E aí, gente? Dia da crítica da ed. 79. Eu demorei um pouco
mais para dar tempo a quem ainda não leu porque minhas críticas tem spoilers.
Olha, a história já começou com barraco, gritaria e
confusão. Isso sim é jeito de se começar, não é?
Essa edição prometeu responder algumas questões que ficaram
no ar e de certa forma cumpriu a promessa, embora tenha levantado outras. Mas
não se preocupem. O Emerson já deixou bem claro: o que não foi respondido nessa
edição, será no futuro. Vai levar um tempinho, então o jeito é sentar e
esperar.
A história mostrou o futuro alternativo que motivou a volta
do Xavecão e da Denise ao passado para mudar tudo. Pelo menos isso foi bem
esclarecido e descobrimos como e por que eles voltaram. Descobrimos também o
que aconteceu para eles terem se separados e acho que agora sabemos por que a
Denise do futuro estava com raiva do Xavecão, já que ele soltou a mão dela e
ela acabou ficando para trás na casa fora do tempo. De quebra, descobrimos a
parte que faltava da frase que ele vivia falando quando encontrava a Denise
“como conseguiu escapar da...” agora sabemos que é a casa fora do tempo.
Será que só eu adorei essa casa? Sei lá, é misteriosa,
instigante. Uma coisa que com certeza deveria aparecer em outras histórias
também. Na ed. 63, essa foi a parte de que mais gostei.
O futuro relatado pelo Xavecão foi realmente sombrio e
tenebroso, governado pelo Cebola. Ou pelo que tinha sobrado do Cebola. Finalmente
descobrimos o que o Xavecão quis dizer quando falou que ele era mais perigoso
morto do que vivo. Como no passado original ninguém interferiu, ele se tornou
um dos guardiões da soleira e inicialmente ficou do lado da Jumenta Voadora,
mas depois se rebelou contra ela porque a máscara aumentou seu intelecto,
fazendo-o pensar por conta própria e a questionar sua mestra. De certa forma
tudo a ver, pois uma pessoa como o Cebola quer estar sempre na liderança, nunca
como seguidor.
E, claro, mais uma vez ele ferrou com todo o futuro.
Oficial: ele é uma ameaça a sociedade. Mas dessa vez acho que podemos dar um
desconto porque aparentemente as máscaras da Berenice removeram os traços de
humanidade do pessoal, meio que deixando só a parte fria e lógica. No caso
dele, tirou quaisquer sentimentos de compaixão e ética. Sem isso, os defeitos
dominaram e ele fez o que fez. Mas confesso que não entendi como ele convenceu
a turma a voltar para seus corpos porque em Umbra, eles pareciam gostar de ser
espíritos. Só mesmo se o poder de manipulação dele era muito grande.
O que me deixou meio bolada em determinado ponto foi a
“guerrinha dos sexos” que se formou. Todas as garotas ficaram do lado da Mônica
e só os rapazes ficaram do lado do Cebola. Tipo, será que os rapazes eram tão
ruins assim e só precisavam de uma oportunidade para colocarem toda sua
ruindade para fora? Ou será que os poderes de manipulação do Cebola cresceram a
ponto de ser capaz de suplantar qualquer indício de bom senso e ética nas
pessoas?
Talvez ele tivesse sido convincente demais ao dizer que o
mundo ia se tornar um lugar muito melhor. Lembrem-se de que Hitler foi muito
eficiente ao convencer a Alemanha de que era certo matar milhões de pessoas em
campos de concentração. Mas aí vem o questionamento: é possível levar uma
pessoa a fazer algo que vá totalmente contra seus princípios? Ou ela só faz
porque no fundo pensa da mesma forma e só queria uma oportunidade para fazer
algo que normalmente não faria por medo ou consciência? O Franja pareceu ter
ficado bem ruim. Será que no fim das contas é alguém com maldade dentro de si
só esperando uma chance de colocá-la para fora? Mas ainda assim essa divisão
nos gêneros não se justifica muito a meu ver. Ficou como se as garotas fossem
boas e os rapazes fossem maus.
Uma coisa que me deixou assim na dúvida foi a amizade entre
Magali, Mônica e Cascão ter se desfeito sendo que o mais lógico era os três se
reunirem para enfrentar o Cebola. A não ser que algo mais tenha acontecido e
feito com que Magali e Cascão tomassem caminhos diferentes.
E eu gostei de ver as mulheres lutando, defendendo seu lar,
indo para a guerra com força e coragem. Na vida real isso acontece, mas muita
gente prefere fechar os olhos, ignorar e bater o pé insistindo que isso não existe.
Cada um com suas ilusões.
Claro que eu fiquei meio de lado com as armaduras, que pelo
visto foram desenhadas mais para serem bonitas do que para proteger o corpo.
Quer dizer, uma roupa que deixa a barriga à mostra não é muito eficiente. O
inimigo pode acertar a barriga e os órgãos moles, pode quebrar costelas e
danificar o pulmão. E se o pulmão for perfurado, por exemplo, a pessoa pode se
afogar no próprio sangue.
As pernas também ficaram muito expostas e um golpe certeiro
poderia quebrar ou causar um grave ferimento que impediria a guerreira de
continuar correndo. Aliás, essa questão das roupas de guerreiras e lutadoras
gera um grande debate no mundo dos jogos por causa do sexismo que existe por
detrás das armaduras feitas para as mulheres que são mais para agradar aos
homens do que para protegê-las. Os guerreiros não têm esse mesmo tratamento e
não são obrigados a lutarem usando fio dental de ferro.
Voltando ao assunto, eu gostei bastante do protagonismo dado
a Denise. Mônica ficou como líder da resistência, protegeu as pessoas, ensinou
a lutar, organizou toda a luta, etc. mas isso não tirou o destaque da Denise e
sua importância. E aposto que todos devem ter gostado de ver a Magali como
bruxa perversa e maluca. Eu pelo menos gostei.
Imagino que ela ficou louca porque sua mente não suportou a
expansão de consciência que seus poderes trouxeram. Certamente porque não havia
preparo, maturidade para lidar com uma quantidade enorme de informação sem
surtar. Foi bem sinistro saber que ela foi capaz de matar três pessoas, entre
elas sua tia Nena que tanto fez parte da sua infância. E seu isolamento numa
região congelada imediatamente fez lembrar de Frozen. Ela ficou tipo uma Elsa,
só que mais perigosa por causa da sua mania de perseguição e achar que todo
mundo queria roubar seu poder.
Tenso mesmo foi a Mônica ter tomado a decisão de matar
definitivamente o Cebola. Quer dizer, ele já estava morto, só faltava cair
mesmo. Parece que nesse futuro, muitos laços de amizade e amor foram rompidos e
fiquei imaginando como devem ter ficado as famílias da Magali, Cascão, Cebola e
dos outros rapazes por terem perdido seus filhos dessa forma. Bem sinistro,
não?
Outro personagem que nos pegou um pouco de surpresa foi o
Cascão, que pegou novamente com os poderes do Capitão Feio e dessa vez ficou
mal. E ao que parece, esses poderes foram herdados. Tem uma história no gibi
onde o Feio queria adotar o Cascão e torná-lo seu herdeiro. Uma pena não terem
falado mais a respeito, mas já sabemos que isso será mais detalhado no futuro,
assim como o caso da Magali também.
Uma coisa que surpreendeu também foi ver os rapazes
transformados em
ciborgues. E se voltando contra os antigos amigos de
infância. O Quim foi um exemplo disso. Tipo assim, como alguém aceita ser
transformado em uma máquina de guerra sem questionar? Sem falar que a parte
onde ele atropela Magali por causa do portal da Marina foi dramática, porque
antes eles eram namorados e no fim acabaram meio que se matando. Se bem que não
sei se é possível matar a Magali porque ela é imortal, sei lá.
Outra coisa que surpreendeu foi o aparecimento do Humberto
como o Silencioso. Acho que ninguém esperava isso, certo? Nem eu. Então parece
que ele vai aparecer outra vez em alguma outra história por aí. Tomara, seria
interessante.
A história intercalou bem momentos sombrios e dramáticos com
humor, gritaria e zueira para aliviar um pouco a tensão. Sem falar que adorei a
volta do Zé Beto e Crispiano.
Para quem sentiu falta de falarem mais do Cascão e Magali, o
Emerson disse que os eventos que os deixaram daquele jeito ainda vão ocorrer,
porque a volta ao passado do Xavecão apenas impediu que o Cebola morresse em Umbra. Então,
crianças, o jeito é esperar porque vai levar um tempinho.
E ao ver o capacete do Cebola, vocês devem ter lembrado da
ed. 63 onde o Franja fazia para ele uma fantasia futurista que era bem
semelhante. Aí ficam várias perguntas: será só coincidência? Ou será que de
alguma forma existe ligação entre Frana e Berenice? Será que o capacete feito
por ele é o mesmo que o fantasma do Cebola acabou usando? Isso é interessante
porque na história, o Franja foi o que mais apareceu como cara malvado (viram a
cara de mau dele) ajudando o Cebola e mostrando clara satisfação por isso.
Sem falar no pedido que Marina fez a Denise e Xavecão de não
deixar que ele descambasse para o lado negro da força novamente. Se não me
falha a memória, o Emerson falou que ele vai ter destaque em uma história no
futuro, então esse caso ainda vai dar muito pano para manga.
O Emerson também resolveu instigar um pouco mais os leitores
ao perguntar se aquele futuro tenebroso foi mesmo cancelado ou só adiado. Será
que o mal é mesmo inevitável, como diziam os filhos de Umbra? Aposto que vocês
devem estar roendo as unhas, não é? Pois é. O barraco ainda está longe de
acabar. Ele falou que a saga vai ter 50 capítulos, mas não acreditei muito
nisso. Acho que foi só zueira.
Mas ainda assim eu estou achando meio chato a quebra de
seqüência, porque pode ser meio difícil para muitos leitores ler uma edição que
remete ao que aconteceu cerca de seis meses atrás. Por outro lado é bom não
falarem tudo de uma vez porque assim intercala as histórias dele com as da
Petra, o que vai dar maior variedade. Sim... Confesso que sinto falta das
histórias dela, sei lá.
Bom, acho que ainda tem tanta coisa para acontecer nessa
mega-saga que isso por si só daria uns dois ou três posts. E francamente estou
adorando. Tem mistério, os fatos vão intercalando, aos poucos as coisas vão
fazendo sentido. É algo que vai sendo construindo gradualmente como um
quebra-cabeça. De certa forma, dá continuidade a TMJ, alguma cronologia porque
atualmente as histórias parecem meio espalhadas, cada edição acontece algo
diferente com pouca ou nenhuma ligação com a anterior. As sagas do Emerson
ajudam a dar essa cola e não ficamos de todo perdidos com a passagem do tempo.
Se bem que se o tempo continuar passando assim, daqui a
pouco eles terão que ir para a faculdade e deixarão de ser a turma da Mônica
jovem.
Ah, mas é claro que eu não posso deixar de comentar sobre o
caso da Denise com o Xavecão, porque no meio dessa história, também ficou o
relacionamento da Mônica com o DC. Aposto que essa parte deixou muita gente
espumando de raiva, não deixou? Pois eu gostei muito.
Sabe... a meu ver foi um erro o Xavecão ter falado a Denise
que os dois estavam namorando no futuro. Ela se apaixonou depois que ele ficou
forte e musculoso. Claro que não deve ter sido só pela aparência física, mas
também ao ver como ele tinha se tornado forte, confiante, alguém que lutava na
linha de frente ao invés de ser aquele personagem secundário que só ficava no
canto do quadrinho. As coisas aconteceram naturalmente. Ela foi prestando mais
atenção nele e vendo suas qualidades.
Com tudo isso, é claro que não podemos esperar que ela se
apaixone pelo Xavequinho, mas isso meio que deixou nela o sentimento de
obrigação, de acreditar que aquele namoro tinha de acontecer a qualquer custo.
Só que ninguém gosta de ter nada empurrado pela garganta, certo? Você não pode
obrigar uma pessoa a gostar de outra e nem achar que ela tem o dever de
conhecer melhor, achar interessante, etc. isso tem que acontecer naturalmente.
Não pode ser forçado.
E é inevitável tocar nesse assunto e não falar nada sobre o
caso da Mônica com o Cebola porque ela também tinha esse mesmo sentimento. Foi
uma parte bem interessante e que nos deu algo para pensar. De certa forma eu
sabia que a Mônica sentia a expectativa dos amigos de que ela ficasse com o
Cebola, mas não sabia que isso era tão forte a ponto de fazê-la insistir com
ele mesmo se magoando freqüentemente.
Claro que ela amava o Cebola, mas acontece que depois de
muita enrolação, tantas mancadas e pisadas na bola, esse amor foi se
desgastando aos poucos. No fim, ela acabou desistindo dele, mas ainda ficou
aquela sensação de que eles iam ficar juntos porque era seu destino. Só que a
história do Xavecão serviu para libertar a Denise e libertá-la também. Agora
Mônica sabe que não é obrigada a ficar com ninguém e pode decidir seu futuro.
Creio que devem ter feito essa parte para fazer com que os
fãs desencanem um pouco do casal Mo x Ce. Não deixa de ser uma coisa boa.
Antes, o futuro dele estava meio que decidido e isso tirava bastante a graça e
o suspense porque era algo que todos sabiam que ia acontecer. Não havia pelo
que torcer, nem pelo que esperar porque era algo tido como certo. Agora não é
mais. Não existe mais essa certeza e os fãs dos dois podem realmente torcer,
cruzar os dedos e esperar porque nada é certo. Pode ou não acontecer.
Eu particularmente acho que ainda vai acontecer, a não ser que
eles consigam tirar essa idéia da cabeça da grande maioria. De qualquer forma,
não é algo certo e eu gosto disso.
A parte final do Cumulus sendo urinado pelo Xaveco é que me
fez rachar de rir. Credo, coisa mais nojenta! Não só pelo fato de o xixi sair
do vaso e sair andando pela casa afora, como também por ele ter bebido uma
pessoa. Será que a água não tinha nenhum gosto diferente? Que nojo!
A Magali acordar toda rabiscada querendo matar o Zé Beto e o
Crispiano também foi hilário. Nada como uma boa dose de comédia, gritaria e
confusão para terminar uma história tensa e dramática.
E para continuar essa montanha russa de tensão/comédia,
temos a Denise do futuro falando que era bom todos aproveitarem porque a
serpente ia voltar. Aí vem a imensa curiosidade sobre o que aconteceu com ela
depois que o Xavecão deixou a casa. Como ela escapou? Por que ela estava
fugindo de todos? Ela ter raiva do Xavecão ainda vá lá porque ele soltou a mão
dela, o que de certa forma foi uma quebra na confiança. Ela pode ter achado que
ele fez isso porque não se importava o suficiente, não teve o cuidado que
devia. Mas ainda assim há bastante dúvidas sobre ela.
Será que ela viu o futuro onde a serpente já tinha voltado?
Teria feito algum pacto? Estava do lado da serpente ou ainda lutava para evitar
esse futuro? Ou nenhuma dessas alternativas? Ai, quanto suspense! Pena que vai
demorar muito para a gente saber.
Eu adorei a história. Tirando uma coisinha aqui e ali, achei
muito boa. Claro que lidar com paradoxo temporal e viagem no tempo costuma ser
complicado, mas isso aqui é uma revista em quadrinhos, não um documentário do
Discovery Science. Não tem que ser 100% correto e perfeito, é preciso mexer em
algumas coisas em nome do entretenimento e diversão. Então é normal que algumas
coisas não saiam como deveriam sair e não há problema nenhum nisso. Ah, vamos
relaxar um pouco, né gente? Eu costumava ser bem chata nas minhas críticas, mas
não quero mais ficar poluindo minha aura lendo uma coisa só para achar defeito,
erros, problemas, etc. Qual o sentido disso? Prefiro me divertir que é melhor.
Agora a próxima edição vai ser sobre Mônica e DC, mas até
que estou de boa com isso. Depois de umas edições bem tensas, nada como outra
para relaxar. E de repente, essa história pode ser boa também, tipo um circo de
horrores. Vou falar mais disso nos meus palpites quando sair a capa.
Para quem quiser ouvir outra opinião sobre a história, não deixem de conferir: