Quem aí já leu a ed. 81? Pois é, que saga não? E todo mundo
estava esperando a conclusão da história porque muitas perguntas tinham que ser
respondidas.
Sem querer ficar me vangloriando, parece que dessa vez minha
taxa de acerto foi mais alta do que a média. Quem leu meus palpites já deve ter
visto. Então não há exatamente muito que comentar.
Mas é claro que eu não posso deixar de comentar sobre a
atuação da Magali, que precisou colocar ordem no barraco e acabar com os
chilique do Cebola. Sim, mesmo depois de tudo, ele ainda achava que a vida da
Mônica continuava girando ao redor do seu umbigo a ponto de querer fugir de
casa só por causa dele. Foi meio tenso vê-la sendo tão dura, mas eu gostei
bastante.
E parece que agora ela vai meio que ficar do lado dele,
porque viu que ele se arrependeu de verdade e está tentando consertar tudo. Sem
falar que por causa do rompimento deles, a amizade ficou comprometida e nesse
ponto ela está certa: não pode acabar com uma amizade de muitos anos só por
causa de um rolo que não deu certo.
A rotina da Mônica com o DC no circo foi bem mostrada e eu
queria mesmo vê-los interagindo com os outros integrantes e até saber da
história deles, o que foi legal de se mostrar.
Confesso que no início eu fiquei indignada por eles não
terem mostrado sensibilidade e empatia com o sofrimento da Mônica, que tinha
sido raptada, afastada dos amigos, família, escola, etc. e insistiam em
mantê-la ali mesmo sabendo que ela não queria. Mas então, vendo como eles
defendiam o Dante, comecei a achar que aquilo parecia síndrome de Estocolmo. O
que é isso? A Wikipédia diz o seguinte:
“Síndrome de
Estocolmo (Stockholmssyndromet em sueco) é o nome dado a um
estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida há um tempo
prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor
ou amizade perante o seu agressor.”
Aí deu para entender o lado deles. Quer dizer, todos foram
rejeitados e tiveram problemas para conviver com as pessoas. O Galileu,
coitado, foi escorraçado para fora de casa com espingarda e tudo, já o Drakko
foi vendido pelos próprios pais e nem tem liberdade para andar na rua
sossegado. Cada um tem sua história triste e o circo era o único lugar onde
podiam viver em segurança sem serem perseguidos ou hostilizados.
E o Dante sempre procurou lembrá-los disso, deixando bem
claro que fora do circo eles não iam ter nenhuma chance. Isso não deixa de ser
abuso psicológico e pelo chicote, dá para ver que rolou abuso físico também. Aliás,
o Dante tem perfil típico de agressor. Tratava mal os artistas, praticava abuso
físico e emocional e ainda agia como se tudo aquilo fosse para o bem deles.
Depois de tanto tempo sofrendo abuso, eles acabaram
acreditando que o Dante era sua única esperança e ficaram dependentes dele a
ponto de não conseguirem mais pensar com clareza. Quer dizer, o rapto da Mônica
e do DC foi totalmente errado, mas dizem que a síndrome de Estocolmo meio que deixa a pessoa sem noção
da realidade, elas não percebem que aquela situação é errada e em muitos casos
acabam justificando as ações do agressor como se aquilo fosse normal. Em casos
de violência doméstica vemos muito isso. Depois de um tempo, o pessoal do circo
passou a ver as coisas de outra forma e isso explica eles não terem achado tão
ruim e desastroso a Mônica ter deixado sua vida para trás. A Meduzza mesmo
achava que isso era o melhor para ela, que no fim era uma coisa boa porque ali
ela podia usar seus talentos sem que as pessoas ficassem com medo.
Afinal, eles
gostavam de trabalhar no circo apesar de tudo, pois se viam como artistas. Tanto
que até ficaram meio ofendidos quando a Mônica não perguntou por que eles não
usavam seus talentos para assaltar bancos porque isso não faz parte da índole
deles. E foi bacana ver como eles cuidavam uns dos outros, se importavam e se
viam como família. A Mônica foi aceita entre eles com grande facilidade apesar
do atrito inicial.
Outra coisa que
merece destaque foi o diálogo do DC com o Drakko. Primeiro o lance do jornal
foi hilário e até me pegou de surpresa porque eu também pensei que ele ia usar
como banheiro, mas nessa hora vemos como ele é fofo, alegre e gentil. Acho que
dos quatro é o que foi mais afetado pela tal síndrome porque via o Dante como
uma pessoa boa, generosa, que deu abrigo a eles e por isso colaborava com ele
de boa vontade.
O bom da conversa
entre os dois foi o DC ver que ser normal não é necessariamente uma coisa ruim.
Ele podia fazer coisas que para o Drakko eram quase impossíveis, mas seu desejo
quase insano de ser diferente em tudo não lhe permitia enxergar isso. Quem sabe,
depois dessa, ele não aprende a dar algum valor à normalidade?
O outro lado da
moeda foi a Mônica perceber que diferente não quer dizer ruim e aprendeu a ver
o pessoal do circo como pessoas e não monstros. Ela passou a simpatizar com
eles e em alguns momentos até colaborou e ficou numa boa com tudo apesar de
ainda querer escapar.
E o DC, como sempre,
continuou meio sem noção. Aquele plano dele, meldels... cheguei a ficar com
pena da criatura. Mas vá lá, o que conta é a intenção, eu acho. Nessa edição
ele pode não ter feito tanta coisa quanto esperamos, mas teve boa participação
e em certo ponto, foi essencial para avisar ao Cebola, Magali e Cascão que a
Mônica estava no circo. Acho que sem isso, eles teriam deixado passar batido
apesar das evidencias diante deles. Sem falar que pelo menos a aula de código Morse
do Licurgo serviu para alguma coisa. E a Magali associando seus balões a
salsichas foi bem a cara dela.
Sem falar que eu
rachei de rir quando o DC foi obrigado a se vestir de palhaço. Para alguém como
ele, que quer ser sempre original, aquele tratamento tão normal foi mesmo um
chute no ego.
E por falar em
chute, pobre Telepax... Levou um bem no meio da cara no fim do espetáculo bem
violento. E ver como um espetáculo assim fez tanto sucesso não deixou de ser
preocupante. Parece que as crianças de hoje só querem saber de luta,
quebradeira e violência. Bom, pelo menos o Dante teve a inteligência de colocar
uma máscara na Mônica, o que fez muito mais sentido.
Ainda assim eu
esperava um pouquinho mais dos três no resgate da Mônica, mas acho que ficou
bom do jeito que está. E também foi legal ver o Cebola trabalhando junto com o
DC para resgatar a Mônica.
Mas é claro que a
tentativa de fuga tinha que ter sido frustrada pelo Telepax, né? Senão qual
graça a história ia ter? Pois é. Essa parte foi bastante tensa, especialmente
porque o Dante queria matar os três para não deixarem nenhum vestígio. Nessa
hora, eu achei que ele não foi nem um pouco inteligente.
Primeiro: eles podem
ter avisado para alguém que iam ao circo. Seus pais não iam deixá-los sair sem
saber para onde estavam indo. Será que não ia ficar muito estranho tantos
jovens desaparecendo depois de falarem que iam ao circo do Dante? Pois é.
Segundo: ele poderia
ter usado os três para chantagear a Mônica, pelo menos. Tipo, ela promete
colaborar e ficar no circo para sempre em troca de deixar os amigos irem
embora. Ela não ia recusar de jeito nenhum e seria capaz de manter a palavra
apesar de tudo.
Terceiro: Tudo bem
que foi uma decisão no calor do momento e por isso não dava para refletir
muito, mas tentar fazer com que os três esquecessem dela não ia adiantar nada
porque ela tem pais, parentes, amigos, professores, etc. Será que ele ia mandar
apagar a memória de todo mundo também? E o que as pessoas iam pensar quando
aqueles três aparecessem com aquela amnésia repentina?
Bem, acho que teria
sido mais inteligente se o Telepax tivesse feito com eles o mesmo que fizeram
com os policiais. Teria sido mais fácil. Depois, mais descansado, ele poderia
fazer com que a Mônica esquecesse o passado. Teria sido mais fácil porque era
uma pessoa só e ela não ia oferecer resistência como aconteceu com os amigos
dela.
Só estou falando
isso por falar mesmo, porque se o Dante tivesse feito assim, toda a história
teria sido comprometida. Foi necessário ele ter forçado o Telepax ao máximo, o
que causou sua morte. Aliás, bem diferente eles terem mostrado a morte de uma
pessoa assim, de forma tão explícita. No caso da Sofia, como falei antes, foi
num futuro que acabou sendo alterado. A do Telepax aconteceu bem na frente de
todos, sem nenhum rodeio e de forma definitiva.
Triste, mas ao mesmo
tempo deu um choque de realidade nos outros artistas e eles perceberam que no
fim o Dante era um monstro egoísta que só importava consigo mesmo. Com isso,
deixaram de colaborar, libertaram todo mundo e... bem... se entenderam com ele
seja lá o que isso queira dizer. É bem capaz que eles tenham dado um jeito de
matá-lo e acho que foi merecido. Assim puderam assumir o circo e usá-lo como
espaço para outras pessoas como eles.
E o final foi feliz,
ainda bem. Parece que dessa vez a Mônica e o Cebola fizeram as pazes e se
acertaram como amigos. pode ser o primeiro passo da reconciliação deles, não
sei. Tem que ser devagar, aos poucos para não parecer que um foi jogado para
cima do outro sem mais, nem menos. Primeiro eles voltaram a ser amigos e pode
ser que o Cebola comece a respeitar mais o espaço dela e não ficar pegando
tanto no pé como fazia antes.
Apesar de ainda
acreditar que os dois ficarão juntos no final, seria importante o Cebola passar
um tempo sozinho para poder se reencontrar, se entender e colocar os
pensamentos e sentimentos em
ordem. Assim ele saberá se a ama de verdade ou se é só apego.
Será um bom processo de amadurecimento para ele.
Quanto a Mônica e o
DC, já imaginava que eles não iam terminar. Ver como o namorado se esforçou
para avisar aos amigos e salvá-la deve ter feito com que ela o perdoasse e tudo
ficou numa boa novamente. Melhor assim, eles terminarem por causa de um único
deslize não ia ficar muito legal. O fim, se acontecer, deve acontecer
naturalmente também. Com o tempo ambos podem perceber que não tem nada a ver um
com o outro, o sentimento pode ir se transformando novamente em amizade e eles
acabam terminando de forma amigável, sem brigas ou mágoas.
E pela primeira vez,
vemos o DC com ciúme do Cebola. Será que isso vai render alguma treta no futuro?
Como ele vai lidar com esse sentimento sem estar acostumado com ele? E será que
ele vai ter mesmo razões para ficar com ciúmes? Mistéeeerio!
No geral, eu gostei
da história e fiquei satisfeita com o final apesar de ter ficado com pena do
pobre Telepax. Mas foi necessário, né... é o que chamam de perdas aceitáveis.
E tenho uma boa
notícia: agora que já sei o final dessa história, poderei retornar a
continuação de universo em desequilíbrio. Ainda bem que a Mônica não
terminou com o DC, senão eu ia ter que mudar muitas coisas na história. A capa
já está pronta, mas preciso terminar a história antes de começar a publicar.
Vocês sabem, se eu publicar antes de acabar, pode acontecer de me dar aquelas
crises de falta de criatividade e deixar tudo parado no meio. Então é melhor
esperar mais um pouquinho e ser capaz de dar uma história completa a vocês.
Não deixem de conferir o vídeo do Canal Opinião Turma da Mônica Jovem: