Já que finalmente me libertei dos livros das Crônicas de
Fogo e Gelo, agora posso ler outros sem problema. E o próximo é Carrie, a
estranha de Stephen King. E esse também não é para as criancinhas
inocentes.
Sinopse:
A obra apresenta a adolescência de uma jovem problemática,
perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar a vida como
as garotas de sua idade.
Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, coisas estranhas acontecem, misteriosamente.
Aos 16 anos, Carrie prepara sua vingança contra todos os que a prejudicaram.
Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, coisas estranhas acontecem, misteriosamente.
Aos 16 anos, Carrie prepara sua vingança contra todos os que a prejudicaram.
Esse foi o primeiro livro publicado de Stephen King. Vocês
sabiam que quando ele terminou de escrever, odiou o resultado e jogou no lixo?
Pois é. A sorte é que sua esposa encontrou os manuscritos, leu, adorou e o
convenceu a publicar. O sucesso foi tão grande que lhe deu fama e dindim no
bolso.
Sabe... quando pesquisei sobre esse livro, falaram que era
um livro forte, carregado de emoções pesadas. O próprio King falou que acha que
esse livro "cru" e "com um surpreendente poder de machucar e
horrorizar". É inclusive um dos livros mais banidos nas escolas
estadunidenses. Daí eu pensei: leio sim ou claro?
E li, mas confesso que fiquei um tantinho decepcionada.
Tirando a cena inicial onde a personagem sofre bullying no banheiro (isso sim
foi cruel e horrível) e outra onde ela sofreu a brincadeira cruel que
desencadeou toda a tragédia, eu não fiquei nem um pouco horrorizada com o
livro. Para ser sincera, achei até bem tranqüilo de ler. Um pouco chatinho até
porque tentaram fazer na forma de um documentário, intercalando a história com
depoimentos, entrevistas, trechos de cartas e livros, transcrições de
julgamentos, etc.
Se por um lado isso ajudou a dar um certo realismo à
história, por outro deixou a leitura um tanto maçante.
Carrie é uma moça tímida, extremamente reprimida pela mãe
fanática/maluca/bitolada. Sabe aquele tipo de pessoa para qual tudo é coisa do
diabo? Pois é. Para ela, até chuveiro elétrico e travesseiros eram coisas do
caipiroto, só para vocês terem uma idéia. E nem vou falar dos ataques
psicóticos que ela dá quando vê algo que vai contra sua fé. A mulher endoida o
cabeção literalmente.
É nesse ambiente que Carrie cresce, sofrendo todo tipo de
repressão, castigos e abusos. Sua mãe a leva na rédea curta e lhe pune
severamente por coisas que pais normais e mentalmente saudáveis achariam
banais. Quando ela teve sua primeira menstruação, por exemplo, apanhou e foi
castigada porque na cabeça da sua mãe, mulher que menstrua é pecadora. O bagulho
é tão louco que é preciso ler o livro para entender. Falar aqui não vai dar a
idéia de como a coisa é de verdade.
Carrie é tão reprimida que fica difícil separar o que é da
personalidade dela do que veio da educação fanática e castradora de sua mãe.
Ela incorporou muitas crenças da sua mãe, inclusive irritava as colegas de
escola dizendo que elas iam para o inferno. Mas não fazia por mal, era apenas o
que lhe ensinaram a creditar.
Por ser tão diferente, ela não tinha amigos e vivia isolada.
Era também alvo constante de deboches e piadas. Era aquela pessoa que quando
andava pelo corredor, colocavam um pé na sua frente para fazê-la tropeçar.
Aos poucos ela vai se rebelando, descobre o poder que tem
(literalmente) e começa a desafiar sua mãe. Decide que quer ser uma pessoa
normal e não uma mulher recalcada, azeda e amargurada como sua mãe era. Mas é
claro que no livro não foi algo assim tão simples.
Embora não seja tema central, a história aborda o bullying e
suas conseqüências. É algo que pode causar um estrago muito grande na vida de
quem sofre e até das pessoas ao seu redor. E vamos lembrar que essa história
foi escrita num país onde já aconteceu de alunos entrarem atirando em colégios
por causa das provocações dos colegas, então o que King escreveu nem é tão fora
da realidade assim, os alunos só não tem poderes sobrenaturais.
Além da Carrie tem sua antagonista, uma garota chamada Chris
Hargensen que é extremamente arrogante, mimada e se acha no direito de fazer o
que quiser porque papai a protege de tudo. Foi essa garota quem desencadeou
toda a tragédia que se seguiu no fim do livro. Pelo menos teve o fim que
mereceu.
Bom, eu não vou falar mais porque seria spoiler. Se você
tiver idade para ler o livro, leia. É um livro pequeno (umas 200 páginas) e a
leitura é boa.
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