sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

TMJ#5 - Entre o céu e o inferno: Críticas



Quando vi a capa pela primeira vez fiquei tipo “meldels, colocaram a Dorinha na capa!” sim, é praticamente um milagre eles colocarem um personagem secundário na capa da TMJ. Não é todo dia que acontece e fiquei bem feliz porque essa personagem nunca recebeu assim grande destaque.

Apesar de não ter dado nenhum palpite aqui no blog, fiquei pensando... quem seria esse anjo na capa? Um anjo da morte? Algum tipo de espírito? Sobre o quê fala a história? Por isso fiquei assim meio surpresa quando vi que se tratava da trajetória de um anjo caído.

Bem... eu não acredito assim em anjos. Quer dizer, não da mesma forma como as outras pessoas acreditam. É meio complicado explicar. Mas voltando a história, temos o Alef, o anjo que foi chutado do céu e se juntou a uma galera do mal para causar na Terra. Daí ele foi para o colégio do limoeiro e encontrou a turma.

O personagem foi bem coerente com o que se esperava de um anjo não tão bonzinho assim. Ele se mostrou arrogante, convencido e se achando no direito de desfazer das pessoas como se fossem inferiores. Bastante antipático no início e atraiu a desconfiança do resto da turma por suas atitudes e aparência, que era bem diferente do resto dos alunos. Até aí, tudo bem.

A Mônica tentar fazer amizade com ele e lhe dar as boas vindas também foi legal, especialmente sua atitude de não aceitar o preconceito dos outros alunos contra ele. Tranqüilo também.

Só achei que a Dorinha fez amizade com ele muito fácil. Quer dizer, para alguém tão arrogante que chegou se achando melhor que todo mundo, ele até que acabou sendo legal com ela apesar de ter sido grosso no começo.

Falando da Dorinha, eu gostei muito do foco e destaque que ela teve na história e sua personalidade é igual a que vemos nos gibis. É uma garota alto astral, positiva e que procura viver a vida da melhor forma possível. Ela passou uma mensagem bem bacana para os leitores.

Ela vê o mundo de outra forma diferente, com os outros sentidos e se sente feliz assim. Claro que ela gostaria de enxergar, mas não se sente ressentida por isso, nem tem inveja dos outros. Também não se sente injustiçada ou vítima.

Outra coisa de que gostei nessa história foi ver participação melhor dos outros personagens. Aninha e Titi foram hilários. Alguém aí quer biscoito de jiló com abacate? Eu não! Cascão e Xaveco trabalhando juntos também foi engraçado.

Eu rachei de rir com o Xaveco falando que estava assim de garota atrás dele. Tipo assim, não foi ele quem se jogou para cima da Irene na ed. 50? Não foi ele quem alugou um robô para lhe fazer companhia na ed. 32? Hahaha! Tô sabendo!

Nessa ed. o Xaveco até pareceu aqueles caras que vivem falando que centenas de mulheres morrem de amores por eles, mas ninguém nunca o viu com mulher nenhuma além da mãe e talvez da irmã. E essa de “Ain, nunca me apaixono”? Tá bom que eu acredito! Infelizmente não é algo que a gente possa controlar. Acontece e pronto. Claro que ainda podemos escolher como lidar com esse sentimento, só que tudo fica bem mais difícil porque as pessoas costumam ficar patetas quando se apaixonam mesmo.

O desenvolvimento foi bom, ótimas lições sobre viver a vida, aprender a ser feliz com o que tem ao invés de se afundar no recalque e gostei de como Alef e Dorinha foram ficando cada vez mais próximos. Uia, até beijo teve!

O momento em que ela quase foi atropelada também foi tenso, ainda mais quando Alef fez os carros flutuarem e depois levou aquele soco da Mônica. Tá, eu achei que foi injusto porque ele só estava tentando protegê-la, mas a Mônica não sabia disso, então era natural ela pensar que a amiga estava em perigo. Se bem que parar um pouquinho para escutar não teria feito mal a ninguém, certo?

Os três ex-anjos psicopatas também foram bons, típicos vilões que só queriam ferrar com a vida de todo mundo e ainda agiam como se isso fosse um direito sagrado. Eram os tipos de vilões que a gente queria ver se lascar bonito no final.

À medida que fui lendo a história e entendendo do que se tratava, comecei a ter uma sensação de déjà-vu que muitos leitores também devem ter tido. Algo familiar aí? Será que eu não vi algo parecido em outra edição? Sim, eu vi: ed. 66 – Amor de Anjo. Sim, pessoal. A idéia central foi basicamente a mesma.

Confesso que quando vi a quarta capa da edição, com Alef e Dorinha juntos, logo imaginei que eles iam terminar separados. Tá, é fácil dizer isso agora que já li a história, mas considerando o histórico da MSP em estragar casais, não dava para imaginar outra coisa. E quando descobri que Alef era um anjo, aí é que passei a ter certeza de que eles iam terminar separados.

E não deu outra: após ele ter morrido para salvar Ângelo de um ataque, acabou renascendo como um anjo. Nessa hora qualquer mísero restinho de esperança de que eles fossem ficar juntos morreu porque não tinha como ser diferente da ed. 46. Alef acabou tendo que ir embora porque sua missão era em outro lugar e não podia ficar com ela.

Pelo menos a Dorinha soube lidar bem com isso e não se mostrou triste ou frustrada. E também não ia adiantar mesmo, né?

Aí eu pergunto: por que, exatamente? Por que um anjo não pode sentir amor e ficar com uma pessoa, seja humana ou ninfa? Qual é a lógica nisso? A revista disse que se apaixonar enfraquece as pessoas, logo um anjo perderia as asas e se tornaria humano.

Aham. Aí eu fico pensando com os meus botões: aqueles anjos (mais o Alef) sentiram raiva, inveja, ódio e vários outros sentimentos negativos, mas isso não os enfraqueceu. Sim, eu sei que foram expulsos do paraíso e perderam as asas, mas aparentemente isso não os deixou mais fracos. Eles continuaram tendo poderes, podiam voar e até controlar as mentes das pessoas. Qual foi o prejuízo real que eles tiveram além do exílio? Eu não vi nenhum.

O ponto aqui é: eles tiveram uma pancada de sentimentos negativos e não enfraqueceram, mas foi só o Alef gostar da Dorinha e se importar com ela que acabou ficando fraco? É isso, produção? Alguém me explica essa lógica? Deu pra entender o meu raciocínio? Ficou parecendo que está de boas sentir ódio, mas sentir amor enfraquece as pessoas. Mensagem ruim que o roteirista acabou passando, viu?

Outra coisa com a qual não concordo é que na história confundiram amor com paixão sendo que são coisas bem diferentes. Paixão é algo que acontece num curto período de tempo, muitas vezes à primeira vista. O amor é construído com a convivência, leva tempo, dá trabalho e exige paciência.

Paixão geralmente leva mais em conta a aparência física, enquanto que com o amor aprendemos a focar mais nas qualidades da pessoa. Quando nos apaixonamos, alimentamos ilusões sobre a outra pessoa, idealizamos, praticamente criamos um personagem em cima dela.

Com o amor isso não acontece. Conhecemos a pessoa e seus defeitos, mas mesmo assim amamos porque as qualidades compensam. Paixão é ilusória, amor é mais realista. Mas dependendo do caso, paixão pode se transformar em amor sim, embora não aconteça sempre.

Então eu não posso dizer que Alef amava a Dorinha, porque o tempo de convivência deles foi muito pequeno, coisa de poucos dias. Mas também não sei dizer se era paixão porque ele mostrou se importar realmente com ela e não pareceu que estava alimentando fantasias, nem idealizando. Então imagino que ele gostava muito dela, estava desenvolvendo um sentimento especial que com o tempo podia se transformar em amor.

Seja como for, o sentimento que ele tinha por ela era uma coisa boa, que o tornou uma pessoa melhor. É aí que as coisas deixam de fazer sentido. Enquanto ele sentia ódio e inveja, tinha poderes. Mas quando passou a sentir algo bom e positivo, ficou fraco? Entendem onde quero chegar?

Acho que o roteirista só fez o final assim para bater com o “amor de anjo”, porque ia ficar muito sem sentido Ângelo terminar separado da Nina, mas Alef poder ficar com a Dorinha. Mas ainda assim eu acho muito estranho e sem sentido um anjo perder seus poderes por amar uma pessoa. O que nos faz perder a força, a meu ver, é esquecer de quem somos, nos anular e ficar só em função do outro. Aí sim perdemos nossa força mesmo.

Mas se formos capazes de manter nossa identidade, de nos lembrar de quem somos, do nosso valor e de que merecemos respeito, não acho que amar vai nos fazer perder a força.

Não sei se vocês se lembram, mas foi com esse pensamento que eu escrevi a fanfic “Santuário”, como uma continuação da ed. 46 porque eu não tinha me conformado com o final. Então arrumei um “jeito” do Ângelo poder ficar com a Nina e manter seus poderes de anjo. Para quem quiser conferir:


E também fiz um desenho dessa edição, imaginando um final mais feliz para os dois. Tem quebra cabeça também: Quebra-cabeça: Voe comigo

De qualquer forma, gostei bastante da história e do destaque que deram para a Dorinha, foi um bom protagonismo mesmo. Foi legal ver toda a turma se reunindo para acabar com aqueles folgados, e a aparição do Ângelo também foi muito boa. Gostei de como os outros personagens foram aparecendo e tendo algum espaço, não ficando tudo só entre os quatro principais. Gosto de aventuras em que a turma toda participa, ainda que dentro do possível. Apesar do final previsível, foi uma boa história.

Para quem quiser mais opiniões sobre a história, não deixem de conferir o vídeo do Canal Opinião Turma da Mônica Jovem:


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