nele apesar de tudo. mas valeu a pena, pois graças ao plano dele os poderes dos filhos de Umbra foram melhor aproveitados. Antes eles tinham atacado de forma desordenada, depois agiram com mais inteligência e estratégia. Essa parte foi incrível e bem sombria porque tivemos rios de sangue, depois mortos emergindo e atacando. Sim, tivemos um exército de zumbis usado para o bem. Não se vê isso todos os dias! Foi legal também saber qual era o poder da viúva. Bem sinistro, não? Mas muito bem coordenado.

Quando os três foram libertados, puderam sair das suas covas e essa cena também foi dramática porque deu para sentir o medo e também a raiva da Mônica. Foi de doer o coração ver a Magali repetindo que não estava morta e o pânico do Cascão. Ser enterrado vivo é um dos maiores pesadelos para qualquer um.

E gente, o Xaveco sendo o herói e encarando o bichão no muque foi realmente demais! Rapaz, ele botando moral nela, falando que ela não sabia o que era sofrimento de verdade, eu jamais iria imaginar o Xaveco nessa situação. E por qual sofrimento ele teria passado? Será que no futuro dele, a Berenice tinha vencido e condenado a humanidade? E aqueles braços musculosos? Meldels!

E mais uma vez, vemos os personagens trabalhando juntos e em sincronia. Enquanto o Xaveco distraia a Berenice, Cebola junto com Zé Beto e Crispiano detonavam o Perna de Pau. Será que mais alguém aí notou o Crispiano dando um chutão bem nos países baixos dele? Yes, zueira never ends!

Quando o Porta-Voz dominou a Berenice, todo mundo achou que tinha vencido. Rolou até beijo de Denise e Xaveco, uia! E aquela frase dela “lacramos as inimigas”? Pena que nem tudo saiu como imaginado e ela conseguiu expulsar o Porta-Voz da sua mente. Então foi preciso que os filhos de Umbra usassem sua luz, que ainda não foi suficiente. Aí chegou a hora do grande clímax, do Cebola dar a própria vida para salvar o mundo.

E mais um vez, Bailarina se saiu muito bem em suas ilusões, pois foi capaz de enganar Berenice fazendo-a pensar que sua filha estava sendo levada embora. Só assim para atraí-la até a porta de Umbra. Aí o Absinto fez o serviço dele, empurrando-a lá para dentro e a Sofia fez o resto. Gente, eu também adorei essa parte, viu?

Mais uma vez a dupla sertaneja arrasou e Sofia fechou tudo com chave de ouro detonando a porta. Claro que fiquei me perguntando como o Violinista conseguiu carregá-la, mas por ser um espírito deve ser muito forte também. Não importa, foi tudo muito bem feito.

O mais legal é que eles resolveram tudo sozinhos, sem ter que contar com a Mônica para salvar o dia. Ela só apareceu a tempo de ver o Cebola morrendo e quase se declarou para ele. Puxa, os cebonicos devem ter dado pulinhos de alegria achando que eles iam se resolver, né? Só que não foi dessa vez...

Ah, eu também adorei quando Dona Morte apareceu outra vez. Quando ela participou da ed. 75, achei que ia ser só isso, então não esperava que ela fosse dar o ar da graça novamente. As surpresas não param de surgir! E cá entre nós, gente... a morte do Cebola lembrou ou não lembrou a história ghost de Cebolinha dos gibis? A última parte, com ele em espírito despedindo da Mônica foi muito tocante e lembrou o filme também, apesar de dessa vez ela não ter conseguido vê-lo.

E do mesmo jeito que aconteceu na historinha, Dona Morte o mandou de volta porque não podia levá-lo por causa do selo da serpente. Ela só ia poder buscá-lo no fim do mundo. Perguntas. Muitas perguntas surgiram nessa hora. Tipo assim... ou o Cebola ficou imortal, ou o fim do mundo está mais próximo do que a gente imagina.

Ela falou que o mundo ia acabar quando o último cavalo surgir. Pelo visto, vai ser história para as próximas edições. O cavalo da guerra foi a Penha, o da morte foi a Berenice. Há quem diga que o cavalo da peste será o Capitão Feio, o que faz todo sentido. Falta o da fome. Meu primeiro palpite é a Magali, mas é claro que nem tudo nas historias do Emerson funciona como imaginamos. Acho que vou fazer um post sobre esses cavalos depois, senão esse fica comprido demais.

O importante é que o Cebola voltou a vida, a Mônica ficou feliz e tudo teria dado certo se a Denise, fofoqueira suprema do bairro Limoeiro, não tivesse falado demais e contado que o Cebola tinha causado toda aquela presepada. Quase o coitado morreu de novo. Então, tudo acabou. Eles voltaram para casa, a Mônica parou de falar com ele novamente e o trabalho não chegou a ser concluído.

Quem acompanha o facebook do Emerson deve saber que ele precisou fazer uma pequena alteração na história para adaptar ao namoro da Mônica com o DC. Na idéia original dele, tinha cena de beijo. Isso teve que ser tirado porque agora ela namora o DC. Mas foi coisa pequena, não alterou o roteiro principal da história. Claro que os cebônicos devem ter ficado chateados, mas a vida é assim, né...

E para não atrapalhar as próximas edições, ele teve que fazer outra alteração de forma que no final, a Mônica parasse de falar com o Cebola outra vez. Assim as histórias da Petra podem seguir seu rumo normal sem interferência.

Então as sete crianças foram libertadas. Como eles não tinham morrido (foram apenas sedados) e colocados em Umbra, eles voltaram a vida com o mesmo corpo e idade que tinham a vinte anos atrás. Parece que quando a pessoa vai para Umbra, ela não envelhece. Já a Denise, coitada, não pode ficar com o Xaveco do futuro porque ele precisa procurar a Denise dele. Ainda assim não é razão para ficar triste. É só ela esperar mais um pouco para poder namorar aquele Xaveco tudo de bom. Acho que ela nunca mais vai olhar para ele com os mesmos olhos. É capaz até de começar a pegar no pé dele para malhar mais, alisar os cabelos, usar roupa de cowboy...

Tudo ficou bem, apesar da Creuzodete ter ficado muito triste com a morte da Berenice. Até eu fiquei. Quer dizer, a Berenice sempre se mostrou simpática e engraçada. Era uma boa personagem e após anos de convivência, Creuzodete deve ter criado laços de amizade e também achou que ela tinha salvação. Deve ser difícil dedicar tanto a ajudar uma pessoa e no fim vê-la caindo sem poder fazer nada. Mas no resto, tudo acabou bem.

E fim. Oi? Não, parece que não é o fim. No meio do caminho, Cascão (fazendo uma cara super engraçada) acabou nos deixando com a pulga atrás da orelha. E se os filhos de Umbra soubessem o tempo inteiro que precisavam da ajuda da turma para derrotarem a Berenice e voltar à vida? Afinal, eles podiam ter avisado desde o início sobre o perigo sem armar todo aquele espetáculo na casa. Quer dizer, eles deviam saber que o Cebola era teimoso o suficiente para não se amedrontar com esse tipo de coisa, então assombrar a casa seria inútil. O melhor era chegar neles e falar de forma civilizada. Só que não fizeram isso e os fatos se desenrolaram até eles serem libertados.

Ver a cidade sendo dominada por eles no final comprova a teoria do Cascão. Eles eram boas pessoas no passado, mas depois de vinte anos no purgatório muita coisa mudou e agora eles controlam a cidade inteira. Não sabemos se isso é bom ou ruim, se vão maltratar o povo ou apenas manter as coisas do jeito deles. O final ficou com reticências ao invés de realmente ser o fim de tudo, o que é bom. Deixa todo mundo ansioso por mais e o Emerson falou que vai voltar a falar dos filhos de Umbra bem lá para frente.

Antes de terminar, só queria fazer uma pequena observação. Nessa história, Dona Morte leva Berenice e sua filha para o inferno. Acontece que eu não acredito em céu e inferno. Por ter estudado o espiritismo durante um tempo, creio que ninguém é condenado eternamente sem nenhuma chance de melhorar e se redimir. Todos têm sua chance um dia, mais cedo ou mais tarde. Acho que essa é a única parte da história com a qual eu tenho restrições. Fora isso, a história ficou excelente e que venham mais edições dessa super saga!

Essa foi a crítica. Sei que ficou enorme, mas não teve jeito. Era muita coisa para falar!


E aqui, um mega vídeo não somente sobre a ed. 76 como também toda a saga de Umbra. Não deixem de assistir!