segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Cinderela às Avessas - Capítulo 2: Uma patricinha mimada e arrogante

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Uma Patricinha mimada e arrogante

No dia seguinte, as garotas conversavam no pátio da escola quando Carmem chegou com seu nariz empinado, olhando todas de cima e falou com um ar esnobe.

- Meninas, eu pensei muito no que aconteceu ontem e acho que fui muito dura com vocês.
- Ainda bem que reconhece! – Mônica falou ainda irritada com o comportamento da amiga no dia anterior.
- Pois é, eu sou a generosidade em pessoa, por isso decidi perdoar vocês por toda aquela grosseria.

Vários queixos caíram no chão. Ou aquela garota era muito burra, ou totalmente sem noção.

(Magali) – Você é que foi grossa com a gente!
(Marina) - Isso mesmo, especialmente com a Cascuda!
- Ah, por favor! Eu só falei umas verdades que ela precisava ouvir! Bom, como eu tô de bom humor hoje, vou perdoar todo mundo e deixar que andem comigo! Que tal?
- Pois eu dispenso sua companhia. – Cascuda falou.
- Quem disse que faço questão de você enfeiando meu espaço?
- Primeiro, não existe a palavra “enfeiando”. Segundo, quem polui meu espaço é você com tanta soberba.
- Com tanta o quê? Não fala difícil comigo que eu não gosto!

As duas voltaram a discutir novamente, atraindo a atenção dos rapazes.

- O que tá pegando, Mô? – Cebola quis saber.
- Essas duas resolveram brigar. Mas também, a Carmem tá insuportável hoje!

Elas seguiram trocando ofensas por mais cinco minutos e só pararam quando tocou o sinal e todos tiveram que ir para a sala. Mesmo assim elas continuaram se encarando com hostilidade, pois nenhuma delas pretendia dar o braço a torcer. Pelo visto, aquilo ia bem longe.

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Na sua barraca, Madame Creuzodete arrumava os apetrechos para começar o trabalho daquele dia. Cartas de tarô, bola de cristal, búzios, velas e outros instrumentos que serviam para ler a sorte e prever o futuro. Berenice lhe ajudava limpando cada instrumento e colocando em seu devido lugar. De repente, a bola de cristal começa a piscar várias vezes.

- Madame...
- Eu já vi, Berenice. Parece que tem um trabalho importante para mim! Vejamos.

Ela gesticulou sobre a bola de cristal até aparecer a imagem de uma garota loira com longos cabelos encaracolados. Dava para ver que se tratava de uma criaturinha mimada, egoísta e sem nenhum respeito por ninguém.

- Esses pirralhos mimados... o que a senhora pretende fazer?
- O meu trabalho de sempre. Jogar o anzol e esperar que ela morda a isca.

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Chegando no refeitório da escola, Carmem fez careta ao ver que a fila estava enorme. Droga, ela tinha se atrasado e teria que esperar!

- Vem, Cacá, senão a gente não come nada. – Denise falou indo para o fim da fila junto com as outras garotas.
- Pro fim da fila? Nem! Eu não vou perder meu tempo.
- Vai ficar sem comer?
- Claro que não! Vou me servir muito bem!

Ignorando os protestos dos outros alunos, ela foi até o começo da fila e pegou uma bandeja para escolher seu lanche como se não houvesse mais ninguém no refeitório.

- Ô garota, o final da fila é lá atrás.
- Alguém te pediu alguma opinião, subalterna? Anda, me serve logo que eu não tenho tempo a perder!
- Não mesmo! Se quiser, aguarde sua vez. – a copeira insistiu. Se permitisse aquele comportamento, logo ia acabar perdendo o controle de tudo.
- Por acaso você sabe quem são meus pais? Eles são os mais ricos da cidade, temos muito dinheiro, então trate de me servir logo, senão...

Alguém empurrou Carmem para fora da fila, deixando-a indignada.

- Viu só o que fizeram? Você não vai fazer nada?
- Vou servir quem chegou primeiro e esperou sua vez. Se quiser, vá para o fim da fila.
- Grrr! Você me paga! Meu pai vai te processar!

Ela saiu dali resmundando e foi até suas amigas que estavam relativamente perto do início da fila e tentou entrar na frente da Magali.

- Ei, tá doida?
- Pára de reclamar e abre espaço!
- Você não vai furar fila não, sua folgada! – Mônica falou ameaçadoramente e Carmem ainda insistiu em entrar na frente da Magali.
- Eu faço o que quero, meus pais tem dinheiro!

Mônica perdeu a paciência e a pegou pelo braço fazendo com que saísse dali.

- Não faz não, querida! Sai pra lá que você tá atrapalhando!
- Vocês são umas desalmadas, não tem consideração com ninguém! Bando de monstras sem coração, suas chatas, barangas, mal vestidas...

Elas ignoraram a choradeira da outra, pegaram sua comida e foram se sentar. Carmem acabou saindo da cantina sem comer nada, lamentando a vida cruel e injusta que levava.

- Que ódio, eu nunca consigo o que quero!

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Sobre sua mesa de trabalho estava estendido um grande mapa com as estrelas do firmamento.

- Acha mesmo que a estrela certa irá aparecer para ela?
- Sim, do contrário esse trabalho não faria sentido. Falta apenas essa garota morder a isca.
- E se não acontecer?
- Sempre acontece, Berenice. Sempre acontece. – ela falou enigmática. Nunca tinha falhado antes e aquela não ia ser a primeira vez.

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Perto da hora do jantar, Cascuda foi atender a campainha e deu um grande sorriso para o homem que estava na porta. Ele era alto, cabelos castanhos, quase loiros, e tinha vinte e cinco anos de idade.

- Oi, Rafa, que surpresa!
- E aí? Como vai minha priminha favorita?
- Muito bem! Os seus patrões te deram um tempo?
- Eles viajaram, então resolvi dar uma passadinha aqui. E vim em grande estilo, olha só!

Ele estendeu a mão e mostrou uma luxuosa BMW estacionada em frente a casa.

- Hahaha, quem vê até pensa que você é rico!
- Sonhar de vez em quando não custa nada, né?

Dentro de casa, ele foi saudado por sua tia, que era irmã do seu pai.

- Rafinha, há quanto tempo você não aparece. Nossa, você está tão magrinho! Já sei, não estão te alimentando direito naquela casa, não é?
- Pois é, tia. Por isso vim filar a bóia para me alimentar melhor.
- Seu menino bobo, pode vir quando quiser.

Enquanto a mãe de Cascuda servia o jantar, ela conversava com seu primo.

- Você já conseguiu algum empresário?
- Está difícil. Ser pianista parece não dar muito dinheiro aqui no Brasil.
- Que injustiça! Você toca piano como ninguém! Eles não sabem o que estão perdendo!

Desde cedo Rafael mostrou talento para a música, tendo aprendido a tocar vários instrumentos. Sua especialidade era o piano, que ele tocava com grande maestria. Como nasceu de família pobre, ele fez faculdade de música com muito sacrifício tendo que trabalhar arduamente para poder pagar as mensalidades.

Apesar de muito talentoso, ele não conseguia nada melhor do que tocar em boates e restaurantes para um público indiferente que mal prestava atenção a sua música. Como o restaurante onde ele trabalhava tinha fechado, ele se viu obrigado a conseguir o emprego como chofer numa mansão fina e elegante no bairro das Pitangueiras.

- E os amores, Rafinha, como vão? – Sua tia perguntou quando todos se sentaram a mesa para o jantar.
- Por enquanto nada, tia. A senhora sabe que mulher não gosta de homem pobre! – ele falou em tom de brincadeira.
- O meu namorado vive sem dinheiro e eu amo ele mesmo assim!
- Namorado? Já?
- Que negócio é esse de “Já”? Tenho quase dezesseis anos!
- Depois me apresenta esse cara. Se ele não for gente boa...
- Deixa disso, viu? Meu Casacãozinho é super gente boa.
- Ele bem que podia tomar banho mais vezes! – Seu pai falou se servindo de arroz ao forno.
- Ele toma, pai! Quer dizer... três vezes por semana, mas tá muito melhor que antes.
- Peraí! Que negócio é esse de só três vezes por semana? – Rafael perguntou com os olhos arregalados e a conversa seguiu muito bem humorada.

Antes de o rapaz ir embora, Cascuda lhe pediu.

- E aquele CD com as suas músicas? Como ficou?
- Um amigo meu está editando tudo. Amanhã fica pronto.
- Ai, que bom! Na próxima vez que você vier, traz uma cópia pra mim?
- Vou fazer o seguinte: meus patrões só voltam amanhã a noite, então vai dar pra passar na sua escola e te entregar. Você vai gostar, ficou legal demais!
- Mal posso esperar!

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Na mansão dos Frufrus, Carmem tentava convencer sua mãe a deixá-la ir ao desfile daquele sábado. Devido a um compromisso de última hora, Sra. Frufru não ia poder acompanhar a filha, mas Carmem não queria perder esse desfile de forma alguma.

- Tem certeza de que pode ir sozinha, Carmem?
- Claro, mamy! É só um desfile, não tem nada demais!
- Ainda não sei... – ela hesitou um pouco.
- Ai, por favor! Eu esperei esse desfile o ano inteirinho!
- Só se você prometer que não irá a nenhum outro lugar. E também que vai chegar no máximo às sete horas.
- Sim, eu prometo.
- Está bem, pode ir e divirta-se.
- Obrigada, mamy! Eu te amoooo! – ela falou dando um abraço na sua mãe e correu para seu quarto pensando em qual roupa iria usar. Apesar de ainda ser quinta-feira, ela achou melhor planejar tudo para não ter nenhuma surpresa desagradável de última hora.

- Hum... essas roupas estão bem cafonas, viu? Mal posso esperar pra comprar tudo novinho!

2 comentários:

  1. Nesse capítulo a Carmem parece ser mais metida que até chega ao ponto de passar a frente e furar a fila, eu quero ver ela a pagar por tudo o que ela fez iiiiiiii

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  2. Esse Rafa aí, ele vai ser um elemento importante na história?

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