domingo, 18 de dezembro de 2016

Quero aprender uma nova língua. Tá, e agora?

Sim, sei que essa pergunta fervilha na cabeça de muita gente que quer aprender um idioma novo. O que fazer? Como começar?

O método tradicional consiste em bombardear os alunos com regras gramaticais, exercícios e um bocado de decoreba. Quem tem aula de inglês na escola vai saber do que estou falando. Alguém aí conseguiu passar do verbo “to be”? Consegue ler e entender razoavelmente bem o inglês só com o que aprendeu na escola?

Alguns especialistas em aprendizado de idiomas têm um método diferente que é baseado na forma como nós aprendemos a falar na infância: primeiro ouvir e entender, depois falar. Em seguida aprender a ler e por último escrever. Atualmente as pessoas meio que fazem o contrário disso e acabam tendo dificuldade para aprender. 

Lembram de quando vocês entraram na escola e aprenderam a ler e escrever? Vocês foram aprendendo com o tempo porque já sabiam falar quando entraram na escola. Então tudo o que tiveram que fazer foi:

1 – Aprender o nosso alfabeto.
2 – Aprender a combinar as letras para formar os sons possíveis da nossa língua.
3 – A partir disso, ir entendendo as palavras aos poucos. Depois vamos entendendo as frases, etc.

Não sei se com vocês foi assim, mas pelo que eu me lembro foi assim que aprendi a ler e era muito gratificante ir reconhecendo as palavras e frases. Mas, como falei antes, esse processo foi natural porque eu já sabia falar. Agora, pensem como é fazer isso sem saber falar a língua. Meio estranho, não?

Só que alguns especialistas não concordam muito com esse método e acham que o melhor é começar a falar logo no primeiro dia, ainda que só palavras simples. Bem desafiador, não?

Atualmente estou lendo um livro “como aprender inglês, o guia definitivo” de Mairo Vergara (disponível aqui: http://www.mairovergara.com/livro/) e o método dele é o seguinte: no aprendizado de idioma existem dois processos chamados input (entrada) e output (saída). Input é o que a gente lê e ouve. Output é a fala e a escrita.  Para ele, o melhor é começar o aprendizado com input e só depois partir para o output. Isso porque a gente só vai conseguir falar e escrever aquilo que conhecemos.

Tipo, se no meu cérebro ainda não tiver a informação de como dizer “eu estou com fome” em outra língua, nunca vou poder falar ou escrever porque essa informação não existe. Primeiro temos que colocar a informação lá dentro, aprender. Só então vamos ter condições de usá-la na fala ou escrita.

Sim, eu sei que isso vai um pouco contra a ordem que nós aprendemos. Seria bom se pudéssemos aprender a entender e falar primeiro, mas nem todos têm condições de fazer isso. Nós aprendemos a falar porque vivemos imersos num ambiente onde todos falavam português e nos ensinavam palavras todos os dias. E o melhor é que nesse ambiente não precisamos ter medo de cometer erros. Afinal, éramos crianças e muitas vezes até achavam nossos erros bonitinhos.

Muita gente se pergunta se ir morar no outro país é essencial. Depende... se a pessoa ficar 24h por dia num ambiente onde todo mundo só fala em inglês, o tempo inteiro, ela vai acabar aprendendo nem que seja na marra. Agora, uma coisa que costuma atrapalhar é quando essa pessoa vai para outro país aprender o idioma e acaba só conversando com quem fala a mesma língua. Ela faz isso meio que sem querer, porque é mais fácil e confortável. Só que atrapalha o aprendizado.

Aliás, vocês sabiam que nos EUA tem imigrantes que vivem lá há anos e nunca aprenderam inglês? É porque eles vivem em comunidades onde só tem pessoas que falam a mesma língua, tipo os bairros cubanos lá de Miami. Também me lembro de uma jogadora de vôlei russa que morava no Brasil dando entrevista. Acho que na época, fazia uns seis anos que ela morava aqui e mesmo assim precisou de um intérprete.

Então não se sintam mal por não poderem morar no estrangeiro para poder aprender o idioma porque isso por si só não resolve nada. O importante é o quanto a pessoa aproveita a oportunidade. Dá para criar um ambiente de imersão aqui no Brasil também, sem precisar sair de casa. No livro do Máiro Vergara tem como fazer isso.

Quem puder ter um ambiente assim, ótimo. Aproveita bastante. Só que nem todos podem. Então só nos resta aprender a ler e ouvir. Isso pode soar parecido com os cursos tradicionais, mas tem diferença: não vamos nos concentrar tão obsessivamente em regras gramaticais. Só o suficiente para entender como a língua funciona.

Alguns autores meio que desprezam o estudo da gramática, ao passo que os cursos tradicionais se apegam muito a ela. Já eu prefiro o caminho do meio. Não vou gastar o resto da eternidade só estudando a gramática da língua, mas também não vou deixá-la totalmente de lado. A gramática é importante porque nos ajuda a entender um pouco como a língua funciona e assim a gente não perde tempo redescobrindo a roda todos os dias.

Por exemplo, em português nos falamos “o gato bebe leite”. Em inglês, é “the cat drinks milk”. Porém, em japonês eles falam algo como “o gato leite bebe”, tipo o Yoda.

Em português e inglês, usamos a estrutura sujeito-verbo-objeto (SVO), só que em japonês se usa sujeito-objeto-verbo. Nas frases, o verbo sempre fica no final. Dá para ver isso durante o aprendizado e observação, mas estudar um pouco de gramática antes já nos deixa meio que preparados e economiza tempo.

Não é meu objetivo aqui ensinar vocês a aprender um novo idioma. O livro do Mairo Vergara vai ensinar isso muito melhor que eu. Ele foi voltado para o aprendizado de inglês, mas pode ser aplicado para outros idiomas também. Eu só não concordo muito com a parte de não aprender gramática porque eu acho que devemos aprender sim, embora somente o básico, pouca coisa mesmo.

Na segunda parte do artigo, vou explicar a vocês como eu estou fazendo para começar o aprendizado de japonês.

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