domingo, 8 de abril de 2018

A hora do vampiro




Autor: Stephen King
Publicação: 1975
Páginas: 464
Nota: 10

Sinopse: Ambientado na cidadezinha de Jerusalem's Lot, na Nova Inglaterra, o romance conta a história de três forasteiros. Ben Mears, um escritor que viveu alguns anos na cidade quando criança e está disposto a acertar contas com o próprio passado; Mark Petrie, um menino obcecado por monstros e filmes de terror; e o Senhor Barlow, uma figura misteriosa que decide abrir uma loja na cidade.

Após a chegada desses forasteiros, fatos inexplicáveis vêm perturbar a rotina provinciana de Jerusalem's Lot: uma criança é encontrada morta; habitantes começam a desaparecer sem deixar vestígios ou sucumbem a uma estranha doença. A morte passa a envolver a pequena cidade com seu toque maléfico e Ben e Mark são obrigados a escolher o único caminho que resta aos sobreviventes da praga: fugir.

Mas isso não será tão simples, os destinos de Ben, Mark, Barlow e Jerusalem's Lot estão agora para sempre interligados. E é chegada a hora do inevitável acerto de contas.

Outro livro de Stephen king que eu li essa semana, logo depois de terminar Carrie, a Estranha.

Sabe aquele livro que a gente começa a ler e não consegue parar? É esse. Quando comecei a ler, as páginas foram fluindo uma após a outra e quando dei por mim, já tinha lido umas dez ou vinte páginas sem perceber.

Até agora eu li poucos livros de King, só 3 (Carrie, a hora do vampiro e a Dança da morte que falarei outro dia). Mas percebi que a escrita dele é excelente. Fácil, linguagem simples e envolvente. A gente bate o olho e entende tudo na hora, não precisa reler o mesmo trecho mais de uma vez.

Confesso que histórias de vampiro nunca foram minhas preferidas, mas estou lendo os livros dele pela data de publicação e este está na seqüência. A história foi baseada Drácula de Bram Stoker (de repente me animo a ler), então não tem nada desses vampiros frescolas que brilham sob a luz do sol. O lance aqui é vampiro raiz mesmo, do tipo que tem medo de crucifixo, queima com água-benta, tem medo do sol, foge de alho e só quer saber de beber sangue.

O ritmo da história é aquele padrão em filmes de terror clássico. Tudo começa aparentemente normal. Uma coisa estranha acontece aqui. Ninguém desconfia. Outra coisa estranha acontece ali. Geral não liga. Mas os eventos vão aumentando até que o personagem principal começa a ficar desconfiado e resolve a investigar. Depois em numa espécie de avalanche, onde o que antes pareciam casos isolados se tornam freqüentes.

Salem’ Lot é uma típica cidade pequena dos EUA. Todos se conhecem, pouca coisa de importante acontece, tudo ali é parado. A gente vai conhecendo os personagens e vendo o papel que cada um desempenha naquela cidade onde tudo é sempre igual. Tem até a típica fofoqueira que espia a vida de todo mundo com um binóculo na mão e o telefone na outra.

Os mesmos casos, muitas vezes coisas que aconteceram anos atrás, são sempre comentados de novo e de novo, meio que passados de uma geração a outra. Velórios chegam a ser tipo um acontecimento porque morre pouca gente na cidade também (já morei na roça, é verdade mesmo).

É nesse clima de cidadezinha do interior que o personagem principal, Ben, volta para a cidade a fim de acertar assuntos pendentes de sua infância que o assombram até a vida adulta. Ele chegou achando que tudo ia ser tranqüilo, que ia poder escrever seu livro e respirar um pouco de ar puro. Só que não.

A impressão que eu tive é que o livro meio que começa pelo final, quando a história já teve seu desfecho. Interessante, mas um tanto corta-clima porque acabei vendo quem ia ou não morrer. Mas ainda assim foi bom, pelo menos não fiquei criando grandes expectativas. Aliás, quem quiser ler os livros de King tem que se acostumar com isso, pelo que percebi até agora. Não sei se é assim com todos, mas parece que ele tem a tendência a dar pequenos spoilers ao longo da leitura. Mas ao invés de atrapalhar, acaba criando algum suspense porque aguça nossa curiosidade de saber mais detalhes do que aconteceu e por que aconteceu. Vale a pena.

A peça central no livro, se posso chamar assim, é a Casa Marten. É uma casa antiga de aparência bem assustadora onde aconteceu uma grande tragédia. Essa casa ganha tanta importância na história que em alguns momentos até parece um personagem e não somente uma casa. É um lugar que parece emanar o mal e as pessoas sentem logo quando chegam perto. Ela tem uma história horrível, como falei. Teria sido interessante se o autor tivesse falado um pouco mais a respeito, mas do jeito que está ficou bom.

Outra característica é o grande número de personagens que vão aparecendo no livro. Dá um pouco de trabalho lembrar seus nomes, mas a gente se acostuma. É bem legal porque não vemos o ponto de vista só do personagem principal e sim das pessoas envolvidas na trama. Isoladas, essas passagens não dizem muita coisa. Mas juntas, nos deixam por dentro de tudo o que acontece na cidade.
E esses pontos de vista vão de coisas bem simples como a rotina da pessoa, seu trabalho, etc. até coisas mais complexas e assustadoras. Quem não estiver acostumado pode se perder um pouco. 

Conhecemos os principais lugares em Salem’s Lot, as pessoas que freqüentam e suas histórias. A gente até chega a entrar no clima, sentimos a rotina do lugar e até da a impressão de fazermos parte dela. Também vemos a passagem das horas do dia, desde o amanhecer até o anoitecer.

O medo e o terror que os personagens sentem também é bem descrito, assim como as sensações que cada um tem de estar sendo vigiado e até os cheiros que sentem quando chegam em determinados lugares. Nessa história, temos terror e quotidiano misturados. Em alguns momentos tudo parece tranqüilo e normal, em outros vemos como tudo vai desandando aos poucos até que esse verniz de normalidade acabe descascando e revelando toda a morte e decadência que está por detrás dele.

Os únicos poréns foram a luta final, da qual esperava mais ação e o desfecho da história que faltou mais detalhamento. Acho que King preferiu deixar as coisas no ar, mas preferia que tivesse falado o que aconteceu. A não ser que esse assunto seja abordado em outro livro para frente, vamos ver.

Quem gosta de um bom terror, recomendo. Acreditam que até chegou a dar um medinho durante a noite? Sabe quando qualquer barulhinho dentro de casa assusta e a gente até chega a ver um vulto aqui e ali? Pois é. Quer dizer que o livro é bom mesmo. Não recomendo para crianças menores de 16 anos, o ideal seria ter mais que 18. Aconselho cuidado ao ler esse livro para quem não tiver idade suficiente.

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