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Para descobrir que a salvação não vem
Quando todos foram para a mesa, Carmem começou a servir o jantar
procurando dar o seu melhor. Será que Afonso e Rebeca sabiam que ela era
a filha dos Frufrus? Será que tinham entrado no jogo também? Pensando
melhor, era muita coincidência ela ter conseguido aquele emprego com
tanta facilidade sendo tão nova e não tendo nem carta de referência,
coisa que as famílias ricas costumavam exigir das empregadas.
Realmente,
era muito estranho ela ter entrado na agência e encontrado aquela
mulher falando com Rebeca que procurava justamente alguém com suas
descrições. Era óbvio que seus pais tinham arranjado tudo!
- Até que você está com uma cara boa. – Marlene observou.
- É, está tudo indo maravilhosamente bem! Algo me diz que as coisas vão melhorar muito daqui pra frente.
A outra apenas riu e deu de ombros. Pobre garota, era pouco provável que as coisas fossem melhorar naquela casa.
Quando
foi servir a sobremesa, Carmem observava seus pais disfarçadamente
esperando que a qualquer momento eles a chamassem para terminar aquele
castigo. Depois vieram as frutas, o licor e por último o café para
encerrar aquele jantar formal.
- Essa festa será um sucesso
total! Vamos arrecadar muito dinheiro para nossas crianças! – Afonso
falou oferecendo um charuto para Sr. Frufru.
- Tenho certeza de que tudo dará certo.
Depois
que acertaram os detalhes e prometeram divulgar a festa entre seus
amigos e conhecidos, a Sra. Frufru quis fazer uma pergunta.
- Essa moça que serviu o jantar...
- Algum problema? Ela fez uma grosseria? – Rebeca perguntou com um sobressalto.
- Claro que não, imagina! Só fiquei curiosa. Ela parece bem novinha!
-
Ah, sim! É um dos jovens de nossa instituição. – ela mentiu para
impressioná-los - É meio desmiolada, pobrezinha, tem dificuldade para
aprender e costuma ser lerda às vezes. Mas é boa pessoa e estamos
fazendo de tudo para ajudá-la.
Aquilo com certeza explicou o
comportamento estranho daquela moça no outro dia e eles não fizeram mais
perguntas. Pelo menos ela estava sendo bem assistida e não havia mais
com o que se preocupar. Quando chegou a hora de ir embora, Carmem ficou
de acompanhá-los até a porta. Sua liberdade estava quase chegando!
Assim que os dois saíram, Carmem lhes falou.
- E então? Eu fui bem essa noite?
Os dois estranharam a pergunta e a Sra. Frufru respondeu com toda paciência.
- Sim, você foi bem. Espero que esteja se recuperando e aquele incidente desagradável não aconteça nunca mais.
-
Você ainda tem uma vida pela frente, menina. Não desperdice desse
jeito. Aproveite a ajuda generosa que os Aguiar estão lhe dando e...
- Não, espera! Achei que vocês tivessem vindo me buscar! Pai, mãe, cansei disso tudo, já chega!
Eles se entreolharam por um tempo e a mulher falou.
- Parece que ela tem mesmo problemas, ainda acha que somos pais dela!
- Pobre coitada! Melhor nem falarmos nada para os Aguiar ou ela pode acabar perdendo o emprego.
- Ei, eu não tenho problema não! Já mudei, aprendi o valor do trabalho! Por favor, não me deixem aqui! Me levem com vocês!
Com
medo de um escândalo, eles foram se afastando rapidamente e correram
até o carro com Carmem atrás implorando. A Sra. Frufru disse
visivelmente aborrecida.
- Por favor, não nos cause mais esse
constrangimento! Hoje não falaremos nada aos seus patrões, mas se isso
se repetir, teremos que tomar providências!
Eles entraram no
carro e o chofer arrancou rapidamente. Carmem ainda tentou correr atrás
deles, mas logo parou no meio do caminho chorando como um bezerro
desmamado. Será que eles queriam levar aquele castigo por mais tempo? Ou
será que aquela história da estrela era mesmo verdade?
Pensar
assim lhe encheu de pavor. Seus pais agiram mesmo como se não a
conhecessem. Por mais que fossem controlados, eles nunca teriam
conseguido agir com tanta frieza. Ou teriam? Ela não sabia de mais nada e
voltou para a mansão com o coração em pedaços ao ver seus sonhos
jogados por terra. Pelo visto, ela ainda ia ter que passar uma longa
temporada vivendo naquela casa, aturando uma patroa neurótica e uma
colega de trabalho que fazia de tudo para tornar sua vida pior ainda.
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- Ah, pobre moça! Fiquei com pena dela!
- Também fiquei, querido. Que situação triste!
- Será que ela tem problemas mentais?
-
Ou talvez seja muito carente. Essa instituição acolhe crianças órfãs. É
possível que ela não tenha pais e isso deve ter mexido com a cabeça
dela. Que dó!
- É mesmo. Ela sofre por não ter pais e nós sofremos por não ter filhos. Que vida mais estranha essa!
Sua
esposa concordou, suspirando ao lembrar que nunca pode ter filhos. Como
seria se ela tivesse uma filha? Uma criança teria alegrado muito a vida
deles.
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Carmem
voltou para casa, deu um jeito de lavar bem o rosto para que ninguém
visse que ela tinha chorado e foi jantar junto com os outros. Depois que
todos fizeram sua magra janta, Rafael chegou perto de Carmem e falou.
- A Cascuda te chamou pra ir lá na casa dela domingo. Parece que ela tem uma coisa importante para te falar.
-
Mesmo? Ai, tomara que domingo chegue logo! – ela falou esperançosa.
Será que Cascuda tinha arrumado uma solução para aquele problema? Quem
sabe ela não encontrou Creuzodete para dar um jeito de desfazer aquele
feitiço?
Pensar assim lhe deixou mais animada. Depois daquela
noite, Carmem finalmente entendeu de que se tratava de um feitiço. Não
tinha outra explicação.
De longe, Cassandra via os dois
conversando e rindo, o que fez seu ciúme aumentar mais ainda. Aquela
loirinha não perdia por esperar!
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Cinderela às avessas - capítulo 13: Para descobrir que a salvação não vem
by
Mally Pepper
on
19:56
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A fic tá muito show!
ResponderExcluirNossa!! Antes, eu pensava que essa Cassandra era desse jeito porque sofria preconceito ou coisa assim da madame. Mas ela é só ciumenta? WHAT?! Mulher maluca... Até agora, eu não vi ela indo falar com o Rafael ~_~... Ela é do tipo "Não rouba o meu namorado imaginário, não, garota!" ?
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