Sim, sei que essa pergunta fervilha na cabeça de muita gente
que quer aprender um idioma novo. O que fazer? Como começar?
O método tradicional consiste em bombardear os alunos com
regras gramaticais, exercícios e um bocado de decoreba. Quem tem aula de inglês
na escola vai saber do que estou falando. Alguém aí conseguiu passar do verbo
“to be”? Consegue ler e entender razoavelmente bem o inglês só com o que
aprendeu na escola?
Alguns especialistas em aprendizado de idiomas têm um método
diferente que é baseado na forma como nós aprendemos a falar na infância:
primeiro ouvir e entender, depois falar. Em seguida aprender a ler e por último
escrever. Atualmente as pessoas meio que fazem o contrário disso e acabam tendo
dificuldade para aprender.
Lembram de quando vocês entraram na escola e aprenderam a
ler e escrever? Vocês foram aprendendo com o tempo porque já sabiam falar
quando entraram na escola. Então tudo o que tiveram que fazer foi:
1 – Aprender o nosso alfabeto.
2 – Aprender a combinar as letras para formar os sons
possíveis da nossa língua.
3 – A partir disso, ir entendendo as palavras aos poucos.
Depois vamos entendendo as frases, etc.
Não sei se com vocês foi assim, mas pelo que eu me lembro
foi assim que aprendi a ler e era muito gratificante ir reconhecendo as
palavras e frases. Mas, como falei antes, esse processo foi natural porque eu
já sabia falar. Agora, pensem como é fazer isso sem saber falar a língua. Meio
estranho, não?
Só que alguns especialistas não concordam muito com esse
método e acham que o melhor é começar a falar logo no primeiro dia, ainda que
só palavras simples. Bem desafiador, não?
Atualmente estou lendo um livro “como aprender inglês, o
guia definitivo” de Mairo Vergara (disponível aqui: http://www.mairovergara.com/livro/) e o método dele é o
seguinte: no aprendizado de idioma existem dois processos chamados input
(entrada) e output (saída). Input é o que a gente lê e ouve. Output é a fala e a
escrita. Para ele, o melhor é começar o
aprendizado com input e só depois partir para o output. Isso porque a gente só
vai conseguir falar e escrever aquilo que conhecemos.
Tipo, se no meu cérebro ainda não tiver a informação de como
dizer “eu estou com fome” em outra língua, nunca vou poder falar ou escrever
porque essa informação não existe. Primeiro temos que colocar a informação lá
dentro, aprender. Só então vamos ter condições de usá-la na fala ou escrita.
Sim, eu sei que isso vai um pouco contra a ordem que nós
aprendemos. Seria bom se pudéssemos aprender a entender e falar primeiro, mas
nem todos têm condições de fazer isso. Nós aprendemos a falar porque vivemos
imersos num ambiente onde todos falavam português e nos ensinavam palavras
todos os dias. E o melhor é que nesse ambiente não precisamos ter medo de cometer
erros. Afinal, éramos crianças e muitas vezes até achavam nossos erros
bonitinhos.
Muita gente se pergunta se ir morar no outro país é
essencial. Depende... se a pessoa ficar 24h por dia num ambiente onde todo
mundo só fala em inglês, o tempo inteiro, ela vai acabar aprendendo nem que seja
na marra. Agora, uma coisa que costuma atrapalhar é quando essa pessoa vai para
outro país aprender o idioma e acaba só conversando com quem fala a mesma
língua. Ela faz isso meio que sem querer, porque é mais fácil e confortável. Só
que atrapalha o aprendizado.
Aliás, vocês sabiam que nos EUA tem imigrantes que vivem lá
há anos e nunca aprenderam inglês? É porque eles vivem em comunidades onde só
tem pessoas que falam a mesma língua, tipo os bairros cubanos lá de Miami.
Também me lembro de uma jogadora de vôlei russa que morava no Brasil dando
entrevista. Acho que na época, fazia uns seis anos que ela morava aqui e mesmo
assim precisou de um intérprete.
Então não se sintam mal por não poderem morar no estrangeiro
para poder aprender o idioma porque isso por si só não resolve nada. O
importante é o quanto a pessoa aproveita a oportunidade. Dá para criar um
ambiente de imersão aqui no Brasil também, sem precisar sair de casa. No livro
do Máiro Vergara tem como fazer isso.
Quem puder ter um ambiente assim, ótimo. Aproveita bastante.
Só que nem todos podem. Então só nos resta aprender a ler e ouvir. Isso pode
soar parecido com os cursos tradicionais, mas tem diferença: não vamos nos
concentrar tão obsessivamente em regras gramaticais. Só o suficiente para
entender como a língua funciona.
Alguns autores meio que desprezam o estudo da gramática, ao
passo que os cursos tradicionais se apegam muito a ela. Já eu prefiro o caminho
do meio. Não vou gastar o resto da eternidade só estudando a gramática da
língua, mas também não vou deixá-la totalmente de lado. A gramática é
importante porque nos ajuda a entender um pouco como a língua funciona e assim
a gente não perde tempo redescobrindo a roda todos os dias.
Por exemplo, em português nos falamos “o gato bebe leite”.
Em inglês, é “the cat drinks milk”. Porém, em japonês eles falam algo como “o
gato leite bebe”, tipo o Yoda.
Em português e inglês, usamos a estrutura
sujeito-verbo-objeto (SVO), só que em japonês se usa sujeito-objeto-verbo. Nas
frases, o verbo sempre fica no final. Dá para ver isso durante o aprendizado e
observação, mas estudar um pouco de gramática antes já nos deixa meio que
preparados e economiza tempo.
Não é meu objetivo aqui ensinar vocês a aprender um novo
idioma. O livro do Mairo Vergara vai ensinar isso muito melhor que eu. Ele foi
voltado para o aprendizado de inglês, mas pode ser aplicado para outros idiomas
também. Eu só não concordo muito com a parte de não aprender gramática porque
eu acho que devemos aprender sim, embora somente o básico, pouca coisa mesmo.
Na segunda parte do artigo, vou explicar a vocês como eu
estou fazendo para começar o aprendizado de japonês.
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