sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Cinderela às avessas - capítulo 22: E lhe ajuda a conquistar seu príncipe

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E lhe ajuda a conquistar seu príncipe

- Esse bufê é muito caro!
- Mas esse outro é simples demais. Não servem caviar!
- Talvez esse dê certo!

Ele examinou o folheto que sua esposa lhe deu e fez os cálculos. O custo era maior do que eles queriam pagar.

- Acho que não tem jeito, querido! Por mais que me doa dizer isso, teremos que gastar muito dinheiro para dar uma boa festa! Ai que dor!
- Nem me fale! Ter que pagar comida para um monte de gente, isso é uma tragédia! Quem eles pensam que somos? Filantropos?
- Na verdade, eles pensam sim. Mas isso não vem ao caso. Temos que pensar em algum lugar que não queira arrancar nosso couro!

Depois de muito discutir e pesquisar, finalmente Rebeca teve uma idéia.

- E se nossa cozinheira preparasse tudo?
- Seria possível?
- Claro! Ela cozinha maravilhosamente bem!
- Se ela cozinhar, o custo ficaria apenas na compra dos ingredientes! Genial, querida!
- Farei o cardápio e falarei com ela depois. Isso vai reduzir bastante nossos custos!

A próxima decisão era sobre o show que seria dado após o jantar. Precisava ser algo especial para encantar os convidados e assim garantir boas doações.

- Essa será a parte mais difícil! Um bom cantor vai cobrar os olhos da cara, mas não podemos contratar qualquer bandinha. Céus, quanta complicação! – ele falou enxugando o suor da testa.
- E se conseguíssemos uma celebridade que aceite cantar sem cobrar nada?
- Isso cairia do céu! Quem a gente convidaria?

Ela deu um sorriso vitorioso e respondeu.

- Conhece a banda Super Zoom? É o mais recente sucesso! São jovens, bonitos, cantam bem e vão animar bastante a festa!
- Sei quem são. Eles não moram no Rio?
- Mandamos trazê-los e o show fica pelo custo das passagens. Uma pechincha!
- Meu docinho, você é um gênio! Vou ligar para eles sem demora!

Ele correu para o telefone a fim de agendar uma entrevista com empresário da banda. Era uma boa troca. Eles fariam um show beneficente e ganhariam ótima publicidade ajudando uma boa causa. Todos sairiam ganhando.

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Carmem saiu de perto do escritório pensando no que tinha ouvido. Era irônico aqueles dois se mostrarem tão comprometidos com obras de caridade e serem tão perversos com os empregados. Se bem que uma parte da conversa lhe intrigou.

“- Quem eles pensam que somos? Filantropos?
- Na verdade, eles pensam sim.”

Estranho, então eles não eram filantropos? Por que então se preocupavam em fazer aquela festa beneficente? E que instituição era aquela que eles pretendiam ajudar?

- Você terminou rápido o serviço. – Marlene falou quando elas se encontraram na área de serviço.
- Estou pegando o jeito. A Cassandra tá me ensinando umas coisas.
- Vocês duas estão se dando melhor, ainda bem.

Antes de voltar aos seus afazeres, Carmem perguntou.

- Aqui, você conhece aquela instituição chamada Criança Feliz?
- Sim. É a instituição falsa que os patrões usam para arrancar dinheiro das pessoas.
- Quêeeee?  - ela falou um pouco alto e logo abaixou o tom de voz. – Quer dizer que é tudo mentira? Como você sabe?
- Do mesmo jeito que você. Ouvindo.
- Ai meu santo! Eles falam essas coisas assim sem preocupar?
- Para eles, somos invisíveis, não valemos nada e nem temos importância.
- Sabia que era assim não!
- Se você soubesse as coisas que a gente escuta! Conheço outras empregadas e elas contam histórias de arrepiar!

Aquilo sim foi uma surpresa e Carmem ficou pensando nas conversas que as empregadas da sua antiga casa teriam escutado. E ela nunca percebeu nada! Claro, na época ela também achava que aquelas pessoas eram invisíveis e não tinham importância. Quanto engano!

- Mentir pra pegar o dinheiro dos outros não deveria ser crime? Por que vocês nunca denunciaram?
- Porque não temos provas e mesmo que tivéssemos, ainda seria arriscado. Não queremos perder nossos empregos. É uma situação bem complicada.
- É mesmo... – disso ela sabia muito bem porque só tinha aquele trabalho.

Depois do almoço, lá pelas duas da tarde, Carmem ouviu o casal falando alto na sala, muito alegres com o compromisso que tinham para aquela tarde.

- Hahaha, foi um sucesso total! - Sr. Aguiar falava muito satisfeito. – Vamos, querida! Não queremos nos atrasar para esse encontro! É muito importante!
- Não acredito que o empresário deles está em São Paulo! Muito conveniente para nós!
- Dá para acreditar que ele até mandou um carro para vir nos buscar? Ah, se fosse sempre assim poderíamos dispensar o chofer!

Os dois entraram no carro enviado pelo empresário da banda Super Zoom e saíram felizes por ver seu plano dar certo.

Carmem viu o carro se afastando pela janela. Foi muita sorte aqueles dois saírem sem precisar de Rafael. Assim ela poderia colocar seu plano em ação rapidamente. Como não precisava sair, Rafael resolveu ir até seu quarto pegar algumas partituras para treinar no piano da casa que na maior parte do tempo servia apenas como enfeite. Cassandra estava na lavanderia passando roupa e Carmem resolveu colocar o plano em ação.

Como quem não queria nada, ela voltou ao trabalho cantando o mais desafinadamente possível ignorando os protestos de Marlene.

“Midnight, not a sound from the pavement
Has the moon lost her memory, she is smiling alone.
In the lamplight the withered leaves collect at my feet
And the wind begins to moan.”

- Cruz credo, mulher! Que é isso? – Cassandra perguntou estranhando aquela cantoria.
- Ai, é que eu adoro essa música! Não é linda?
- Ouvindo da sua boca, não!

Ela fez um bico e desafiou.

- Nhé, duvido que você faça melhor! Nunca te vi cantar em inglês.

A outra não deixou por menos.

- Ah, é? Então deixa eu te mostrar como é que se faz!

A música cantada pela voz de Cassandra ficou em outro nível, muito acima da barulheira desafinada que Carmem tinha feito pouco antes. Ela cantava com a voz segura, melodiosa e pronunciando bem as palavras. Até Marlene tinha parado o que estava fazendo para ouvir.

-Que lindo! Continua, vai! – Carmem incentivou esperando que Rafael ouvisse.

Dentro do seu quarto, ele ouviu alguém cantando e apurou os ouvidos.

- Nossa! Quem está cantando? – ele saiu correndo e foi até a cozinha, ouvindo tudo sem ser visto. Que voz linda! E como cantava bem!

Quando terminou, foi aplaudida pelas duas e por mais uma pessoa que a fez pular de susto.

- Rafa? Há quanto tempo você estava escutando!
- Há um tempo. Minha nossa, eu não sabia que você cantava tão bem!

Ela ficou com o rosto vermelho e olhou para Carmem que fazia sua melhor cara de inocente. Aquela loirinha tinha armado tudo aquilo?

- Por que eu nunca te ouvi cantar? Você tem uma voz linda!
- Er... eu... quer dizer... – seu rosto ficou mais vermelho ainda.
- Eu adoro essa música, até sei tocar no piano. Por que a gente não tenta? Eu toco e você canta!
- Ah... eu não sei, tenho tanta roupa para lavar e...
- É claro que ela vai!
- Mas... mas...
- Vaaaiiiii! – ela falou empurrando a colega para fora da cozinha. O primeiro passo foi dado. Se Cassandra fizesse tudo direito, ia ganhar o rapaz com certeza.

“Nossa, parece que eu levo jeito pra aproximar casais, viu? Será que eu conseguiria juntar a Mônica com o Cebola? Hahaha!”



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