sexta-feira, 6 de abril de 2018

Carrie, a estranha




Já que finalmente me libertei dos livros das Crônicas de Fogo e Gelo, agora posso ler outros sem problema. E o próximo é Carrie, a estranha de Stephen King. E esse também não é para as criancinhas inocentes.  

Sinopse:

A obra apresenta a adolescência de uma jovem problemática, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar a vida como as garotas de sua idade.
Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, coisas estranhas acontecem, misteriosamente.
Aos 16 anos, Carrie prepara sua vingança contra todos os que a prejudicaram.

Esse foi o primeiro livro publicado de Stephen King. Vocês sabiam que quando ele terminou de escrever, odiou o resultado e jogou no lixo? Pois é. A sorte é que sua esposa encontrou os manuscritos, leu, adorou e o convenceu a publicar. O sucesso foi tão grande que lhe deu fama e dindim no bolso.

Sabe... quando pesquisei sobre esse livro, falaram que era um livro forte, carregado de emoções pesadas. O próprio King falou que acha que esse livro "cru" e "com um surpreendente poder de machucar e horrorizar". É inclusive um dos livros mais banidos nas escolas estadunidenses. Daí eu pensei: leio sim ou claro?

E li, mas confesso que fiquei um tantinho decepcionada. Tirando a cena inicial onde a personagem sofre bullying no banheiro (isso sim foi cruel e horrível) e outra onde ela sofreu a brincadeira cruel que desencadeou toda a tragédia, eu não fiquei nem um pouco horrorizada com o livro. Para ser sincera, achei até bem tranqüilo de ler. Um pouco chatinho até porque tentaram fazer na forma de um documentário, intercalando a história com depoimentos, entrevistas, trechos de cartas e livros, transcrições de julgamentos, etc.

Se por um lado isso ajudou a dar um certo realismo à história, por outro deixou a leitura um tanto maçante.

Carrie é uma moça tímida, extremamente reprimida pela mãe fanática/maluca/bitolada. Sabe aquele tipo de pessoa para qual tudo é coisa do diabo? Pois é. Para ela, até chuveiro elétrico e travesseiros eram coisas do caipiroto, só para vocês terem uma idéia. E nem vou falar dos ataques psicóticos que ela dá quando vê algo que vai contra sua fé. A mulher endoida o cabeção literalmente.

É nesse ambiente que Carrie cresce, sofrendo todo tipo de repressão, castigos e abusos. Sua mãe a leva na rédea curta e lhe pune severamente por coisas que pais normais e mentalmente saudáveis achariam banais. Quando ela teve sua primeira menstruação, por exemplo, apanhou e foi castigada porque na cabeça da sua mãe, mulher que menstrua é pecadora. O bagulho é tão louco que é preciso ler o livro para entender. Falar aqui não vai dar a idéia de como a coisa é de verdade.

Carrie é tão reprimida que fica difícil separar o que é da personalidade dela do que veio da educação fanática e castradora de sua mãe. Ela incorporou muitas crenças da sua mãe, inclusive irritava as colegas de escola dizendo que elas iam para o inferno. Mas não fazia por mal, era apenas o que lhe ensinaram a creditar.

Por ser tão diferente, ela não tinha amigos e vivia isolada. Era também alvo constante de deboches e piadas. Era aquela pessoa que quando andava pelo corredor, colocavam um pé na sua frente para fazê-la tropeçar.

Aos poucos ela vai se rebelando, descobre o poder que tem (literalmente) e começa a desafiar sua mãe. Decide que quer ser uma pessoa normal e não uma mulher recalcada, azeda e amargurada como sua mãe era. Mas é claro que no livro não foi algo assim tão simples.

Embora não seja tema central, a história aborda o bullying e suas conseqüências. É algo que pode causar um estrago muito grande na vida de quem sofre e até das pessoas ao seu redor. E vamos lembrar que essa história foi escrita num país onde já aconteceu de alunos entrarem atirando em colégios por causa das provocações dos colegas, então o que King escreveu nem é tão fora da realidade assim, os alunos só não tem poderes sobrenaturais.

Além da Carrie tem sua antagonista, uma garota chamada Chris Hargensen que é extremamente arrogante, mimada e se acha no direito de fazer o que quiser porque papai a protege de tudo. Foi essa garota quem desencadeou toda a tragédia que se seguiu no fim do livro. Pelo menos teve o fim que mereceu.

Bom, eu não vou falar mais porque seria spoiler. Se você tiver idade para ler o livro, leia. É um livro pequeno (umas 200 páginas) e a leitura é boa. 

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