Bom, normalmente eu não teria feito a crítica da LT desse mês porque tirando aquela cara de perversa que a Aninha fez para intimidar o dono da loja a comprar um estande no evento, não vi nada de mais. Eu rachei de rir com aquela cara, sério! Talvez em outro tipo de história ela pudesse ficar assustadora, mas nessa ficou hilária.
A história foi boazinha, mas quase uma repetição daquela do
ano passado com mais dificuldades, confusão e até concorrência com um grupo
rival e meio perverso. Até que isso deu um tempero a mais na história e gostei
da participação da Aninha mostrando seu lado perverso e também infantil ao
entrar na competição entre os dois clubes de forma ferrenha, estrangular o
pobre irmão para extravasar a raiva e até zoar com os rapazes do outro clube.
Só não entendi qual foi exatamente a finalidade daquele
cantor japonês porque ele nem apareceu no evento. Pelo menos tudo deu certo e
uma coisa que me chamou a atenção foi eles terem dito que estamos no ano de
2014. Quer dizer, parece o tempo passa na Lulu Teen. Quem sabe não teremos
outro Libertanime no ano de 2015?
Mas o que me chamou a atenção, e com certeza chamou a
atenção de muita gente, foi eles terem dado um foco maior no relacionamento do
Edgar com o Fábio. Bem maior do que eu pensava. Além de terem falado de uma vez
que os dois são gays, eles também mostraram os conflitos que o Fábio estava
tendo em casa por causa dos pais conservadores.
Teve até um beijo entre eles! Bem... os lábios não chegaram
a se tocar, mas eu fiquei muito surpresa porque me contentava apenas em ter
dois personagens homossexuais que de vez em quando apareciam de mãos dadas.
Achava que nunca ia passar disso. Devo dizer que foi preciso muita coragem por
parte do roteirista para fazer algo que bata de frente com a mentalidade de
muitas pessoas. Desafiar o status quo não é nada fácil.
Claro que teve gente que foi contra por causa do beijo,
achou pesado demais, impróprio para uma revista para crianças, desrespeitou a
religião das pessoas, etc.
O que eu acho?
Bem... para mim, um relacionamento homossexual é o mesmo que
um heterossexual: duas pessoas que se gostam e querem ficar juntas. Fim. Não me
faz a menor diferença se elas são ou não do mesmo sexo. Sou da opinião de que
cada um deve viver sua vida e deixar que as outras pessoas vivam as suas.
Ninguém é obrigado a viver do jeito que eu acho certo.
Houve quem dissesse que os pais do Fábio foram mostrados
como vilões por discordarem. Errado. Eles não foram mostrados como vilões
porque discordaram e sim porque foram agressivos e desrespeitosos com o filho e
com os outros jovens ao redor. Viram como a mãe dele tratou a Lulu? Julgou só
por causa da roupa.
Felizmente o Vicente interveio e abrandou as coisas. Pelo
menos conseguiu fazer com que os dois se dispusessem a conversar com o filho, o
que é um grande avanço considerando que muitas famílias expulsam os filhos de
casa por causa disso. E confesso que preciso aprender alguma coisa com ele,
sabe?
Eu costumo ser muito agressiva quando defendo algo que acho
certo. Quem debateu comigo sabe muito bem. Mas pensando de outra forma, talvez
o melhor fosse aprender a ser menos “Mônica” e mais “Vicente” na hora de
debater com as pessoas. Afinal, de qualquer forma eu sei que dificilmente vou
conseguir mudar a opinião da pessoa, mas quem sabe falando numa boa eu não
consiga ao menos fazer com que ela pare e reflita? Tá. Falar é fácil, mas
colocar em prática vai ser bem desafiador para mim. Ainda assim vou tentar.
Vocês devem achar estranho eu defender tanto esse assunto
sendo que sou hétero. Afinal, o que isso tem a ver comigo? Simples. Não
concordo que tentem oprimir e controlar a vida dos outros. Se a pessoa não faz
mal a ninguém, então ela tem sim pleno direito de viver a vida dela sem que os
outros fiquem ditando normas e regras. Além do mais eu sou feminista e a
homofobia faz parte do sistema patriarcal e machista contra o qual lutamos.
Esse post é mais para propor uma reflexão sobre o assunto.
Então minha proposta não é que vocês mudem suas crenças ou desafiem aquilo que
lhes foi ensinado desde pequenos. Sim, porque grande parte da nossa opinião e
crenças foram incutidos na nossa mente pelos pais, escola, religião, sociedade,
mídia, amigos, etc. Vocês ainda são jovens e talvez ainda não estejam prontos
para bater de frente com tudo isso. Mas nada os impede de pensar e refletir,
ainda que só possam guardar para si mesmos.
Quando se pergunta a uma pessoa porque ela acha que
homossexualidade é errada, ela geralmente dá respostas evasivas ou apenas diz
que é por causa da religião. Sinceramente, nunca vi uma resposta realmente
objetiva.
Falemos do argumento n. 1: a religião. Esse é o principal de
todos, o mais citado e também o que deixa as pessoas mais agressivas.
Não sei se vocês sabem, mas o Brasil é um estado laico. O
que isso quer dizer?
Um estado (ou país) laico é aquele que é neutro nas questões
religiosas. Quer dizer, não apóia e nem discrimina nenhuma religião. Em um
estado laico, cada um tem direito a ter sua crença religiosa, ou de não ter
nenhuma porque a constituição garante liberdade de credo.
No artigo 5º da Constituição Brasileira (1988) está escrito:
“VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”
Por outro lado, isso quer dizer que nenhuma religião pode
interferir no estado e nas suas leis. Isso porque a religião é uma decisão
pessoal de cada um, algo que deve ficar na esfera privada. Os dogmas religiosos
não podem interferir em leis ou questões políticas por uma razão muito simples:
vivemos em um país multicultural, onde um número muito grande de religiões
coexistem e também há pessoas que não seguem religião nenhuma.
Fazer as leis de acordo com os dogmas de determinado grupo
religioso seria desrespeitar e excluir o restante da população que não segue ou concorda com esses dogmas
religiosos. Mesmo dentro de uma mesma religião existem pessoas que não concordam
com todos os seus dogmas e leis. Deu para entender?
Esse artigo
continua em outro post. Dividi em dois para que a leitura não ficasse muito
longa e cansativa.
LT#57 - Um passo a frente de todos. Segunda parte
LT#57 - Um passo a frente de todos. Segunda parte
Eu concordo com tudinho que você disse (Engraçado é que ontem eu tinha postado um texto justamente sobre a homossexualidade, eta coincidência XD)
ResponderExcluirNem leio Lulu Teen, mas achei que foi um grande passo.
Onde você leu?
ResponderExcluirManda pro meu e-mail: konaileenchan@gmail.com