Eu sempre gostei de desenhos animados, apesar de atualmente
não estar acompanhando muitos. Atualmente o meu preferido é Steven Universe.
Acho que vocês devem ter ouvido falar.
Para quem não conhece, vamos fazer uma pequena definição: o
que é uma gem?
Gems são uma espécie alienígena que na verdade são pedras. Seus
corpos são uma espécie de holograma sólido projetados por essas pedras. Como
são hologramas, elas podem até mudar de forma temporariamente, criar órgãos se
quiserem e quando são feridas, seu corpo holográfico se desfaz e elas voltam
para sua pedra a fim de se regenerar.
As gems são originárias de um planeta que no desenho é
chamado de Homeworld, ou Planeta Natal. Elas também colonizam outros mundos de
acordo com sua necessidade. Para uma gem nascer, a pedra dela é tipo plantada
no solo e de lá extrai todos os recursos necessários para fazer uma nova gem
que emerge já adulta, sabendo quem é e sua função.
As gems que existem são as pedras que conhecemos. Tem
esmeralda, ametista, peridoto, jasper, lápis lazuli, nefrite, diamante, etc. Cada
uma delas tem um tipo de poder e função na sociedade do Homeworld. Uma vez que
são pedras, elas não “nascem” nem se “reproduzem” e sim são feitas.
É por isso que elas colonizam outros mundos, pois buscam
planetas ricos em recursos para fabricar novas gems. Mas tem um porém aí:
depois que as gems emergem, o solo fica morto, incapaz de gerar vida novamente.
A criação de gems literalmente detona o planeta.
O desenho é centrado na vida de Steven Universe, um garoto
meio humano/meio gem que vive com três gems em uma cidade fictícia chamada
Beach City. Ao longo da série, ele ajuda as gems a salvarem o planeta ou
simplesmente se diverte com os diversos amigos que tem na cidade. A série
mostra sua evolução e amadurecimento a medida que vai descobrindo vários
segredos sobre si mesmo e sua origem.
As gems que vivem com Steven se chamam Garnet, Pérola e
Ametista. Cada uma tem uma personalidade diferente e a convivência nem sempre é
tranqüila. Sempre tem atritos e às vezes até brigas sérias, mas no fim elas se
entendem. Muitas vezes Steven age como apaziguador entre elas.
A criadora é Rebecca Sugar, que também trabalhou em Hora de
Aventura. Quando vi esse desenho pela primeira vez, confesso que torci o nariz
porque achei o Steven muito pentelho. Só passei a me interessar por causa de um
episódio que vi e gostei bastante, aí comecei a ver desde o início.
Uma dica para quem vai começar agora: tenha paciência. No
início vão achar o desenho bobo, o Steven chato e tudo sem sentido. Mas com o
tempo vocês vão ver que o desenho é mais profundo e complexo do que parece.
Uma das minhas coisas preferidas em SU (Steven Universe) é a
diversidade e inclusão. Nos desenhos geralmente vemos personagens
“padrãozinho”, mas em SU temos uma variedade grande de formas e corpos. Não há
padrão de beleza, todos são considerados bonitos do seu jeito.
A mensagem é de aceitação, respeito à diversidade, de ver
beleza em diversos tipos de corpos e não somente um.
Mas o que eu realmente gosto mesmo é a grande representação
lgbt que o desenho traz. Geralmente é difícil fazer esse tipo de representação
porque os conservadores sempre querem criar uma terceira guerra mundial quando
aparece algum personagem lgbt, mas SU consegue fazer isso com bastante
naturalidade. Se bem que alguns países censuram, o que eu acho ridículo.
Existem duas personagens que se amam muito e os criadores já
deixaram claro que elas representam um relacionamento lésbico.
“Aaaainnnn, mas vai influenciar as crianças!”
Não, não vai. Orientação sexual é algo que nasce com a
pessoa. Ninguém “vira” gay ou hétero, não é uma decisão que a pessoa toma na
hora de acordar.
O que o desenho tenta fazer é ensinar a ter mais respeito,
que não existe somente uma forma correta de amar. A gente até vê os fãs
shippando as personagens sem se importar com sexo ou gênero.
“Aaaainnnn, mas estão ensinando as crianças a acharem isso
natural!”
Ué, quem decide o que é ou não natural? Existe algum livro
de normas universais que todo ser humano da face da Terra tem que seguir? Não?
Então pronto. Fim da discussão.
SU é aquele tipo de desenho que eu gosto: profundo, complexo
e que dá margem para os fãs elaborarem diversas teorias. Sim, pessoal. Nada
nesse desenho é por acaso. Não há fillers, nem encheção de lingüiça. É bastante
comum aparecer algo num episódio que será lembrado ou fará sentido vários
episódios depois.
É algo que vamos construindo aos poucos, juntando as peças
para descobrirmos um grande segredo. E à medida que vamos juntando as peças,
também vemos como Steven amadurece e evolui. O garoto que temos hoje é muito
diferente daquele do primeiro episódio.
Sem falar que eu adoro ver as gems e o grande amor que elas têm
pela Terra, único lugar onde elas podem viver em paz sendo o que são. Elas não
interagem muito com os humanos e as vezes ficam até sem jeito entre eles, mas
lutam e se esforçam para protegê-los.
Apesar de parecer simples, é um desenho que dá muito pano
para manga. Muitas explicações, apresentações, teorias, mensagens ocultas e
referências. Se tem uma coisa que a Rebecca gosta é usar referências nos
desenhos. Quem assistir vai achar muitas delas e isso também faz parte da
diversão.
E é claro que eu não posso esquecer das músicas. Geralmente
eu não gosto muito, sempre me dá um certo nervoso quando um personagem começa a
cantar do nada. Mas as canções de SU são sempre muito bonitas e algumas até dá
vontade de ouvir várias e várias vezes. Sempre que tem música nova, toda a
fandom fica alegre. Melhor que isso só as fusões. Hein? O que são as fusões?
Bem... só assistindo para saber. Não quero estragar a surpresa.
Mais uma dica: quem for começar a assistir, faça devagar e sem
pressa porque atualmente os episódios estão demorando um pouco para serem
produzidos. Eu sei que o desenho pode desagradar os mais conservadores, mas
quem tiver a mente aberta irá apreciar bastante.
Quem quiser saber mais sobre SU (a introdução que eu dei foi
muito pequena e incompleta), pode dar uma olhada aqui:
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