Sim, sim... eu sei que o objetivo desse blog é falar sobre a
TMJ. Poréeemmmm
1 – TMJ e CBM só saem uma vez por mês. Durante o resto do
tempo não há muito o que falar.
2 – Não sou como os outros fãs que sempre acompanham as
novidades de perto. Basicamente, me concentro mais em falar sobre as histórias
que leio todo mês.
3 – Eu leio muito. Gosto de ler. De repente, assim do nada,
pensei: por que não falar dos livros que eu leio? Parece interessante, não?
Então vou fazer uma crítica dos livros que mais me chamaram
a atenção, mas vou tentar fazer isso com o mínimo de spoilers e sem revelar o
final. Ainda assim, estejam atentos porque alguma coisa vai sempre acabar
vazando.
Agora falta escolher o primeiro livro de que gostaria de
falar. Só um me vem a cabeça. Na verdade, treze. Como é? Sim. Treze livros:
desventuras em série.
Imagino que vocês tenham ao menos ouvido falar desse título,
talvez assistido o filme.
A história, para quem não conhece, é a seguinte:
Três irmãos, os órfãos Baudelaire, perdem os pais num
incêndio. A partir daí a vida deles vira do avesso e de cabeça para baixo numa
série de desventuras, um azar após o outro. Essas três crianças são muito
inteligentes e cada um tem um talento especial.
A mais velha se chama Violet, tem quatorze anos e é
inventora. Ela é especialista em dispositivos, engenhocas, é capaz de criar
várias coisas com poucos recursos disponíveis. Basicamente um MacGyver de
vestido e fitinha nos cabelos.
O irmão do meio, Klaus, tem doze anos é um grande leitor.
Não só um grande leitor como também pesquisador. Tem um vocabulário imenso,
parece saber o significado da maioria das palavras e é capaz de pesquisar em
vários e vários livros sem ficar maluco ou confuso. Sem falar que tem uma
memória excelente.
A mais nova se chama Sunny, tem três anos e por enquanto
adora morder objetos. Ela se comunica com sons de bebê que só seus irmãos
entendem. Mas não a subestimem, ao longo da série seu talento de morder ajudou
várias vezes.
Bom, o objetivo aqui é fazer uma crítica do livro, não uma
sinopse. Quem quiser saber mais sobre o enredo do livro, pode olhar aqui: (Desventuras em Série)
Sabe, inicialmente a história parece meio inocente. Órfãos
herdeiros de uma imensa fortuna são constantemente perseguidos por um parente
ganancioso (Conde Olaf) que quer botar a mão na grana deles. Conde Olaf sempre
aparece com disfarces ridículos que qualquer um com meio neurônio na cabeça
seria capaz de perceber. Mas parece que tirando as crianças, grande maioria dos
personagens desse livro não tem nem meio neurônio.
E é isso que torna a história tão interessante: ela é
absurda. Livro após livro, as crianças enfrentam situações absurdas, surreais,
ridículas e muitas vezes injustas. Ninguém os escuta, ninguém os leva a sério
porque são crianças.
Sempre que tentam contar aos adultos que Conde Olaf estava
atrás deles com um disfarce ridículo, ninguém acreditava. Só percebiam quando
era tarde demais e o vilão acabava fugindo.
E como as histórias são sempre absurdas e muitas vezes
exageradas, as crianças sempre eram colocadas em situações surreais, coisas que
a gente nunca imaginaria ver uma criança fazendo. E os adultos ao redor
pareciam achar tudo normal.
Outro detalhe interessante no livro é o grau de alienação,
burrice e falta de noção das pessoas. Pelo visto, só as crianças pensavam
realmente. O resto se deixava levar pelas leis, regras, senso comum e
especialmente pela mídia. Tipo, se algo aparecia no jornal, as pessoas
automaticamente tomavam como verdade absoluta e nunca questionavam.
De livro em livro, as crianças são levadas de um lugar para
outro na esperança de encontrarem um bom tutor, mas um acaba sendo pior que o
outro, com exceção do tutor do segundo livro que era muito gente boa e
realmente se importava com as crianças. Mas... não vou falar. Isso seria spoiler.
No início eu pensei que as histórias eram repetitivas e iam
sempre seguir o mesmo padrão. Mas a partir do sétimo livro elas começam a tomar
outro rumo e é aí que ficam mais legais e prendem nossa atenção.
O Conte Olaf é algo que merece ser falado. Ele parece um vilão cômico no início, mas com o tempo vemos que é um homem sinistro, um tanto violento e muito perigoso. Ele não está aí para brincadeiras e é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer. Sua especialidade para infernizar a vida das crianças é fora do comum e ele as persegue com uma tenacidade impressionante. Não importa para onde elas vão, ele sempre as acaba encontrando.
O Conte Olaf é algo que merece ser falado. Ele parece um vilão cômico no início, mas com o tempo vemos que é um homem sinistro, um tanto violento e muito perigoso. Ele não está aí para brincadeiras e é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer. Sua especialidade para infernizar a vida das crianças é fora do comum e ele as persegue com uma tenacidade impressionante. Não importa para onde elas vão, ele sempre as acaba encontrando.
Uma coisa que o livro ressalta bastante são seus olhos muito
brilhantes que sempre se destacam não importando qual seja o disfarce. Ele
sempre aparece como uma pedra no sapato, um flagelo pronto para tornar a vida
das crianças ainda mais miserável do que já é, sempre estragando tudo.
Falando em estragar tudo, o título “desventuras em série”
não é apenas um título. É basicamente o estilo de vida dos órfãos. É um azar
após o outro. Para cada coisa que dá certo para eles, pelo menos cinco dão
errado. Quando tudo parece bem encaminhado, algo desanda e eles continuam com
o mesmo azar de sempre. Em cada livro, a única vitória deles é escapar do Conde
Olaf e continuarem vivos. Fora isso, é uma zica atrás da outra. Se forem ler esses
livros, tenham em mente que verão a Lei de Murphy em funcionamento na mais
pura essência.
E como se essa sequência de azares não fosse suficiente,
ainda temos o mistério sobre a morte dos pais deles, uma misteriosa organização
cuja sigla é CSC que ao longo dos livros tem vários significados. Muitas
informações, mistérios, pistas e charadas.
Tudo vai se emaranhando aos poucos. Para cada pergunta respondida,
outras dez ficarão sem resposta. Preparem-se para ver muitos, mas muitos fios
soltos nessa história.
A forma de narrativa é boa, uma espécie de mistura de
primeira com terceira pessoa. Existe um narrador onipresente que conhece toda a
história e narra tudo, mas ele também fala de si mesmo e da própria vida.
Aliás, o narrador costuma ser bastante cínico em várias partes, um tanto
prolixo em outras e repetitivo também. sempre que aparece uma nova palavra,
supostamente desconhecida, ele diz algo assim: “uma palavra que aqui
significa…”
Seu humor é sombrio e ele fala constantemente que a história
será triste, miserável, um mar de lágrimas e sempre nos aconselha a deixar o
livro de lado e procurar algo mais alegre. Legal, não nego, mas as vezes meio
irritante por causa da freqüência. Mas talvez seja isso que dá um tempero a
mais ao livro. Ele conta a história acrescentando fatos aqui e ali que
aparentemente esclarecem o mistério, mas no fim levanta mais perguntas.
O clima da história é um tanto sombrio também, se passando
num mundo que pareceu bastante distópico para mim. Eu jamais iria querer viver
nesse tipo de lugar que me pareceu tão sem esperança, não sei. As pessoas são
muito alienadas, a justiça praticamente é uma piada e constantemente temos a
impressão de que não existe para onde correr. Os órfãos estão sozinhos para
resolverem seus problemas porque as pessoas que teoricamente deveriam ajudá-los
sempre falhavam, decepcionavam ou viravam as costas.
A essa altura, vocês devem estar se perguntando por que eu
gostei tanto desses livros. Bem... a história é interessante, desperta a
curiosidade e apesar do que o narrador dizia, eu continuava a ler na esperança
de que lá no finalzinho eles pudessem ter um final feliz ou algo que se parecesse
com isso.
Eu gostei da personalidade das crianças, que de bobas não
tinham nada. Eram apenas crianças, não nego, mas muito inteligentes. Gostei
especialmente de terem colocado uma garota no papel de inventora. Geralmente
colocam meninos para esse tipo de coisa. Violet é inteligente, consegue
desvendar dispositivos complicados, pode montar engenhocas com o que tem
disponível e sempre tem boas idéias para ajudar a ela e aos irmãos.
Klaus é meio nerd, mas não parece um nerd. É um bom garoto,
não mostra arrogância e é muito fiel e preocupado com as irmãs. Sunny é um bebê
fofo, muito inteligente e apesar de tão nova, procura ser independente para não
dar trabalho aos irmãos e ao longo da série vai crescendo, se tornando mais
forte e aprendendo novos talentos.
E não é só ela que cresce como também as outras crianças,
que vão aos poucos adquirindo mais e mais independência quando percebem que
ninguém vai cuidar delas. Eles são muito unidos, cuidam uns dos outros e não me
lembro de nenhuma briga ou discussão entre eles. Afinal, eles só tem uns aos
outros e é essa união tão forte que os fez vencer todos os desafios. Tudo podia
desmoronar e dar errado, mas eles sempre permaneciam juntos a todo custo.
Claro que ao longo das histórias eles precisavam se virar de
todo jeito para sobreviverem e muitas vezes acabavam questionando a si mesmos
porque ficam confusos sobre conceitos de certo e errado. Os adultos ao redor
são confusos, contraditórios e não oferecem nenhum tipo de apoio. Logo, é
normal que eles também percam um pouco o rumo e muitas vezes se perguntem se
não estão se tornando vilões.
Para quem está lendo é fácil dizer que eles agiram de
determinadas maneiras por causa do desespero, sobrevivência e porque não tinham
escolhas. Eles sempre eram colocados em situações surreais e quase não tinham
ajuda. Especialmente no penúltimo livro, onde ao invés de levar as crianças a
um lugar seguro e protegê-las, os adultos dão a elas uma tarefa absurda onde
tinham que lidar com as situações e fazer julgamentos sozinhas, sem nenhum tipo
de ajuda ou orientação.
É fácil se perder em um mundo tão confuso e de certa forma,
eles se sentiram meio perdidos. Por fim, resolveram chutar o balde já que
tinham o mundo inteiro contra eles, ninguém ouvia, todos só acusavam e não havia
mais nada a se fazer. Só lendo a história para entender do que eu falo.
Embora pareça uma história inofensiva para crianças, ela não
é. Pode ser lida por crianças, claro, mas por adultos também. Não é algo que a
gente lê passivamente. Temos que raciocinar um pouco, ir ligando os pontos e
entender os enigmas. E mesmo assim... ops, sem spoiler!
Mas uma coisa é certa: o
autor criou um mundo que mostra bem os defeitos do nosso, ainda que ampliados e
bem evidentes. A alienação, pessoas que acreditam em algo só porque saiu nos
jornais, o gosto por violência e sangue, o apego estrito as leis sem importar
com as particularidades da situação, crianças vivendo em situação miserável sem
que quase ninguém se importe e um vilão que ninguém conseguia deter. Praticamente
o mundo real.
Minha conclusão é que os livros valem a pena. Sim, eu sei
que são treze livros e isso pode assustar um bocado. Mas são todos pequenos a
meu ver. Acho que dá para acabar com todos em um mês. Vale a pena.
Também tem o filme, que aborda os três primeiros livros e até
já falaram em uma série que seria produzida pela NetFlix, mas que ainda não
saiu do trailer. O filme ficou legal, acho que Jim Carrey deu um excelente
Conde Olaf apesar de ter roubado um pouco a cena e saído mais cômico do que
deveria. Alguns eventos foram trocados de lugar para adaptar ao filme e
infelizmente o tempo não foi suficiente para colocar tudo o que tinha nos três
livros. Sem falar que o Violet saiu um tanto inexpressiva sendo que no livro
ela é uma personagem mais forte, inteligente e atuante.
No primeiro livro, foi ela mesma quem se salvou de uma
situação horrível agindo com inteligência e pensando rápido, mas no filme ela
acabou sendo salva por Klaus e eu não gostei dessa mudança.
Eu prefiro o livro e sei que vocês vão gostar também.
Especialmente porque a história é bem incerta, não dá certeza de um final
feliz. A gente tem que ler cruzando os dedos para que ele aconteça.
Aqui tem o suposto teaser para a série baseada no livro, mas dizem que foi apenas um fandom (trabalho feito por fã). Vou ficar na torcida para que a série realmente saia um dia.
Aqui tem o suposto teaser para a série baseada no livro, mas dizem que foi apenas um fandom (trabalho feito por fã). Vou ficar na torcida para que a série realmente saia um dia.
Vou ver se leio. O blog e seu e você pode postar isso bom e que chama mais leitores, e quem não quer saber sobre isso e só não ler, simples não?
ResponderExcluirDigitei errado e "o blog e o e você pode postar isso e o bom e que chama mais leitores para a leitura
ResponderExcluirEu amooo Desventuras em Série!! <3 Lembro que minha amiga me apresentou no ensino médio e incentivou todas as nossas amigas para lerem! Ficavamos comentando nos intervalos e tentando descobrir as charadas. Acabou que uma delas comprou o livro The Beatrice Letters (não tem disponivel traduzido) para descobrirmos o que aconteceu com as crianças (bem, ele só deixa a pista e temos q ficar com nossas conclusões ;-;)
ResponderExcluirAmo o Daniel Handler e adoro a ideia de ele ter esse segundo nome, Lemony Snicket. Acabo tendo dois autores favoritos kkkkkk
Se você ficou muito fã mesmo, indico esse livro e o "Lemony Snicket: Autobiografia Não Autorizada" que "promete" desvendar algumas questões, mas só te deixa com mais duvidas ainda xD