Depois do meu post anterior O Cebola é um vilão? surgiu outro questionamento de que o Emerson é quem está vilanizando o personagem. Bem... eu sei que as histórias do Emerson não são unanimidade. Tem leitor que adora, tem leitor que detesta. Mas no geral todos ficam satisfeitos porque também temos as histórias da Petra e do Cassaro, que trazem variedade.
E querem saber de uma coisa? Eu adoro as histórias do Emerson. Também tem uma quantidade enorme de fãs que adoram e a movimentação do facebook dele prova isso muito bem. Dentro do que é proposto, as histórias dele são ótimas. Podem não ser perfeitas, isentas de defeitos e furos porque isso é muito difícil. Mas dentro do possível, elas são sim muito boas.
“Ain, mas o Emerson está transformando o Cebola em vilão.”
Eu já expliquei em post anterior que a idéia de que a MSP está transformando o Cebola em vilão simplesmente não faz sentido. Na saga dele eu digo a mesma coisa.
“Ain, mas na ed. 79 o Cebola destrói o futuro.”
Na ed. 48 também e ninguém ficou de mimimi-mómómó por causa disso. Nesse caso foi pior porque ele fez isso sem usar máscara nenhuma.
No meu post anterior eu expliquei isso muito bem explicadinho, mas vou tentar detalhar mais aqui:
As máscaras da Berenice fizeram com que os espíritos perdessem o lado humano, os sentimentos e a empatia pelas pessoas. Uma pequena explicação que pode ser meio chatinha, mas a meu ver é necessária.
A mente humana é dividida em Id, Ego e Superego. ID vocês conhecem. O Superego representa os valores e normas sociais. É nele onde estão os conceitos de certo e errado, moral e imoral que a gente vai aprendendo ao longo da vida. Quando fazemos algo errado, o Superego nos pune com o remorso e peso na consciência. Ele também procura inibir os impulsos do ID e nos levar a um ideal de perfeição. Já o ego meio tenta conciliar as duas coisas, mas explicar isso aqui é desnecessário.
Saindo um pouco da psicologia e entrando num campo mais transcendental, dizem que também temos um eu superior. É meio difícil definir o que significa. Dizem que é o nosso “Ser Maior”, a verdadeira Luz que cada um “é” ou “deveria ser”. Também chamam de Cristo interno e é nele onde fica nossa sabedoria, capacidade de amar, ter empatia, compaixão, solidariedade e nos empurra em direção ao crescimento tanto pessoal como espiritual. Claro que isso vai depender das crenças de cada um, porque a existência do eu superior está ligada a existência da alma e nem todos acreditam nisso.
Pois bem. Com base nessa explicação, o que aconteceu com a turma quando eles colocaram as mascaras da Berenice? NA MINHA OPINIAO PESSOAL (que não é infalível e pode não estar correta), essas máscaras bloquearam o superego deles (aquele que nos deixa de acordo com os conceitos de certo e errado dados pela nossa sociedade). Em um sentido mais espiritualista, essas máscaras também bloquearam o eu superior deles, tirando os sentimentos de compaixão, empatia e amor ao próximo.
Isso aconteceu com a Mônica, Cascão e até com a meiga e doce Magali. Então era de se esperar que acontecesse com o Cebola também. Isso explica, inclusive, por que ele mandou um exército para eliminar a Mônica e as outras garotas. Essa parte do Cebola, sem o superego e o eu superior, não tinha mais nenhum sentimento por ela.
Uma vez que a máscara bloqueou seu superego e o eu superior dele, então não havia mais nada que pudesse detê-lo. Todos nós temos um lado sombrio ou o ID. Só que esse lado não nos domina totalmente por causa do nosso superego. No caso daqueles que colocaram a máscara da Berenice, o superego (e certamente o eu superior) foi bloqueado. Sem ética, sem empatia, sem consciência moral, sem compaixão. Está dando para acompanhar até aqui? Alguma dificuldade? Não? Beleza.
Aquele Cebola malvado do futuro era apenas o lado sombrio dele que, sem o superego avaliar o que era certo ou errado, estava livre para se manifestar sem nenhum tipo de limite ou controle. E sem o eu superior, também não havia compaixão nem empatia pelas pessoas a quem ele prejudicava. É como se o ID dele tivesse ficado livre para agir, sobrando apenas uma criatura que agia somente visando seus interesses sem nenhum tipo de consciência pelo próximo. Basicamente, um psicopata.
Conclusão: aquele vilão futuro não era o Cebola em sua totalidade. Era apenas o seu lado sombrio e ganancioso agindo livremente sem nenhuma consciência para controlá-lo. Está aí a minha explicação para a suposta “vilania” do Cebola nas histórias do Emerson.
Quando falaram dos defeitos dele em Umbra, falaram desse lado sombrio, o ID, coisa que todo mundo tem e o Cebola não é exceção. Mas isso não quer dizer que ele estava sendo vilanizado ou colocado como um sujeito perverso e totalmente distante da luz. Alguém precisava dizer a verdade para ele, fazê-lo cair na real e perceber seus defeitos de uma forma mais profunda e consciente.
Quando falaram dos defeitos dele em Umbra, falaram desse lado sombrio, o ID, coisa que todo mundo tem e o Cebola não é exceção. Mas isso não quer dizer que ele estava sendo vilanizado ou colocado como um sujeito perverso e totalmente distante da luz. Alguém precisava dizer a verdade para ele, fazê-lo cair na real e perceber seus defeitos de uma forma mais profunda e consciente.
O mais engraçado é que nas ed. 51, 52 e 63 o Emerson fez o Cebola ter uma personalidade bacana. E mesmo em Umbra, ele mostrou ter consciência dos seus atos, chorou, se arrependeu, entendeu que tinha feito coisa errada e até se sacrificou para salvar o mundo da Berenice. Mas isso ninguém viu, né? Ou no máximo apontam apenas como uma contradição, como se uma pessoa fosse somente boa ou má, nunca as duas coisas.
É como dizem por aí: temos luz e trevas dentro de nós. O Cebola tem trevas dentro dele sim (Mônica, Cascão e Magali também tem), mas isso não o transforma em vilão porque ele escolheu seguir a luz, escolheu arrepender, ter consciência dos seus atos e pensar nas outras pessoas. Sabe, as vezes acontece de um personagem fazer algo errado e arrepender sinceramente. Meldels, isso não é coisa do outro mundo, não tem nada de sobrenatural, estranho, absurdo ou contraditório. O Emerson não é o primeiro roteirista da história da humanidade a fazer esse tipo de coisa.
Se é intenção da MSP fazer o Cebola trilhar um caminho para a melhora e evolução, então nada mais
normal do que mostrar o lado ruim dele primeiro. É preciso que a pessoa tenha consciência desse lado sombrio e do que pode acontecer caso ele se manifeste sem controle. Se não tivermos consciência desse lado, não seremos capaz de controlá-lo. A pessoa deve conhecer esse lado, entender, se harmonizar com ele. Só assim ela poderá romper com essas sombras e evoluir.
Claro que a saga dele ainda está no começo e eu não sei quanto tempo vai durar. Muita coisa pode acontecer. Mas fiquem tranqüilos que o Emerson não vai destruir a TMJ e nem levar a MSP a falência. Ele não está estragando nada, está acrescentando, complementando e dando diversidade que a revista precisa. As histórias dele têm humor, emoção, suspense, coisas que nem imaginamos ver nas histórias dos outros roteiristas.
E vamos lembrar de uma coisa: todo roteiro produzido, seja do Emerson ou de qualquer outra pessoa, tem que ser aprovado pelo Maurício. Então saibam que o Maurício leu as histórias dele e viu tudo o que foi feito com o Cebola. E mesmo assim aprovou. Roteirista nenhum publica a história sem aprovação dele, tenham isso em mente.
Tenham em mente também que o Maurício foi responsável pela criação da turma da Mônica, um ícone nacional que faz sucesso há 50 anos. Ele também é responsável pela criação da TMJ, uma revista que chegou a desbancar a DC Comics. Nenhuma lambança ou time sem capitão teria chegado tão longe e acho que o Maurício deve saber uma coisa ou duas sobre história em quadrinhos, certo? É como dizem por aí: avaliamos a árvore pelos seus frutos.
Com base nisso, eu confio sim no julgamento do Maurício. Claro que ele não é infalível, não é Deus e está sujeito a erros como qualquer ser humano, mas imagino que alguma experiência e capacidade ele deve ter e isso o torna perfeitamente apto a avaliar e aprovar a saga do Emerson. Sem falar que por detrás dele também deve ter uma equipe inteira. Será que são todos burros e incompetentes então?
E não vamos esquecer que foi o Mauricio quem criou o Cebola e por isso deve saber, melhor do que ninguém, o que faz ou não parte da personalidade dele. Se ele aprovou as ed. de Umbra e a 79, podemos concluir que também aprovou a forma como o Cebola foi mostrado.
Ninguém é obrigado a gostar das histórias do Emerson, então sintam-se livres para odiá-las com todas as suas forças. Mas tenham em mente que gosto pessoal não é fato e nem verdade absoluta. Só porque vocês não gostam de algo não significa que seja ruim, fadado ao fracasso, lixo, etc. É apenas algo de que vocês não gostam. Afinal, eu também não gosto de jiló e nem por isso fico achando que é algo ruim, errado, lixo ou que um restaurante pode ir a falência por servir algum prato feito com jiló. É apenas um gosto pessoal meu, mas se aparecer alguém elogiando o jiló e falando maravilhas dele, por mim tudo bem. Posso conviver com isso numa boa.