Vou ser sincera. Eu esperava que fosse uma história cheia de
clichês e que o tal monstro fosse mesmo um fóssil vivo habitando os oceanos.
Por isso acabei dando um monte de bola fora nos meus palpites sobre essa
edição, acho que nunca errei tanto. Se bem que na parte em que o monstro ia ser
caçado eu acertei.
Devo dizer que a história surpreendeu bastante por causa da
ausência de clichês. Quem ia imaginar que esse monstro seria algo saído de uma
tela construída para olhar o passado? Está aí uma coisa que seria bem
interessante: poder ver o passado e saber como a história aconteceu de verdade.
Mas acho que se alguém inventasse esse tipo de coisa, acabaria morto antes de
poder divulgar essa invenção.
Quer dizer, a história é escrita pelos vencedores e
sobreviventes e esse grupo escreve do seu jeito e de acordo com seus
interesses. Muitos não iam gostar nem um pouco se a verdade viesse à tona e ela
fosse diferente daquilo que eles vêm pregando a vida inteira. Muitos paradigmas
seriam quebrados e se tem uma coisa que o ser humano odeia mortalmente é
descobrir que aquilo em que ele acreditou a vida inteira está errado e por
causa disso ter que mudar seus paradigmas.
Voltando a história, eles também deram destaque a aversão
inexplicável que o Cascão tem de água a ponto de impedir que ele consiga
apreciar um passeio e se divertir como as outras pessoas. Quer dizer, tudo o
que estava sendo mostrado era uma tela com paisagens do fundo do mar. Não havia
perigo real e mesmo assim ele não conseguia relaxar e apreciar como o resto da
turma.
Na vida real existem mesmo pessoas com fobias que as impedem
de viver como gostariam porque o medo paralisa. É impressionante como o Cascão
exagera em sua aversão a ponto de achar que uma vasilha d'água dentro do seu
quarto seja algo perigoso.
Mas tem uma frase que eu ouvi no filme O diário da princesa:
“Coragem não é ausência de medo, e sim, o julgamento de que algo
é mais importante do que o medo”.
Foi essa a atitude do Cascão ao pular na água apesar de toda sua fobia, porque
havia algo mais importante em jogo.
Foi bem interessante ele tendo que aprender a aceitar o
Adamastor mesmo sabendo que ele era um animal aquático. Tanto que ele nem
queria soltá-lo no mar porque tinha se apegado ao bicho apesar das diferenças.
E para falar a verdade, achei a história bem educativa. Foi legal
o Franja explicar por que não se pode soltar um animal fora do seu ambiente,
porque pode prejudicar as espécies nativas. Isso já foi muito feito no passado
e até hoje há lugares com problemas por causa disso. E para quem gosta de bichos
pré-históricos, eles falaram um pouco sobre os animais do pré-cambriano.
O final também foi bom, resolveu o problema de todos e
espero que o Franja tenha consertado sua máquina para que não aconteça de outros
bichos mais perigosos saírem de lá. é... Eu fiquei com dó de o pessoal zoar com
ele por causa das suas invenções darem defeito mas infelizmente parece que não tem
jeito. As coisas que ele inventa sempre acabam dando xabú.
Fora isso... bem... acho que não tem mais nada. quer dizer,
eu achei a história boa sim e gostei de terem dado bastante foco ao Cascão. Afinal,
é a edição dele. Só não entendo porque ele tem essa fobia de água. Já vi
documentários de pessoas com fobias e na maior parte dos casos, acho que em
todos, essa fobia sempre tinha uma origem na infância ou um evento traumático e
isso não acontece com o Cascão.
Antes ele convivia com essa aversão a água numa boa e não sentia
a menor falta de ir a praia ou piscina com os outros, mas parece que com o
tempo isso está se complicando porque ele mesmo já está se sentindo mal por ter
medo de água e não poder se divertir como os outros. É nessa hora, quando a
coisa já começa a trazer sofrimento, que a pessoa precisaria procurar ajuda.
No resto, eu diria que a história foi boa mas não excepcional,
aquela coisa acima da média que deixa a gente de queixo caído. E quanto ao
desenho... é que eu não fiquei lá muito inspirada dessa vez. Se no futuro vier
a inspiração... talvez eu faça algo.