A história é centrada no Cebola e suas tentativas de
reconciliar com a Mônica. Dá para ver que ele não consegue esquecer dela de
jeito nenhum e todas as suas tentativas de seguir em frente não deram em nada. Confesso que
torci o nariz para ele no início quando ele falou que a Mônica estava feliz,
mas “e eu”. Tipo assim, de que adiantava a Mônica estar feliz se ele não
estava? Mas depois acabei mudando minha visão dele.
Gostei que a história falou um pouco das tentativas
anteriores do Cebola de namorar uma garota, pelo menos esclareceram que não
deram certo e até disseram qual foi o destino da Nadine que até então não tinha
dado as caras. Essa parte foi legal porque mostrou que mesmo ficando com várias
garotas, o Cebola não conseguiu esquecer a Mônica. Confesso que estou ficando
com dó.
Tem um detalhe que chamou a atenção, foi quando Cebola falou
que DC gostava da Mônica desde criança. É.... parece que isso é mais antigo do
que a gente pensava. Tudo bem, quem espera sempre alcança e a vez dele acabou
chegando.
O clima da história ficou assim meio... deixa eu ver... além
da imaginação, tipo aquela coisa surreal. A coisa chegou a um ponto em que
acabei ficando com dúvida: será que a Mônica existiu mesmo ou foi só coisa da
imaginação do Cebola porque estava sozinho? Sim, nós sabemos que a Mônica
existe, mas a história ficou tão bem feita que acabou conseguindo levantar essa
dúvida ainda que por alguns instantes.
Ainda mais porque ele mesmo ficou duvidando de si mesmo,
achando que tinha problemas na cabeça. Deve ter sido doloroso, especialmente
porque ele nem conseguia mais lembrar da sua vida sem a Mônica e de repente
tudo pode ter sido uma ilusão.
E também tem a “análise” da Magali ao dizer que quase toda a
turma seguia com os namoros de infância e só Cebola tinha ficado sozinho.
Talvez essa fixação na Mônica seja a procura por uma garota perfeita que nunca
apareceu.
Quando vi o Cebola trancado no quarto debruçado sobre o
computador procurando freneticamente pela Mônica, fiquei impressionada porque
até então ele nunca se esforçou tanto por ela. Quer dizer, ele ficou assim por
causa da Brisa, Diana, Hortência e Lucília, mas é a primeira vez que o vejo
ficar desse jeito por causa da Mônica. Dou 8 pelo empenho.
O clima de mistério também ficou bom porque durante toda a
história vemos a tal criatura e aqueles símbolos estranhos, mas até então
nenhuma pista do que era e por que tinha sumido com a Mônica.
Olhando o tal símbolo que aparecia aqui e ali, vi que era
familiar e uma rápida pesquisa no Google me trouxe essa imagem:
É bem parecida apesar de a direção da espiral estar
diferente. É um símbolo celta. Naquele tempo, as estações do ano eram divididas
em três: primavera, verão e inverno. Eles também tinham uma deusa e como as
estações do ano eram três, essa deusa também tinha um aspecto tríplice:
donzela, mãe e anciã. Também representava nossa natureza tríplice (corpo, mente
e espírito).
Outra interpretação para esse símbolo é que ele representa o
mundo material: céu, terra e mar.
Mas acho que Cassaro só usou o símbolo mesmo porque o significado na história é bem diferente porque representa uma entidade que realiza desejos. Também gostei de ver o empenho dele para descobrir o que
tinha acontecido com a Mônica, mesmo todo mundo achando que ele estava com
problemas. Ele chegou mesmo a declarar que pela Mônica ia até o inferno. Uia,
nunca o vi tão determinado assim por causa dela.
Sem falar da parte onde Cascão falou o que muita gente devia
estar pensando: que o lance do Cebola de querer derrotar a Mônica era
totalmente sem noção. Até que faz sentido: se ele gostava tanto assim da
Mônica, por que essa fixação em derrotá-la? Claro, tudo por causa do seu
complexo de inferioridade que acabou estragando o namoro e todo o resto. Essa
parte foi boa porque ajudou o Cebola a refletir um pouco mais sobre isso.
Agora ele percebe o quanto essa fixação atrapalhou a
felicidade dele. Se bem que eu não diria que foi só essa fixação e sim a sua
total falta de empenho em tentar derrotá-la e reatar o namoro.
Terminada a parte “supernatural”, começa a viagem deles até
aquela tal gruta dos desejos. Sério, eu nem imaginava que tinha algo assim na
cidade. Ou então eles tiveram que viajar um bocado para chegar até lá.
A causa de toda essa confusão só é revelada mesmo no final,
quando descobrem que tem uma entidade chamada Provedor que realiza os desejos
das pessoas. Mas vem cá, por acaso alguém sabe onde eu encontro esse cara? De
repente ele pode me arranjar os números da Mega-Sena.
O encontro deles com o Provedor foi bem feito e esclarecedor
também. Minha parte preferida foi quando Cebola tentou lhe dar um soco e saiu
com o braço todo bugado. Só fiquei surpresa da Magali não ter tentado atacar a
melancia, mas tranquilo.
A entidade ficou bem feita, o conceito é bom, explicação
lógica e coerente, fez bastante sentido explicar que a força dele vinha dos
desejos das pessoas. Poucos sabem, mas nossa força criativa é muito grande.
Mais especificamente, a força das nossas emoções ao focarmos nosso desejo.
Choque mesmo foi a revelação de que ela tinha sumido por
causa de um desejo do Cebola. Se bem que nos gibis ele desejou isso várias
vezes. teve até uma história onde ele voltou no tempo junto com o Cascão e
impediu que os pais da Mônica se conhecessem. Ele só desfez tudo depois porque
o seu Souza casou com a Carmem da esquina e a filha deles ficou bem pior que a
Mônica.
Só que na verdade, Cebola não tinha desejado nada disso. Tá,
ele apenas queria não sentir mais dor de cotovelo, mas duvido que isso
incluísse o sumiço da Mônica. Essa parte me lembrou de um filme que assisti há
uns anos chamado de “a abóbora mágica”. É um filme que se passa na China, onde
um garoto muito preguiçoso encontra uma abóbora mágica que realiza todos os
seus desejos.
O problema é que o abóbora era muito atrapalhado e quando o
garoto fazia algum desejo, ele realizava de um jeito que sempre acabava em confusão. Por
exemplo: quando o menino quis ver um filme cujos ingressos tinham esgotado, ao
invés de colocá-lo dentro do cinema, ele o colocou dentro do filme para quase
ser devorado por um dinossauro.
Ou então quando o menino quis tirar dez numa prova, o
abóbora transferiu as respostas da folha de uma menina, que era muito
estudiosa, e colocou na prova do menino. Só que o “jênio” transferiu também o
nome da menina e o garoto acabou se lascando. E que isso tem a ver com a
história? Bem, o que o provedor fez foi basicamente a mesma coisa que o abóbora.
Cebola apenas desejou não sofrer mais com a dor de cotovelo
e o que o provedor fez? Apagou a existência da Mônica, algo que o rapaz
definitivamente não queria. Deu para entender? O problema não foi o desejo e
sim a forma como a entidade o realizou.
E refletindo um pouco mais, eu achei bastante errada essa
atitude porque para realizar o desejo do Cebola, ele acabou penalizando a
Mônica como se ela fosse a culpada pelo sofrimento dele. Sem falar que Cebola
pode ter desejado isso, mas em momento algum pediu de forma direta e
consciente.
Isso acontece com a gente o tempo inteiro. Às vezes
desejamos coisas no nosso íntimo, mas não queremos que aconteçam de fato. Por
exemplo, de vez em quando eu vejo umas notícias que me deixam muito desanimada
com a raça humana e acabo “desejando” que um meteoro caia na Terra e acabe com
tudo. Mas não é algo que eu quero REALMENTE que aconteça, entende? Eu não fico
rezando por isso toda noite. Não sei se deu para entender.
Voltando a história, ao ver que não dava para reverter o
desejo, Cebola acabou se oferecendo para sumir no lugar da Mônica porque o
Provedor acredita que um sacrifício é mais forte do que tudo e não pode ser
recusado. Foi nessa hora que eu comecei a respeitar mais o Cebola.
“Meldels, meldels! A Mally tá respeitando o Cebola? É o
sinal dos tempos! Fujam para as montanhas!”
Calma, gente, calma. Eu apenas estou reconhecendo o
amadurecimento do personagem, só isso. A Petra já falou que o objetivo do
rompimento era servir de gatilho para o amadurecimento dele e vemos que isso
está de fato acontecendo.
Pode não parecer, mas um passo importante foi dado nessa
história. O Cebola realmente aprendeu a aceitar que a Mônica é feliz com outra
pessoa e não tem o direito de interferir nisso em benefício próprio. Ele ainda
a ama? Sim. Mas agora, pelo que parece, o sentimento ficou mais maduro e ele
aprendeu a pensar no bem-estar dela. Até então ele só pensava em si mesmo.
Outro passo importante foi a Mônica ter tomado consciência
do quanto ele estava sofrendo. Não que isso vá fazê-la terminar com o DC para
ficar com ele, isso não vai rolar. Ela realmente gosta do DC e está feliz com
ele, vamos admitir. Mas pode ser que depois dessa edição ela não haja mais com
tanta desconfiança e hostilidade com ele.
Vocês podem achar que está demorando demais para a Mônica
ficar bem com o Cebola, mas vamos olhar o lado dela também, né? Confiança
perdida é difícil de recuperar. Depois de tantas mancadas, a Mônica perdeu a
confiança no Cebola.
E tem outra coisa que a Petra falou no ask dela e faz muito
sentido: o Cebola precisa melhorar como pessoa antes de ficar com a Mônica
porque não é certo o rapaz avacalhar a moça durante a vida inteira e depois
ficar com ela numa boa. Isso passa uma mensagem muito ruim, que pode inclusive
prejudicar várias meninas no futuro. Elas podem pensar que é normal o sujeito
aprontar um monte e depois ficar com elas numa boa. Isso não existe na vida
real.
Então, hoje, estou respeitando mais o Cebola. Ainda não sei
como vai ser no futuro. Ele tem um longo caminho pela frente, talvez precise
refletir melhor sobre seu sentimento de inferioridade em relação a Mônica,
entender melhor o por que dessa fixação em derrotá-la. Pode
ser que ele ainda tenha algo a melhorar.
Além do mais, não podem acabar com o namoro da Mônica assim
do nada. Tem que ser bem feito para não ficar forçado ou esquisito. Então quem
torce para que os dois voltem a namorar novamente vai ter que esperar um
bocado.
Eu gostei muito da história. O tema, a forma como foi
desenvolvida e a profundidade que foi dada ao Cebola. A conclusão também ficou
boa porque o Provedor percebeu que ele não era tão poderoso assim em alterar a
realidade e no fim respeitou a vontade dos personagens. Outra coisa legal foi a
mensagem de que o sentimento do Cebola pela Mônica é tão forte que nem uma
criatura tão poderosa com poder de alterar a realidade foi capaz de fazê-lo
esquecer dela.
E mostrou também o quanto a Mônica se importa com o Cebola
apesar de tudo, porque ela estava disposta a voltar para a caverna e desfazer
toda aquela confusão. Era bem capaz de ela até se oferecer para ficar no lugar
dele novamente se fosse preciso.
Não sou boa em avaliar desenhos, mas as expressões do Cebola
ficaram realmente emotivas, impactantes, sei lá. Nunca vi a cara dele daquele
jeito, especialmente no quadrinho onde ele manda o Cascão sair do seu quarto.
Foi algo assim bem mangá mesmo. Há quem diga que os desenhos ficaram ruins e
confesso que deixaram um pouquinho a desejar mesmo. Mas deu para levar de boa.
Ah, e aquela imagem do Cebola beijando a Mônica? Foi só
mesmo para deixar todo mundo de cabelo em pé porque nem nos sonhos do Cebola
ela apareceu. Pobrezinho, não consegue ganhar beijo nem sonhando!
Bom, essa foi a crítica do mês, espero que tenham gostado. Agora
vamos aguardar a ed. 94 e confesso que estou bem curiosa, mas isso vai ficar
para os palpites. Até mais!
Para mais opiniões, confiram o vídeo do Canal Opinião Turma da Mônica Jovem:
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