domingo, 15 de março de 2015

TMJ#79: Sombras do Futuro - Críticas


E aí, gente? Dia da crítica da ed. 79. Eu demorei um pouco mais para dar tempo a quem ainda não leu porque minhas críticas tem spoilers.

Olha, a história já começou com barraco, gritaria e confusão. Isso sim é jeito de se começar, não é?

Essa edição prometeu responder algumas questões que ficaram no ar e de certa forma cumpriu a promessa, embora tenha levantado outras. Mas não se preocupem. O Emerson já deixou bem claro: o que não foi respondido nessa edição, será no futuro. Vai levar um tempinho, então o jeito é sentar e esperar.

A história mostrou o futuro alternativo que motivou a volta do Xavecão e da Denise ao passado para mudar tudo. Pelo menos isso foi bem esclarecido e descobrimos como e por que eles voltaram. Descobrimos também o que aconteceu para eles terem se separados e acho que agora sabemos por que a Denise do futuro estava com raiva do Xavecão, já que ele soltou a mão dela e ela acabou ficando para trás na casa fora do tempo. De quebra, descobrimos a parte que faltava da frase que ele vivia falando quando encontrava a Denise “como conseguiu escapar da...” agora sabemos que é a casa fora do tempo.

Será que só eu adorei essa casa? Sei lá, é misteriosa, instigante. Uma coisa que com certeza deveria aparecer em outras histórias também. Na ed. 63, essa foi a parte de que mais gostei.

O futuro relatado pelo Xavecão foi realmente sombrio e tenebroso, governado pelo Cebola. Ou pelo que tinha sobrado do Cebola. Finalmente descobrimos o que o Xavecão quis dizer quando falou que ele era mais perigoso morto do que vivo. Como no passado original ninguém interferiu, ele se tornou um dos guardiões da soleira e inicialmente ficou do lado da Jumenta Voadora, mas depois se rebelou contra ela porque a máscara aumentou seu intelecto, fazendo-o pensar por conta própria e a questionar sua mestra. De certa forma tudo a ver, pois uma pessoa como o Cebola quer estar sempre na liderança, nunca como seguidor.

E, claro, mais uma vez ele ferrou com todo o futuro. Oficial: ele é uma ameaça a sociedade. Mas dessa vez acho que podemos dar um desconto porque aparentemente as máscaras da Berenice removeram os traços de humanidade do pessoal, meio que deixando só a parte fria e lógica. No caso dele, tirou quaisquer sentimentos de compaixão e ética. Sem isso, os defeitos dominaram e ele fez o que fez. Mas confesso que não entendi como ele convenceu a turma a voltar para seus corpos porque em Umbra, eles pareciam gostar de ser espíritos. Só mesmo se o poder de manipulação dele era muito grande.

O que me deixou meio bolada em determinado ponto foi a “guerrinha dos sexos” que se formou. Todas as garotas ficaram do lado da Mônica e só os rapazes ficaram do lado do Cebola. Tipo, será que os rapazes eram tão ruins assim e só precisavam de uma oportunidade para colocarem toda sua ruindade para fora? Ou será que os poderes de manipulação do Cebola cresceram a ponto de ser capaz de suplantar qualquer indício de bom senso e ética nas pessoas?

Talvez ele tivesse sido convincente demais ao dizer que o mundo ia se tornar um lugar muito melhor. Lembrem-se de que Hitler foi muito eficiente ao convencer a Alemanha de que era certo matar milhões de pessoas em campos de concentração. Mas aí vem o questionamento: é possível levar uma pessoa a fazer algo que vá totalmente contra seus princípios? Ou ela só faz porque no fundo pensa da mesma forma e só queria uma oportunidade para fazer algo que normalmente não faria por medo ou consciência? O Franja pareceu ter ficado bem ruim. Será que no fim das contas é alguém com maldade dentro de si só esperando uma chance de colocá-la para fora? Mas ainda assim essa divisão nos gêneros não se justifica muito a meu ver. Ficou como se as garotas fossem boas e os rapazes fossem maus. 

Uma coisa que me deixou assim na dúvida foi a amizade entre Magali, Mônica e Cascão ter se desfeito sendo que o mais lógico era os três se reunirem para enfrentar o Cebola. A não ser que algo mais tenha acontecido e feito com que Magali e Cascão tomassem caminhos diferentes.

E eu gostei de ver as mulheres lutando, defendendo seu lar, indo para a guerra com força e coragem. Na vida real isso acontece, mas muita gente prefere fechar os olhos, ignorar e bater o pé insistindo que isso não existe. Cada um com suas ilusões.

Claro que eu fiquei meio de lado com as armaduras, que pelo visto foram desenhadas mais para serem bonitas do que para proteger o corpo. Quer dizer, uma roupa que deixa a barriga à mostra não é muito eficiente. O inimigo pode acertar a barriga e os órgãos moles, pode quebrar costelas e danificar o pulmão. E se o pulmão for perfurado, por exemplo, a pessoa pode se afogar no próprio sangue.

As pernas também ficaram muito expostas e um golpe certeiro poderia quebrar ou causar um grave ferimento que impediria a guerreira de continuar correndo. Aliás, essa questão das roupas de guerreiras e lutadoras gera um grande debate no mundo dos jogos por causa do sexismo que existe por detrás das armaduras feitas para as mulheres que são mais para agradar aos homens do que para protegê-las. Os guerreiros não têm esse mesmo tratamento e não são obrigados a lutarem usando fio dental de ferro.

Voltando ao assunto, eu gostei bastante do protagonismo dado a Denise. Mônica ficou como líder da resistência, protegeu as pessoas, ensinou a lutar, organizou toda a luta, etc. mas isso não tirou o destaque da Denise e sua importância. E aposto que todos devem ter gostado de ver a Magali como bruxa perversa e maluca. Eu pelo menos gostei.

Imagino que ela ficou louca porque sua mente não suportou a expansão de consciência que seus poderes trouxeram. Certamente porque não havia preparo, maturidade para lidar com uma quantidade enorme de informação sem surtar. Foi bem sinistro saber que ela foi capaz de matar três pessoas, entre elas sua tia Nena que tanto fez parte da sua infância. E seu isolamento numa região congelada imediatamente fez lembrar de Frozen. Ela ficou tipo uma Elsa, só que mais perigosa por causa da sua mania de perseguição e achar que todo mundo queria roubar seu poder.

Tenso mesmo foi a Mônica ter tomado a decisão de matar definitivamente o Cebola. Quer dizer, ele já estava morto, só faltava cair mesmo. Parece que nesse futuro, muitos laços de amizade e amor foram rompidos e fiquei imaginando como devem ter ficado as famílias da Magali, Cascão, Cebola e dos outros rapazes por terem perdido seus filhos dessa forma. Bem sinistro, não?

Outro personagem que nos pegou um pouco de surpresa foi o Cascão, que pegou novamente com os poderes do Capitão Feio e dessa vez ficou mal. E ao que parece, esses poderes foram herdados. Tem uma história no gibi onde o Feio queria adotar o Cascão e torná-lo seu herdeiro. Uma pena não terem falado mais a respeito, mas já sabemos que isso será mais detalhado no futuro, assim como o caso da Magali também.

Uma coisa que surpreendeu também foi ver os rapazes transformados em ciborgues. E se voltando contra os antigos amigos de infância. O Quim foi um exemplo disso. Tipo assim, como alguém aceita ser transformado em uma máquina de guerra sem questionar? Sem falar que a parte onde ele atropela Magali por causa do portal da Marina foi dramática, porque antes eles eram namorados e no fim acabaram meio que se matando. Se bem que não sei se é possível matar a Magali porque ela é imortal, sei lá.

Outra coisa que surpreendeu foi o aparecimento do Humberto como o Silencioso. Acho que ninguém esperava isso, certo? Nem eu. Então parece que ele vai aparecer outra vez em alguma outra história por aí. Tomara, seria interessante.

A história intercalou bem momentos sombrios e dramáticos com humor, gritaria e zueira para aliviar um pouco a tensão. Sem falar que adorei a volta do Zé Beto e Crispiano.

Para quem sentiu falta de falarem mais do Cascão e Magali, o Emerson disse que os eventos que os deixaram daquele jeito ainda vão ocorrer, porque a volta ao passado do Xavecão apenas impediu que o Cebola morresse em Umbra. Então, crianças, o jeito é esperar porque vai levar um tempinho.

E ao ver o capacete do Cebola, vocês devem ter lembrado da ed. 63 onde o Franja fazia para ele uma fantasia futurista que era bem semelhante. Aí ficam várias perguntas: será só coincidência? Ou será que de alguma forma existe ligação entre Frana e Berenice? Será que o capacete feito por ele é o mesmo que o fantasma do Cebola acabou usando? Isso é interessante porque na história, o Franja foi o que mais apareceu como cara malvado (viram a cara de mau dele) ajudando o Cebola e mostrando clara satisfação por isso.

Sem falar no pedido que Marina fez a Denise e Xavecão de não deixar que ele descambasse para o lado negro da força novamente. Se não me falha a memória, o Emerson falou que ele vai ter destaque em uma história no futuro, então esse caso ainda vai dar muito pano para manga.

O Emerson também resolveu instigar um pouco mais os leitores ao perguntar se aquele futuro tenebroso foi mesmo cancelado ou só adiado. Será que o mal é mesmo inevitável, como diziam os filhos de Umbra? Aposto que vocês devem estar roendo as unhas, não é? Pois é. O barraco ainda está longe de acabar. Ele falou que a saga vai ter 50 capítulos, mas não acreditei muito nisso. Acho que foi só zueira.

Mas ainda assim eu estou achando meio chato a quebra de seqüência, porque pode ser meio difícil para muitos leitores ler uma edição que remete ao que aconteceu cerca de seis meses atrás. Por outro lado é bom não falarem tudo de uma vez porque assim intercala as histórias dele com as da Petra, o que vai dar maior variedade. Sim... Confesso que sinto falta das histórias dela, sei lá.

Bom, acho que ainda tem tanta coisa para acontecer nessa mega-saga que isso por si só daria uns dois ou três posts. E francamente estou adorando. Tem mistério, os fatos vão intercalando, aos poucos as coisas vão fazendo sentido. É algo que vai sendo construindo gradualmente como um quebra-cabeça. De certa forma, dá continuidade a TMJ, alguma cronologia porque atualmente as histórias parecem meio espalhadas, cada edição acontece algo diferente com pouca ou nenhuma ligação com a anterior. As sagas do Emerson ajudam a dar essa cola e não ficamos de todo perdidos com a passagem do tempo.

Se bem que se o tempo continuar passando assim, daqui a pouco eles terão que ir para a faculdade e deixarão de ser a turma da Mônica jovem.

Ah, mas é claro que eu não posso deixar de comentar sobre o caso da Denise com o Xavecão, porque no meio dessa história, também ficou o relacionamento da Mônica com o DC. Aposto que essa parte deixou muita gente espumando de raiva, não deixou? Pois eu gostei muito.

Sabe... a meu ver foi um erro o Xavecão ter falado a Denise que os dois estavam namorando no futuro. Ela se apaixonou depois que ele ficou forte e musculoso. Claro que não deve ter sido só pela aparência física, mas também ao ver como ele tinha se tornado forte, confiante, alguém que lutava na linha de frente ao invés de ser aquele personagem secundário que só ficava no canto do quadrinho. As coisas aconteceram naturalmente. Ela foi prestando mais atenção nele e vendo suas qualidades.

Com tudo isso, é claro que não podemos esperar que ela se apaixone pelo Xavequinho, mas isso meio que deixou nela o sentimento de obrigação, de acreditar que aquele namoro tinha de acontecer a qualquer custo. Só que ninguém gosta de ter nada empurrado pela garganta, certo? Você não pode obrigar uma pessoa a gostar de outra e nem achar que ela tem o dever de conhecer melhor, achar interessante, etc. isso tem que acontecer naturalmente. Não pode ser forçado.

E é inevitável tocar nesse assunto e não falar nada sobre o caso da Mônica com o Cebola porque ela também tinha esse mesmo sentimento. Foi uma parte bem interessante e que nos deu algo para pensar. De certa forma eu sabia que a Mônica sentia a expectativa dos amigos de que ela ficasse com o Cebola, mas não sabia que isso era tão forte a ponto de fazê-la insistir com ele mesmo se magoando freqüentemente.

Claro que ela amava o Cebola, mas acontece que depois de muita enrolação, tantas mancadas e pisadas na bola, esse amor foi se desgastando aos poucos. No fim, ela acabou desistindo dele, mas ainda ficou aquela sensação de que eles iam ficar juntos porque era seu destino. Só que a história do Xavecão serviu para libertar a Denise e libertá-la também. Agora Mônica sabe que não é obrigada a ficar com ninguém e pode decidir seu futuro.

Creio que devem ter feito essa parte para fazer com que os fãs desencanem um pouco do casal Mo x Ce. Não deixa de ser uma coisa boa. Antes, o futuro dele estava meio que decidido e isso tirava bastante a graça e o suspense porque era algo que todos sabiam que ia acontecer. Não havia pelo que torcer, nem pelo que esperar porque era algo tido como certo. Agora não é mais. Não existe mais essa certeza e os fãs dos dois podem realmente torcer, cruzar os dedos e esperar porque nada é certo. Pode ou não acontecer.

Eu particularmente acho que ainda vai acontecer, a não ser que eles consigam tirar essa idéia da cabeça da grande maioria. De qualquer forma, não é algo certo e eu gosto disso.

A parte final do Cumulus sendo urinado pelo Xaveco é que me fez rachar de rir. Credo, coisa mais nojenta! Não só pelo fato de o xixi sair do vaso e sair andando pela casa afora, como também por ele ter bebido uma pessoa. Será que a água não tinha nenhum gosto diferente? Que nojo!

A Magali acordar toda rabiscada querendo matar o Zé Beto e o Crispiano também foi hilário. Nada como uma boa dose de comédia, gritaria e confusão para terminar uma história tensa e dramática.

E para continuar essa montanha russa de tensão/comédia, temos a Denise do futuro falando que era bom todos aproveitarem porque a serpente ia voltar. Aí vem a imensa curiosidade sobre o que aconteceu com ela depois que o Xavecão deixou a casa. Como ela escapou? Por que ela estava fugindo de todos? Ela ter raiva do Xavecão ainda vá lá porque ele soltou a mão dela, o que de certa forma foi uma quebra na confiança. Ela pode ter achado que ele fez isso porque não se importava o suficiente, não teve o cuidado que devia. Mas ainda assim há bastante dúvidas sobre ela.

Será que ela viu o futuro onde a serpente já tinha voltado? Teria feito algum pacto? Estava do lado da serpente ou ainda lutava para evitar esse futuro? Ou nenhuma dessas alternativas? Ai, quanto suspense! Pena que vai demorar muito para a gente saber.

Eu adorei a história. Tirando uma coisinha aqui e ali, achei muito boa. Claro que lidar com paradoxo temporal e viagem no tempo costuma ser complicado, mas isso aqui é uma revista em quadrinhos, não um documentário do Discovery Science. Não tem que ser 100% correto e perfeito, é preciso mexer em algumas coisas em nome do entretenimento e diversão. Então é normal que algumas coisas não saiam como deveriam sair e não há problema nenhum nisso. Ah, vamos relaxar um pouco, né gente? Eu costumava ser bem chata nas minhas críticas, mas não quero mais ficar poluindo minha aura lendo uma coisa só para achar defeito, erros, problemas, etc. Qual o sentido disso? Prefiro me divertir que é melhor.

Agora a próxima edição vai ser sobre Mônica e DC, mas até que estou de boa com isso. Depois de umas edições bem tensas, nada como outra para relaxar. E de repente, essa história pode ser boa também, tipo um circo de horrores. Vou falar mais disso nos meus palpites quando sair a capa.


Para quem quiser ouvir outra opinião sobre a história, não deixem de conferir: